[Mateus 1]Mateus 1
1. Livro da
genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2. A
Abraão nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a Jacó nasceram Judá e seus
irmãos;
3. a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés nasceu
Esrom; a Esrom nasceu Arão;
4. a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe
nasceu Nasom; a Nasom nasceu Salmom;
5. a Salmom nasceu, de Raabe,
Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé;
6. e a
Jessé nasceu o rei Davi. A Davi nasceu Salomão da que fora mulher de
Urias;
7. a Salomão nasceu Roboão; a Roboão nasceu Abias; a nasceu
Abias nasceu Asafe;
8. a Asafe nasceu Josafá; a Josafá nasceu Jorão; a
Jorão Ozias;
9. a Ozias nasceu Joatão; a Joatão nasceu Acaz; a Acaz
nasceu Ezequias;
10. a Ezequias nasceu Manassés; a Manassés nasceu
Amom; a Amom nasceu Josias;
11. a Josias nasceram Jeconias e seus
irmãos, no tempo da deportação para Babilônia.
12. Depois da
deportação para Babilônia nasceu a Jeconias, Salatiel; a Salatiel nasceu
Zorobabel;
13. a Zorobabel nasceu Abiúde; a Abiúde nasceu Eliaquim; a
Eliaquim nasceu Azor;
14. a Azor nasceu Sadoque; a Sadoque nasceu
Aquim; a Aquim nasceu Eliúde;
15. a Eliúde nasceu Eleazar; a Eleazar
nasceu Matã; a Matã nasceu Jacó;
16. e a Jacó nasceu José, marido de
Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo.
17. De sorte que
todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até
a deportação para Babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para
Babilônia até o Cristo, catorze gerações.
18. Ora, o nascimento de
Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se
ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo.
19. E como
José, seu esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la
secretamente.
20. E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe
apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a
Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;
21.
ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo
dos seus pecados.
22. Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o
que fora dito da parte do Senhor pelo profeta:
23. Eis que a virgem
conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é:
Deus conosco.
24. E José, tendo despertado do sono, fez como o anjo do
Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher;
25. e não a conheceu
enquanto ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de JESUS.
[Mateus
2]Mateus 2
1. Tendo, pois, nascido
Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a
Jerusalém uns magos que perguntavam:
2. Onde está aquele que é nascido
rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos
adorá-lo.
3. O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda
a Jerusalém;
4. e, reunindo todos os principais sacerdotes e os
escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo.
5.
Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo
profeta:
6. E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor
entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de
apascentar o meu povo de Israel.
7. Então Herodes chamou secretamente
os magos, e deles inquiriu com precisão acerca do tempo em que a estrela
aparecera;
8. e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide, e perguntai
diligentemente pelo menino; e, quando o achardes, participai-mo, para que também
eu vá e o adore.
9. Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram; e eis
que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adiante deles, até que,
chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
10. Ao verem
eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria.
11. E entrando na
casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo
os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.
12.
Ora, sendo por divina revelação avisados em sonhos para não voltarem a Herodes,
regressaram à sua terra por outro caminho.
13. E, havendo eles se
retirado, eis que um anjo do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo:
Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te
fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
14.
Levantou-se, pois, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o
Egito.
15. e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o
que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu
Filho.
16. Então Herodes, vendo que fora iludido pelos magos, irou-se
grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em
Belém, e em todos os seus arredores, segundo o tempo que com precisão inquirira
dos magos.
17. Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta
Jeremias:
18. Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande pranto:
Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não
existem.
19. Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor
apareceu em sonho a José no Egito,
20. dizendo: Levanta-te, toma o
menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que
procuravam a morte do menino.
21. Então ele se levantou, tomou o
menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
22. Ouvindo, porém, que
Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas
avisado em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões da
Galiléia,
23. e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para que se
cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado
nazareno.
[Mateus 3]Mateus 3
1.
Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da
Judéia,
2. dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos
céus.
3. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Voz
do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas.
4. Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto
de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel
silvestre.
5. Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judéia,
e de toda a circunvizinhança do Jordão,
6. e eram por ele batizados no
rio Jordão, confessando os seus pecados.
7. Mas, vendo ele muitos dos
fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras,
quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?
8. Produzi, pois, frutos
dignos de arrependimento,
9. e não queirais dizer dentro de vós
mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus
pode suscitar filhos a Abraão.
10. E já está posto o machado á raiz
das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no
fogo.
11. Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do
arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem
sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em
fogo.
12. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá
o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo
inextinguível.
13. Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do
Jordão, para ser batizado por ele.
14. Mas João o impedia, dizendo: Eu
é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
15. Jesus, porém,
lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça.
Então ele consentiu.
16. Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e
eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma
pomba e vindo sobre ele;
17. e eis que uma voz dos céus dizia: Este é
o meu Filho amado, em quem me comprazo.
[Mateus 4]Mateus
4
1. Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo Diabo.
2. E, tendo jejuado quarenta
dias e quarenta noites, depois teve fome.
3. Chegando, então, o
tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em
pães.
4. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o
homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
5. Então o Diabo o
levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo,
6. e
disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito:
Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para
que nunca tropeces em alguma pedra.
7. Replicou-lhe Jesus: Também está
escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
8. Novamente o Diabo o levou
a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória
deles;
9. e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me
adorares.
10. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está
escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
11. Então o
Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
12. Ora,
ouvindo Jesus que João fora entregue, retirou-se para a Galiléia;
13.
e, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de
Zabulom e Naftali;
14. para que se cumprisse o que fora dito pelo
profeta Isaías:
15. A terra de Zabulom e a terra de Naftali, o caminho
do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios,
16. o povo que estava
sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da
sombra da morte, a estes a luz raiou.
17. Desde então começou Jesus a
pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos
céus.
18. E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois
irmãos-Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar,
porque eram pescadores.
19. Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens.
20. Eles, pois, deixando imediatamente as redes,
o seguiram.
21. E, passando mais adiante, viu outros dois
irmãos-Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu,
consertando as redes; e os chamou.
22. Estes, deixando imediatamente o
barco e seu pai, seguiram-no.
23. E percorria Jesus toda a Galiléia,
ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando todas as
doenças e enfermidades entre o povo.
24. Assim a sua fama correu por
toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias
doenças e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os
curou.
25. De sorte que o seguiam grandes multidões da Galiléia, de
Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão.
[Mateus 5]Mateus 5
1. Jesus, pois, vendo as multidões,
subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus
discípulos,
2. e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
3.
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos
céus.
4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão
consolados.
5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a
terra.
6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque
eles serão fartos.
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles
alcançarão misericórdia.
8. Bem-aventurados os limpos de coração,
porque eles verão a Deus.
9. Bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus.
10. Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo,
disserem todo mal contra vós por minha causa.
12. Alegrai-vos e
exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos
profetas que foram antes de vós.
13. Vós sois o sal da terra; mas se o
sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais
presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.
14.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um
monte;
15. nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do
alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na
casa.
16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos
céus.
17. Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim
destruir, mas cumprir.
18. Porque em verdade vos digo que, até que o
céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até
que tudo seja cumprido.
19. Qualquer, pois, que violar um destes
mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o
menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado
grande no reino dos céus.
20. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça
não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos
céus.
21. Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem
matar será réu de juízo.
22. Eu, porém, vos digo que todo aquele que
se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão:
Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do
inferno.
23. Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no
altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra
ti,
24. deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te
primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.
25.
Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele;
para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na
prisão.
26. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali
enquanto não pagares o último ceitil.
27. Ouvistes que foi dito: Não
adulterarás.
28. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para
uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com
ela.
29. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de
ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu
corpo lançado no inferno.
30. E, se a tua mão direita te faz tropeçar,
corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do
que vá todo o teu corpo para o inferno.
31. Também foi dito: Quem
repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32. Eu, porém, vos digo
que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a
faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.
33.
Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás
para com o Senhor os teus juramentos.
34. Eu, porém, vos digo que de
maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35.
nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a
cidade do grande Rei;
36. nem jures pela tua cabeça, porque não podes
tornar um só cabelo branco ou preto.
37. Seja, porém, o vosso falar:
Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.
38. Ouvistes
que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
39. Eu, porém, vos
digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra;
40. e ao que quiser pleitear
contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
41. e, se
qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil.
42.
Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe
emprestes.
43. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás
ao teu inimigo.
44. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e
orai pelos que vos perseguem;
45. para que vos torneis filhos do vosso
Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz
chover sobre justos e injustos.
46. Pois, se amardes aos que vos amam,
que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
47. E,
se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios
também o mesmo?
48. Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso
Pai celestial.
[Mateus 6]Mateus
6
1. Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante
dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa
junto de vosso Pai, que está nos céus.
2. Quando, pois, deres esmola,
não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e
nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já
receberam a sua recompensa.
3. Mas, quando tu deres esmola, não saiba
a tua mão esquerda o que faz a direita;
4. para que a tua esmola fique
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
5. E,
quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas
sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade
vos digo que já receberam a sua recompensa.
6. Mas tu, quando orares,
entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e
teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
7. E, orando, não useis
de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão
ouvidos.
8. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o
que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
9. Portanto, orai vós
deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu
nome;
10. venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra
como no céu;
11. o pão nosso de cada dia nos dá hoje;
12. e
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos
devedores;
13. e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do
mal. Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre,
Amém.
14. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
15. se, porém, não perdoardes
aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.
16. Quando
jejuardes, não vos mostreis contristrados como os hipócritas; porque eles
desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em
verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
17. Tu, porém,
quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
18. para não
mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu
Pai, que vê em secreto, te recompensará.
19. Não ajunteis para vós
tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões
minam e roubam;
20. mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a
traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem
roubam.
21. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu
coração.
22. A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus
olhos forem bons, todo teu corpo terá luz;
23. se, porém, os teus
olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há
são trevas, quão grandes são tais trevas!
24. Ninguém pode servir a
dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a
um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
25.
Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de
comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis
de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o
vestuário?
26. Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam,
nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito
mais do que elas?
27. Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja,
pode acrescentar um côvado à sua estatura?
28. E pelo que haveis de
vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem;
não trabalham nem fiam;
29. contudo vos digo que nem mesmo Salomão em
toda a sua glória se vestiu como um deles.
30. Pois, se Deus assim
veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais
a vós, homens de pouca fé?
31. Portanto, não vos inquieteis, dizendo:
Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de
vestir?
32. (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque
vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
33. Mas buscai
primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas.
34. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã;
porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu
mal.
[Mateus 7]Mateus 7
1. Não
julgueis, para que não sejais julgados.
2. Porque com o juízo com que
julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a
vós.
3. E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas
na trave que está no teu olho?
4. Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me
tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
5.
Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o
argueiro do olho do teu irmão.
6. Não deis aos cães o que é santo, nem
lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés
e, voltando-se, vos despedacem.
7. Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e
achareis; batei e abrir-se-vos-á.
8. Pois todo o que pede, recebe; e
quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
9. Ou qual dentre vós
é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
10. Ou,
se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
11. Se vós, pois, sendo
maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está
nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?
12. Portanto, tudo o
que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque
esta é a lei e os profetas.
13. Entrai pela porta estreita; porque
larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que
entram por ela;
14. e porque estreita é a porta, e apertado o caminho
que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.
15. Guardai-vos
dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são
lobos devoradores.
16. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se,
porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
17. Assim,
toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos
maus.
18. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má
dar frutos bons.
19. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e
lançada no fogo.
20. Portanto, pelos seus frutos os
conhecereis.
21. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no
reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus.
22. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu
nome não fizemos muitos milagres?
23. Então lhes direi claramente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniquidade.
24. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as
põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a
rocha.
25. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os
ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava
fundada sobre a rocha.
26. Mas todo aquele que ouve estas minhas
palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que
edificou a sua casa sobre a areia.
27. E desceu a chuva, correram as
torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela
caiu; e grande foi a sua queda.
28. Ao concluir Jesus este discurso,
as multidões se maravilhavam da sua doutrina;
29. porque as ensinava
como tendo autoridade, e não como os escribas.
[Mateus 8]Mateus 8
1. Quando Jesus desceu do monte,
grandes multidões o seguiam.
2. E eis que veio um leproso e o adorava,
dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
3. Jesus, pois,
estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou
purificado da sua lepra.
4. Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes
isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés
determinou, para lhes servir de testemunho.
5. Tendo Jesus entrado em
Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe rogava, dizendo:
6.
Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e horrivelmente
atormentado.
7. Respondeu-lhe Jesus: Eu irei, e o
curarei.
8. O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de
que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado
há de sarar.
9. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho
soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele
vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
10. Jesus, ouvindo isso,
admirou-se, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que a ninguém
encontrei em Israel com tamanha fé.
11. Também vos digo que muitos
virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e
Jacó, no reino dos céus;
12. mas os filhos do reino serão lançados nas
trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
13. Então
disse Jesus ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela
mesma hora o seu criado sarou.
14. Ora, tendo Jesus entrado na casa de
Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre.
15. E tocou-lhe a mão,
e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia.
16. Caída a
tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os
espíritos, e curou todos os enfermos;
17. para que se cumprisse o que
fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e
levou as nossas doenças.
18. Vendo Jesus uma multidão ao redor de si,
deu ordem de partir para o outro lado do mar.
19. E, aproximando-se um
escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.
20.
Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o
Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
21. E outro de seus
discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu
pai.
22. Jesus, porém, respondeu-lhe: Segue-me, e deixa os mortos
sepultar os seus próprios mortos.
23. E, entrando ele no barco, seus
discípulos o seguiram.
24. E eis que se levantou no mar tão grande
tempestade que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava
dormindo.
25. Os discípulos, pois, aproximando-se, o despertaram,
dizendo: Salva-nos, Senhor, que estamos perecendo.
26. Ele lhes
respondeu: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se repreendeu
os ventos e o mar, e seguiu-se grande bonança.
27. E aqueles homens se
maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe
obedecem?
28. Tendo ele chegado ao outro lado, à terra dos gadarenos,
saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes
eram que ninguém podia passar por aquele caminho.
29. E eis que
gritaram, dizendo: Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui
atormentar-nos antes do tempo?
30. Ora, a alguma distância deles,
andava pastando uma grande manada de porcos.
31. E os demônios
rogavam-lhe, dizendo: Se nos expulsas, manda-nos entrar naquela manada de
porcos.
32. Disse-lhes Jesus: Ide. Então saíram, e entraram nos
porcos; e eis que toda a manada se precipitou pelo despenhadeiro no mar,
perecendo nas águas.
33. Os pastores fugiram e, chegando à cidade,
divulgaram todas estas coisas, e o que acontecera aos
endemoninhados.
34. E eis que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus;
e vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.
[Mateus 9]Mateus 9
1. E entrando Jesus num barco,
passou para o outro lado, e chegou à sua própria cidade.
2. E eis que
lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé,
disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os teus
pecados.
3. E alguns dos escribas disseram consigo: Este homem
blasfema.
4. Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que
pensais o mal em vossos corações?
5. Pois qual é mais fácil? dizer:
Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?
6. Ora,
para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar
pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma o teu leito, e vai para
tua casa.
7. E este, levantando-se, foi para sua casa.
8. E
as multidões, vendo isso, temeram, e glorificaram a Deus, que dera tal
autoridade aos homens.
9. Partindo Jesus dali, viu sentado na
coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se,
o seguiu.
10. Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos
publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus
discípulos.
11. E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos:
Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
12. Jesus,
porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os
enfermos.
13. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia
quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas
pecadores.
14. Então vieram ter com ele os discípulos de João,
perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos
não jejuam?
15. Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes
os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em
que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar.
16. Ninguém põe
remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira parte do
vestido, e faz-se maior a rotura.
17. Nem se deita vinho novo em odres
velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os odres se perdem; mas
deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
18.
Enquanto ainda lhes dizia essas coisas, eis que chegou um chefe da sinagoga e o
adorou, dizendo: Minha filha acaba de falecer; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e
ela viverá.
19. Levantou-se, pois, Jesus, e o foi seguindo, ele e os
seus discípulos.
20. E eis que certa mulher, que havia doze anos
padecia de uma hemorragia, chegou por detrás dele e tocou-lhe a orla do
manto;
21. porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar-lhe o manto,
ficarei sã.
22. Mas Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo,
filha, a tua fé te salvou. E desde aquela hora a mulher ficou sã.
23.
Quando Jesus chegou à casa daquele chefe, e viu os tocadores de flauta e a
multidão em alvoroço,
24. disse; Retirai-vos; porque a menina não está
morta, mas dorme. E riam-se dele.
25. Tendo-se feito sair o povo,
entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou.
26. E
espalhou-se a notícia disso por toda aquela terra.
27. Partindo Jesus
dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho
de Davi.
28. E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram
dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam-lhe
eles: Sim, Senhor.
29. Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos
feito segundo a vossa fé.
30. E os olhos se lhes abriram. Jesus
ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba.
31.
Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela
terra.
32. Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem
mudo e endemoninhado.
33. E, expulso o demônio, falou o mudo e as
multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
34. Os
fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os
demônios.
35. E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando
nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e
enfermidades.
36. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque
andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor.
37.
Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os
trabalhadores são poucos.
38. Rogai, pois, ao Senhor da seara que
mande trabalhadores para a sua seara.
[Mateus 10]Mateus
10
1. E, chamando a si os seus doze discípulos,
deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem
toda sorte de doenças e enfermidades.
2. Ora, os nomes dos doze
apóstolos são estes: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago,
filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
3. Felipe e Bartolomeu; Tomé e
Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;
4. Simão Cananeu,
e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
5. A estes doze enviou Jesus,
e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de
samaritanos;
6. mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de
Israel;
7. e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos
céus.
8. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos,
expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
9. Não vos
provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos;
10.
nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de
bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.
11. Em qualquer
cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e
hospedai-vos aí até que vos retireis.
12. E, ao entrardes na casa,
saudai-a;
13. se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas,
se não for digna, torne para vós a vossa paz.
14. E, se ninguém vos
receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade,
sacudi o pó dos vossos pés.
15. Em verdade vos digo que, no dia do
juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela
cidade.
16. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto,
sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
17.
Acautelai-vos dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos
açoitarão nas suas sinagogas;
18. e por minha causa sereis levados à
presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e
aos gentios.
19. Mas, quando vos entregarem, não cuideis de como, ou o
que haveis de falar; porque naquela hora vos será dado o que haveis de
dizer.
20. Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai
é que fala em vós.
21. Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um
pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os
matarão.
22. E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas
aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
23. Quando, porém,
vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não
acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que venha o Filho do
homem.
24. Não é o discípulo mais do que o seu mestre, nem o servo
mais do que o seu senhor.
25. Basta ao discípulo ser como seu mestre,
e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos
seus domésticos?
26. Portanto, não os temais; porque nada há encoberto
que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser
conhecido.
27. O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que
escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o.
28. E não temais os que
matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer
perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
29. Não se vendem dois
passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso
Pai.
30. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos
contados.
31. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos
passarinhos.
32. Portanto, todo aquele que me confessar diante dos
homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus.
33. Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o
negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
34. Não penseis que vim
trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
35. Porque eu vim
pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra
sua sogra;
36. e assim os inimigos do homem serão os da sua própria
casa.
37. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de
mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de
mim.
38. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno
de mim.
39. Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida
por amor de mim achá-la-á.
40. Quem vos recebe, a mim me recebe; e
quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
41. Quem recebe um
profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe
um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.
42. E
aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na
qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua
recompensa.
[Mateus 11]Mateus
11
1. Tendo acabado Jesus de dar instruções aos seus
doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades da
região.
2. Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do
Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe:
3. És tu aquele
que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
4. Respondeu-lhes
Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes:
5. os cegos
vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os
mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
6. E
bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim.
7. Ao partirem
eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver
no deserto? um caniço agitado pelo vento?
8. Mas que saístes a ver? um
homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas
estão nas casas dos reis.
9. Mas por que saístes? para ver um profeta?
Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
10. Este é aquele de quem
está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de
preparar adiante de ti o teu caminho.
11. Em verdade vos digo que,
entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas
aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
12. E desde
os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os
violentos o tomam de assalto.
13. Pois todos os profetas e a lei
profetizaram até João.
14. E, se quereis dar crédito, é este o Elias
que havia de vir.
15. Quem tem ouvidos, ouça.
16. Mas, a
quem compararei esta geração? É semelhante aos meninos que, sentados nas praças,
clamam aos seus companheiros:
17. Tocamo-vos flauta, e não dançastes;
cantamos lamentações, e não pranteastes.
18. Porquanto veio João, não
comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
19. Veio o Filho do homem,
comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de
publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas
obras.
20. Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se
operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido,
dizendo:
21. Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro
e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito
elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.
22. Contudo, eu vos
digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para
vós.
23. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o
inferno descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti
se operaram, teria ela permanecido até hoje.
24. Contudo, eu vos digo
que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para
ti.
25. Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos,
e as revelaste aos pequeninos.
26. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu
agrado.
27. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém
conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai,
senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28. Vinde a
mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
29.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para as vossas almas.
30. Porque o meu
jugo é suave, e o meu fardo e leve.
[Mateus 12]Mateus
12
1. Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia
de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a
comer.
2. Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus
discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado.
3. Ele,
porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus
companheiros?
4. Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os
pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas
somente aos sacerdotes?
5. Ou não lestes na lei que, aos sábados, os
sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?
6. Digo-vos,
porém, que aqui está o que é maior do que o templo.
7. Mas, se vós
soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não
condenaríeis os inocentes.
8. Porque o Filho do homem até do sábado é
o Senhor.
9. Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga
deles.
10. E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos
atrofiadas; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É
lícito curar nos sábados?
11. E ele lhes disse: Qual dentre vós será o
homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de
lançar mão dela, e tirá-la?
12. Ora, quanto mais vale um homem do que
uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados.
13. Então disse
àquele homem: estende a tua mão. E ele a estendeu, e lhe foi restituída sã como
a outra.
14. Os fariseus, porém, saindo dali, tomaram conselho contra
ele, para o matarem.
15. Jesus, percebendo isso, retirou-se dali.
Acompanharam-no muitos; e ele curou a todos,
16. e advertiu-lhes que
não o dessem a conhecer;
17. para que se cumprisse o que foi dito pelo
profeta Isaías:
18. Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado em
quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu espírito, e ele anunciará
aos gentios o juízo.
19. Não contenderá, nem clamará, nem se ouvirá
pelas ruas a sua voz.
20. Não esmagará a cana quebrada, e não apagará
o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo;
21. e no seu nome
os gentios esperarão.
22. Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e
mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via.
23. E toda a
multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de Davi?
24.
Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demônios senão por
Belzebu, príncipe dos demônios.
25. Jesus, porém, conhecendo-lhes os
pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda
cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.
26. Ora, se
Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois,
o seus reino?
27. E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem
os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos
juízes.
28. Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os
demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
29. Ou, como pode
alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar
o valente? e então lhe saquear a casa.
30. Quem não é comigo é contra
mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
31. Portanto vos digo: Todo
pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não
será perdoada.
32. Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do
homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não
lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.
33. Ou fazei a
árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque
pelo fruto se conhece a árvore.
34. Raça de víboras! como podeis vós
falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso
fala a boca.
35. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o
homem mau do mau tesouro tira coisas más.
36. Digo-vos, pois, que de
toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do
juízo.
37. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas
palavras serás condenado.
38. Então alguns dos escribas e dos
fariseus, tomando a palavra, disseram: Mestre, queremos ver da tua parte algum
sinal.
39. Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um
sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas;
40. pois,
como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim
estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.
41.
Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se
arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que
Jonas.
42. A rainha do sul se levantará no juízo com esta geração, e a
condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E
eis aqui quem é maior do que Salomão.
43. Ora, havendo o espírito
imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o
encontra.
44. Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E,
chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
45. Então vai e leva
consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entretanto, habitam ali; e o
último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro. Assim há de
acontecer também a esta geração perversa.
46. Enquanto ele ainda
falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando
falar-lhe.
47. Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus
irmãos, e procuram falar contigo.
48. Ele, porém, respondeu ao que lhe
falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?
49. E, estendendo a
mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus
irmãos.
50. Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos
céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
[Mateus 13]Mateus
13
1. No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa,
sentou-se à beira do mar;
2. e reuniram-se a ele grandes multidões, de
modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na
praia.
3. E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o
semeador saiu a semear.
4. e quando semeava, uma parte da semente caiu
à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.
5. E outra parte caiu
em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não
tinha terra profunda;
6. mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter
raiz, secou-se.
7. E outra caiu entre espinhos; e os espinhos
cresceram e a sufocaram.
8. Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto,
um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.
9. Quem tem
ouvidos, ouça.
10. E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe:
Por que lhes falas por parábolas?
11. Respondeu-lhes Jesus: Porque a
vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é
dado;
12. pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao
que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
13. Por isso lhes
falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem
entendem.
14. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz:
Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de
maneira alguma percebereis.
15. Porque o coração deste povo se
endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que
não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração,
nem se convertam, e eu os cure.
16. Mas bem-aventurados os vossos
olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
17. Pois, em
verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o
viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
18. Ouvi, pois, vós a
parábola do semeador.
19. A todo o que ouve a palavra do reino e não a
entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que
foi semeado à beira do caminho.
20. E o que foi semeado nos lugares
pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com
alegria;
21. mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e
sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se
escandaliza.
22. E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que
ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a
palavra, e ela fica infrutífera.
23. Mas o que foi semeado em boa
terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem,
outro sessenta, e outro trinta.
24. Propôs-lhes outra parábola,
dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu
campo;
25. mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele,
semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.
26. Quando, porém, a erva
cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio.
27.
Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste
no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio?
28. Respondeu-lhes:
Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos
arrancá-lo?
29. Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio,
não arranqueis com ele também o trigo.
30. Deixai crescer ambos juntos
até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o
joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu
celeiro.
31. Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é
semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu
campo;
32. o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas,
depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que
vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.
33. Outra parábola
lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e
misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
34.
Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábolas, e sem parábolas nada
lhes falava;
35. para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta:
Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do
mundo.
36. Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E
chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do
campo.
37. E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o
Filho do homem;
38. o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do
reino; o joio são os filhos do maligno;
39. o inimigo que o semeou é o
Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos.
40. Pois
assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do
mundo.
41. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do
seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a
iniquidade,
42. e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e
ranger de dentes.
43. Então os justos resplandecerão como o sol, no
reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.
44. O reino dos céus é
semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobrí-lo,
esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele
campo.
45. Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante
que buscava boas pérolas;
46. e encontrando uma pérola de grande
valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou.
47. Igualmente, o
reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda
espécie de peixes.
48. E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e,
sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram
fora.
49. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os
maus dentre os justos,
50. e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali
haverá choro e ranger de dentes.
51. Entendestes todas estas coisas?
Disseram-lhe eles: Entendemos.
52. E disse-lhes: Por isso, todo
escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem,
proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.
53. E
Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.
54. E,
chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se
maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes
milagrosos?
55. Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua
mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
56. E não estão
entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
57. E
escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra
senão na sua terra e na sua própria casa.
58. E não fez ali muitos
milagres, por causa da incredulidade deles.
[Mateus 14]Mateus 14
1. Naquele tempo Herodes, o
tetrarca, ouviu a fama de Jesus,
2. e disse aos seus cortesãos: Este é
João, o Batista; ele ressuscitou dentre os mortos, e por isso estes poderes
milagrosos operam nele.
3. Pois Herodes havia prendido a João, e,
maniatando-o, o guardara no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão
Felipe;
4. porque João lhe dizia: Não te é lícito
possuí-la.
5. E queria matá-lo, mas temia o povo; porque o tinham como
profeta.
6. Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha
de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes,
7. pelo
que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse.
8. E
instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o
Batista.
9. Entristeceu-se, então, o rei; mas, por causa do juramento,
e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse,
10. e
mandou degolar a João no cárcere;
11. e a cabeça foi trazida num
prato, e dada à jovem, e ela a levou para a sua mãe.
12. Então vieram
os seus discípulos, levaram o corpo e o sepultaram; e foram anunciá-lo a
Jesus.
13. Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um,
lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no a pé desde
as cidades.
14. E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e,
compadecendo-se dela, curou os seus enfermos.
15. Chegada a tarde,
aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já
passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que
comer.
16. Jesus, porém, lhes disse: Não precisam ir embora; dai-lhes
vós de comer.
17. Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco
pães e dois peixes.
18. E ele disse: trazei-mos aqui.
19.
Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães
e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães,
deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões.
20. Todos comeram
e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos
cheios.
21. Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além
de mulheres e crianças.
22. Logo em seguida obrigou os seus discípulos
a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele
despedia as multidões.
23. Tendo-as despedido, subiu ao monte para
orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.
24. Entrementes, o
barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento
era contrário.
25. À quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles,
andando sobre o mar.
26. Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre
o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de
medo.
27. Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende
ânimo; sou eu; não temais.
28. Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu,
manda-me ir ter contigo sobre as águas.
29. Disse-lhe ele: Vem. Pedro,
descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de
Jesus.
30. Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir,
clamou: Senhor, salva-me.
31. Imediatamente estendeu Jesus a mão,
segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
32. E
logo que subiram para o barco, o vento cessou.
33. Então os que
estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de
Deus.
34. Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em
Genezaré.
35. Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram
por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os
enfermos;
36. e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu
manto; e todos os que a tocaram ficaram curados.
[Mateus 15]Mateus 15
1. Então chegaram a Jesus uns
fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram:
2. Por que
transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos,
quando comem.
3. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que
transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
4. Pois
Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua
mãe, certamente morrerá.
5. Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu
pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de
modo algum terá de honrar a seu pai.
6. E assim por causa da vossa
tradição invalidastes a palavra de Deus.
7. Hipócritas! bem profetizou
Isaias a vosso respeito, dizendo:
8. Este povo honra-me com os lábios;
o seu coração, porém, está longe de mim.
9. Mas em vão me adoram,
ensinando doutrinas que são preceitos de homem.
10. E, clamando a si a
multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:
11. Não é o que entra pela
boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o
contamina.
12. Então os discípulos, aproximando-se dele,
perguntaram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se
escandalizaram?
13. Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai
celestial não plantou será arrancada.
14. Deixai-os; são guias cegos;
ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.
15. E
Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
16.
Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender?
17. Não
compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre, e é lançado
fora?
18. Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que
contamina o homem.
19. Porque do coração procedem os maus pensamentos,
homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e
blasfêmias.
20. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o
comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.
21. Ora, partindo Jesus
dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sidom.
22. E eis que uma
mulher cananéia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de
Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente
endemoninhada.
23. Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se,
pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem
clamando atrás de nós.
24. Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão
às ovelhas perdidas da casa de Israel.
25. Então veio ela e,
adorando-o, disse: Senhor, socorre-me.
26. Ele, porém, respondeu: Não
é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.
27. Ao que
ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da
mesa dos seus donos.
28. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: ó mulher,
grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha
ficou sã.
29. Partindo Jesus dali, chegou ao pé do mar da Galiléia; e,
subindo ao monte, sentou-se ali.
30. E vieram a ele grandes multidões,
trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e outros muitos, e lhos puseram
aos pés; e ele os curou;
31. de modo que a multidão se admirou, vendo
mudos a falar, aleijados a ficar sãos, coxos a andar, cegos a ver; e
glorificaram ao Deus de Israel.
32. Jesus chamou os seus discípulos, e
disse: Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão
comigo, e não têm o que comer; e não quero despedi-los em jejum, para que não
desfaleçam no caminho.
33. Disseram-lhe os discípulos: Donde nos
viriam num deserto tantos pães, para fartar tamanha multidão?
34.
Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? E responderam: Sete, e alguns
peixinhos.
35. E tendo ele ordenado ao povo que se sentasse no
chão,
36. tomou os sete pães e os peixes, e havendo dado graças,
partiu-os, e os entregava aos discípulos, e os discípulos á
multidão.
37. Assim todos comeram, e se fartaram; e do que sobejou dos
pedaços levantaram sete alcofas cheias.
38. Ora, os que tinham comido
eram quatro mil homens além de mulheres e crianças.
39. E havendo
Jesus despedido a multidão, entrou no barco, e foi para os confins de
Magadã.
[Mateus 16]Mateus 16
1.
Então chegaram a ele os fariseus e os saduceus e, para o experimentarem,
pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.
2. Mas ele
respondeu, e disse-lhes: Ao cair da tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o
céu está rubro.
3. E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu
está de um vermelho sombrio. Ora, sabeis discernir o aspecto do céu, e não
podeis discernir os sinais dos tempos?
4. Uma geração má e adúltera
pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os,
retirou-se.
5. Quando os discípulos passaram para o outro lado,
esqueceram-se de levar pão.
6. E Jesus lhes disse: Olhai, e
acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
7. Pelo que
eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão.
8. E
Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós por não terdes pão,
homens de pouca fé?
9. Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos
cinco pães para os cinco mil, e de quantos cestos levantastes?
10. Nem
dos sete pães para os quatro mil, e de quantas alcofas
levantastes?
11. Como não compreendeis que não nos falei a respeito de
pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
12.
Então entenderam que não dissera que se guardassem, do fermento dos pães, mas da
doutrina dos fariseus e dos saduceus.
13. Tendo Jesus chegado às
regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem
dizem os homens ser o Filho do homem?
14. Responderam eles: Uns dizem
que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos
profetas.
15. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu
sou?
16. Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo.
17. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos
céus.
18. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela;
19. dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois,
na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos
céus.
20. Então ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que ele
era o Cristo.
21. Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus
discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas
coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto,
e que ao terceiro dia ressuscitasse.
22. E Pedro, tomando-o à parte,
começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de
modo nenhum te acontecerá.
23. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro:
Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando
nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.
24. Então
disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;
25. pois, quem quiser salvar a sua
vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim,
achá-la-á.
26. Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e
perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?
27.
Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e
então retribuirá a cada um segundo as suas obras.
28. Em verdade vos
digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam
vir o Filho do homem no seu reino.
[Mateus 17]Mateus
17
1. Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a
Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte;
2.
e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas
vestes tornaram-se brancas como a luz.
3. E eis que lhes apareceram
Moisés e Elias, falando com ele.
4. Pedro, tomando a palavra, disse a
Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para
ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
5. Estando ele ainda a
falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este
é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.
6. Os
discípulos, ouvindo isso, cairam com o rosto em terra, e ficaram grandemente
atemorizados.
7. Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse:
Levantai-vos e não temais.
8. E, erguendo eles os olhos, não viram a
ninguém senão a Jesus somente.
9. Enquanto desciam do monte, Jesus
lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja levantado
dentre os mortos.
10. Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem
então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
11.
Respondeu ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as
coisas;
12. digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram;
mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer
às mãos deles.
13. Então entenderam os discípulos que lhes falava a
respeito de João, o Batista.
14. Quando chegaram à multidão,
aproximou-se de Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele,
disse:
15. Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é epiléptico e
sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na
água.
16. Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam
curar.
17. E Jesus, respondendo, disse: ó geração incrédula e
perversa! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei? Trazei-mo
aqui.
18. Então Jesus repreendeu ao demônio, o qual saiu de menino,
que desde aquela hora ficou curado.
19. Depois os discípulos,
aproximando-se de Jesus em particular, perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós
expulsá-lo?
20. Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em
verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este
monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será
impossível.
21. mas esta casta de demônios não se expulsa senão à
força de oração e de jejum.
22. Ora, achando-se eles na Galiléia,
disse-lhes Jesus: O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos
homens;
23. e matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressurgirá. E eles se
entristeceram grandemente.
24. Tendo eles chegado a Cafarnaum,
aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso
mestre não paga as didracmas?
25. Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em
casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram
os reis da terra imposto ou tributo? dos seus filhos, ou dos
alheios?
26. Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo,
são isentos os filhos.
27. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao
mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca,
encontrarás um estáter; toma-o, e dá-lho por mim e por ti.
[Mateus
18]Mateus 18
1. Naquela hora
chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos
céus?
2. Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio
deles,
3. e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e
não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos
céus.
4. Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o
maior no reino dos céus.
5. E qualquer que receber em meu nome uma
criança tal como esta, a mim me recebe.
6. Mas qualquer que fizer
tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe
pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do
mar.
7. Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que
venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier!
8. Se, pois, a tua
mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na
vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo
eterno.
9. E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de
ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser
lançado no inferno de fogo.
10. Vede, não desprezeis a nenhum destes
pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu
Pai, que está nos céus.
11. Porque o Filho do homem veio salvar o que
se havia perdido.
12. Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e
uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar
a que se extraviou?
13. E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo
que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se
extraviaram.
14. Assim também não é da vontade de vosso Pai que está
nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos.
15. Ora, se teu
irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu
irmão;
16. mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para
que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja
confirmada.
17. Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também
recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.
18. Em
verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo
quanto desligardes na terra será desligado no céu.
19. Ainda vos digo
mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem,
isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
20. Pois onde se
acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles.
21. Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor,
até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até
sete?
22. Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até
setenta vezes sete.
23. Por isso o reino dos céus é comparado a um rei
que quis tomar contas a seus servos;
24. e, tendo começado a tomá-las,
foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
25. mas não
tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua
mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a
dívida.
26. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava,
dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei.
27. O
senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a
dívida.
28. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus
conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga
o que me deves.
29. Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés,
rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
30. Ele,
porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a
dívida.
31. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera,
contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu
senhor.
32. Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe:
Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me
suplicaste;
33. não devias tu também ter compaixão do teu companheiro,
assim como eu tive compaixão de ti?
34. E, indignado, o seu senhor o
entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
35. Assim
vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu
irmão.
[Mateus 19]Mateus 19
1.
Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia, e foi para os confins
da Judéia, além do Jordão;
2. e seguiram-no grandes multidões, e
curou-os ali.
3. Aproximaram-se dele alguns fariseus que o
experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer
motivo?
4. Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez
desde o princípio homem e mulher,
5. e que ordenou: Por isso deixará o
homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só
carne?
6. Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que
Deus ajuntou, não o separe o homem.
7. Responderam-lhe: Então por que
mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
8. Disse-lhes
ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas
mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
9. Eu vos digo porém,
que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e
casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete
adultério.
10. Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do
homem relativamente à mulher, não convém casar.
11. Ele, porém, lhes
disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é
dado.
12. Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos
homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por
causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
13. Então
lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os
discípulos os repreenderam.
14. Jesus, porém, disse: Deixai as
crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos
céus.
15. E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali.
16.
E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para
conseguir a vida eterna?
17. Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas
sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os
mandamentos.
18. Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não
matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso
testemunho;
19. honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo
como a ti mesmo.
20. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que
me falta ainda?
21. Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai,
vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem,
segue-me.
22. Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste;
porque possuía muitos bens.
23. Disse então Jesus aos seus discípulos:
Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos
céus.
24. E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo
fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
25. Quando
os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e
perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
26. Jesus, fixando neles o
olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é
possível.
27. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós
deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?
28.
Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na
regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória,
sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de
Israel.
29. E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou
pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes
tanto, e herdará a vida eterna.
30. Entretanto, muitos que são
primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão
primeiros.
[Mateus 20]Mateus
20
1. Porque o reino dos céus é semelhante a um homem,
proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua
vinha.
2. Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por
dia, e mandou-os para a sua vinha.
3. Cerca da hora terceira saiu, e
viu que estavam outros, ociosos, na praça,
4. e disse-lhes: Ide também
vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
5. Outra
vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
6. Igualmente,
cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e perguntou-lhes:
Por que estais aqui ociosos o dia todo?
7. Responderam-lhe eles:
Porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele: Ide também vós para a
vinha.
8. Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama
os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os
primeiros.
9. Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora
undécima, receberam um denário cada um.
10. Vindo, então, os
primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um
denário cada um.
11. E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário,
dizendo:
12. Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os
igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte
calor.
13. Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço
injustiça; não ajustaste comigo um denário?
14. Toma o que é teu, e
vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.
15. Não me é
lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou
bom?
16. Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão
últimos.
17. Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os
doze e no caminho lhes disse:
18. Eis que subimos a Jerusalém, e o
Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o
condenarão à morte,
19. e o entregarão aos gentios para que dele
escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia
ressuscitará.
20. Aproximou-se dele, então, a mãe dos filhos de
Zebedeu, com seus filhos, ajoelhando-se e fazendo-lhe um pedido.
21.
Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que estes meus dois
filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu
reino.
22. Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis
beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos.
23.
Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de beber; mas o sentar-se à
minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para
aqueles para quem está preparado por meu Pai.
24. E ouvindo isso os
dez, indignaram-se contra os dois irmãos.
25. Jesus, pois, chamou-os
para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os
dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
26. Não
será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande,
será esse o que vos sirva;
27. e qualquer que entre vós quiser ser o
primeiro, será vosso servo;
28. assim como o Filho do homem não veio
para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de
muitos.
29. Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande
multidão;
30. e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo
que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de
nós.
31. E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles,
porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão
de nós.
32. E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que
vos faça?
33. Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os
olhos.
34. E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e
imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram.
[Mateus 21]Mateus 21
1. Quando se aproximaram de
Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois
discípulos, dizendo-lhes:
2. Ide à aldeia que está defronte de vós, e
logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e
trazei-mos.
3. E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O
Senhor precisa deles; e logo os enviará.
4. Ora, isso aconteceu para
que se cumprisse o que foi dito pelo profeta:
5. Dizei à filha de
Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um
jumentinho, cria de animal de carga.
6. Indo, pois, os discípulos e
fazendo como Jesus lhes ordenara,
7. trouxeram a jumenta e o
jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou.
8. E
a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros
cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
9. E as
multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo:
Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas
alturas!
10. Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e
perguntava: Quem é este?
11. E as multidões respondiam: Este é o
profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia.
12. Então Jesus entrou no
templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos
cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
13. e disse-lhes: Está
escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de
salteadores.
14. E chegaram-se a ele no templo cegos e coxos, e ele os
curou.
15. Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as
maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho
de Davi, indignaram-se,
16. e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão
dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de
criancinhas de peito tiraste perfeito louvor?
17. E deixando-os, saiu
da cidade para Betânia, e ali passou a noite.
18. Ora, de manhã, ao
voltar à cidade, teve fome;
19. e, avistando uma figueira à beira do
caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe:
Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
20.
Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente
secou a figueira?
21. Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos
digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à
figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso
será feito;
22. e tudo o que pedirdes na oração, crendo,
recebereis.
23. Tendo Jesus entrado no templo, e estando a ensinar,
aproximaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e
perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu tal
autoridade?
24. Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma
coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas
coisas.
25. O batismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que
eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não
o crestes?
26. Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque
todos consideram João como profeta.
27. Responderam, pois, a Jesus:
Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas
coisas.
28. Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e,
chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na
vinha.
29. Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi.
30.
Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não
quero; mas depois, arrependendo-se, foi.
31. Qual dos dois fez a
vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo
que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de
Deus.
32. Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste
crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto,
nem depois vos arrependestes para crerdes nele.
33. Ouvi ainda outra
parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha, cercou-a com uma
sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns
lavradores e ausentou-se do país.
34. E quando chegou o tempo dos
frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus
frutos.
35. E os lavradores, apoderando-se dos servos, espancaram um,
mataram outro, e a outro apedrejaram.
36. Depois enviou ainda outros
servos, em maior número do que os primeiros; e fizeram-lhes o
mesmo.
37. Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: A meu filho
terão respeito.
38. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre
si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua
herança.
39. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o
mataram.
40. Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles
lavradores?
41. Responderam-lhe eles: Fará perecer miseravelmente a
esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe
entreguem os frutos.
42. Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas
Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra
angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos
olhos?
43. Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e
será dado a um povo que dê os seus frutos.
44. E quem cair sobre esta
pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a
pó.
45. Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo essas
parábolas, entenderam que era deles que Jesus falava.
46. E procuravam
prendê-lo, mas temeram o povo, porquanto este o tinha por
profeta.
[Mateus 22]Mateus
22
1. Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas,
dizendo:
2. O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as
bodas de seu filho.
3. Enviou os seus servos a chamar os convidados
para as bodas, e estes não quiseram vir.
4. Depois enviou outros
servos, ordenando: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado;
os meus bois e cevados já estão mortos, e tudo está pronto; vinde às
bodas.
5. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo,
outro para o seu negócio;
6. e os outros, apoderando-se dos servos, os
ultrajaram e mataram.
7. Mas o rei encolerizou-se; e enviando os seus
exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.
8.
Então disse aos seus servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os
convidados não eram dignos.
9. Ide, pois, pelas encruzilhadas dos
caminhos, e a quantos encontrardes, convidai-os para as bodas.
10. E
saíram aqueles servos pelos caminhos, e ajuntaram todos quantos encontraram,
tanto maus como bons; e encheu-se de convivas a sala nupcial.
11. Mas,
quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um homem que não trajava veste
nupcial;
12. e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres
veste nupcial? Ele, porém, emudeceu.
13. Ordenou então o rei aos
servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá
choro e ranger de dentes.
14. Porque muitos são chamados, mas poucos
escolhidos.
15. Então os fariseus se retiraram e consultaram entre si
como o apanhariam em alguma palavra;
16. e enviaram-lhe os seus
discípulos, juntamente com os herodianos, a dizer; Mestre, sabemos que és
verdadeiro, e que ensinas segundo a verdade o caminho de Deus, e de ninguém se
te dá, porque não olhas a aparência dos homens.
17. Dize-nos, pois,
que te parece? É lícito pagar tributo a César, ou não?
18. Jesus,
porém, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me experimentais,
hipócritas?
19. Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram
um denário.
20. Perguntou-lhes ele: De quem é esta imagem e
inscrição?
21. Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
22. Ao ouvirem isso,
ficaram admirados; e, deixando-o, se retiraram.
23. No mesmo dia
vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram,
dizendo:
24. Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos,
seu irmão casará com a mulher dele, e suscitará descendência a seu
irmão.
25. Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado,
morreu: e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão;
26.
da mesma sorte também o segundo, o terceiro, até o sétimo.
27. depois
de todos, morreu também a mulher.
28. Portanto, na ressurreição, de
qual dos sete será ela esposa, pois todos a tiveram?
29. Jesus, porém,
lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de
Deus;
30. pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento;
mas serão como os anjos no céu.
31. E, quanto à ressurreição dos
mortos, não lestes o que foi dito por Deus:
32. Eu sou o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas
de vivos.
33. E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua
doutrina.
34. Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os
saduceus, reuniram-se todos;
35. e um deles, doutor da lei, para o
experimentar, interrogou-o, dizendo:
36. Mestre, qual é o grande
mandamento na lei?
37. Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus
de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento.
38. Este é o grande e primeiro mandamento.
39.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo.
40. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas.
41. Ora, enquanto os fariseus estavam reunidos,
interrogou-os Jesus, dizendo:
42. Que pensais vós do Cristo? De quem é
filho? Responderam-lhe: De Davi.
43. Replicou-lhes ele: Como é então
que Davi, no Espírito, lhe chama Senhor, dizendo:
44. Disse o Senhor
ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos de
baixo dos teus pés?
45. Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele
seu filho?
46. E ninguém podia responder-lhe palavra; nem desde aquele
dia jamais ousou alguém interrogá-lo.
[Mateus 23]Mateus
23
1. Então falou Jesus às multidões e aos seus
discípulos, dizendo:
2. Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e
fariseus.
3. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai;
mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
4.
Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos
homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
5. Todas as
suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus
filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos;
6. gostam do
primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas,
7.
das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.
8.
Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e
todos vós sois irmãos.
9. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai;
porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus.
10. Nem queirais
ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo.
11.
Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.
12. Qualquer, pois, que
a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar,
será exaltado.
13. Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que
entrariam permitis entrar.
14. (Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas
orações; por isso recebereis maior condenação.)
15. Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um
prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do
inferno do que vós.
16. Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar
pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou.
17.
Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o
ouro?
18. E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela
oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou.
19.
Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a
oferta?
20. Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo
quanto sobre ele está;
21. e quem jurar pelo santuário jura por ele e
por aquele que nele habita;
22. e quem jurar pelo céu jura pelo trono
de Deus e por aquele que nele está assentado.
23. Ai de vós, escribas
e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho,
e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a
misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir
aquelas.
24. Guias cegos! que coais um mosquito, e engulis um
camelo.
25. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais
o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de
intemperança.
26. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo,
para que também o exterior se torne limpo.
27. Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por
fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda
imundícia.
28. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos
homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de
iniquidade.
29. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque
edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos
justos,
30. e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais,
não teríamos sido cúmplices no derramar o sangue dos profetas.
31.
Assim, vós testemunhais contra vós mesmos que sois filhos daqueles que mataram
os profetas.
32. Enchei vós, pois, a medida de vossos
pais.
33. Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do
inferno?
34. Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e
escribas: e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros os perseguireis de
cidade em cidade;
35. para que sobre vós caia todo o sangue justo, que
foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de
Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o
altar.
36. Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre
esta geração.
37. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas,
apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus
filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o
quiseste!
38. Eis aí abandonada vos é a vossa casa.
39. Pois
eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito
aquele que vem em nome do Senhor.
[Mateus 24]Mateus
24
1. Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se
retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os
edifícios do templo.
2. Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em
verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja
derribada.
3. E estando ele sentado no Monte das Oliveiras,
chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando
serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do
mundo.
4. Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos
engane.
5. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo;
a muitos enganarão.
6. E ouvireis falar de guerras e rumores de
guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas
ainda não é o fim.
7. Porquanto se levantará nação contra nação, e
reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares.
8.
Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
9. Então sereis
entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por
causa do meu nome.
10. Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e
trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
11. Igualmente hão
de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
12. e, por se
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
13. Mas quem
perseverar até o fim, esse será salvo.
14. E este evangelho do reino
será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o
fim.
15. Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de
desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda),
16. então
os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
17. quem estiver no
eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,
18. e quem estiver
no campo não volte atrás para apanhar a sua capa.
19. Mas ai das que
estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
20. Orai para
que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
21. porque
haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora, nem jamais haverá.
22. E se aqueles dias não fossem
abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados
aqueles dias.
23. Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou:
Ei-lo aí! não acrediteis;
24. porque hão de surgir falsos cristos e
falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível
fora, enganariam até os escolhidos.
25. Eis que de antemão vo-lo tenho
dito.
26. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não
saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
27.
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim
será também a vinda do filho do homem.
28. Pois onde estiver o
cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
29. Logo depois da tribulação
daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão
do céu e os poderes dos céus serão abalados.
30. Então aparecerá no
céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão
vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande
glória.
31. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de
trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à
outra extremidade dos céus.
32. Aprendei, pois, da figueira a sua
parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está
próximo o verão.
33. Igualmente, quando virdes todas essas coisas,
sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
34. Em verdade vos digo
que não passará esta geração sem que todas essas coisas se
cumpram.
35. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais
passarão.
36. Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do
céu, nem o Filho, senão só o Pai.
37. Pois como foi dito nos dias de
Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38. Porquanto, assim
como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em
casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
39. e não o
perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a
vinda do Filho do homem.
40. Então, estando dois homens no campo, será
levado um e deixado outro;
41. estando duas mulheres a trabalhar no
moinho, será levada uma e deixada a outra.
42. Vigiai, pois, porque
não sabeis em que dia vem o vosso Senhor;
43. sabei, porém, isto: se o
dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e
não deixaria minar a sua casa.
44. Por isso ficai também vós
apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do
homem.
45. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs
sobre os seus serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento?
46.
Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim
fazendo.
47. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus
bens.
48. Mas se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu
senhor tarda em vir,
49. e começar a espancar os seus conservos, e a
comer e beber com os ébrios,
50. virá o senhor daquele servo, num dia
em que não o espera, e numa hora de que não sabe,
51. e cortá-lo-á
pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger
de dentes.
[Mateus 25]Mateus
25
1. Então o reino dos céus será semelhante a dez
virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo.
2.
Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes.
3. Ora, as insensatas,
tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo.
4. As prudentes,
porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas.
5.
E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram.
6. Mas à meia-noite
ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro!
7. Então todas
aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
8. E as
insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas
lâmpadas estão se apagando.
9. Mas as prudentes responderam: não; pois
de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e
comprai-o para vós.
10. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e
as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a
porta.
11. Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor,
Senhor, abre-nos a porta.
12. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos
digo, não vos conheço.
13. Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia
nem a hora.
14. Porque é assim como um homem que, ausentando-se do
país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens:
15. a um deu
cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade;
e seguiu viagem.
16. O que recebera cinco talentos foi imediatamente
negociar com eles, e ganhou outros cinco;
17. da mesma sorte, o que
recebera dois ganhou outros dois;
18. mas o que recebera um foi e
cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19. Ora, depois de
muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
20.
Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco
talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco
que ganhei.
21. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel;
sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu
senhor.
22. Chegando também o que recebera dois talentos, disse:
Senhor, entregaste-me dois talentos; eis aqui outros dois que
ganhei.
23. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre
o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu
senhor.
24. Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor,
eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes
onde não joeiraste;
25. e, atemorizado, fui esconder na terra o teu
talento; eis aqui tens o que é teu.
26. Ao que lhe respondeu o seu
senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde
não joeirei?
27. Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros
e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros.
28. Tirai-lhe, pois, o
talento e dai ao que tem os dez talentos.
29. Porque a todo o que tem,
dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem
ser-lhe-á tirado.
30. E lançai o servo inútil nas trevas exteriores;
ali haverá choro e ranger de dentes.
31. Quando, pois vier o Filho do
homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da
sua glória;
32. e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele
separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos
cabritos;
33. e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à
esquerda.
34. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo;
35. porque tive fome, e me destes de comer; tive
sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes;
36.
estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes
ver-me.
37. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos
com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38.
Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos?
39.
Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te?
40. E
responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um
destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes.
41.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;
42.
porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de
beber;
43. era forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não me
vestistes; enfermo, e na prisão, e não me visitastes.
44. Então também
estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro,
ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
45. Ao que lhes
responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes
mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim.
46. E irão eles para o
castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.
[Mateus 26]Mateus 26
1. E havendo Jesus concluído todas
estas palavras, disse aos seus discípulos:
2. Sabeis que daqui a dois
dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser
crucificado.
3. Então os principais sacerdotes e os anciãos do povo se
reuniram no pátio da casa do sumo sacerdote, o qual se chamava
Caifás;
4. e deliberaram como prender Jesus a traição, e o
matar.
5. Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto
entre o povo.
6. Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o
leproso,
7. aproximou-se dele uma mulher que trazia um vaso de
alabastro cheio de bálsamo precioso, e lho derramou sobre a cabeça, estando ele
reclinado à mesa.
8. Quando os discípulos viram isso, indignaram-se, e
disseram: Para que este desperdício?
9. Pois este bálsamo podia ser
vendido por muito dinheiro, que se daria aos pobres.
10. Jesus, porém,
percebendo isso, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? pois praticou uma
boa ação para comigo.
11. Porquanto os pobres sempre os tendes
convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes.
12. Ora, derramando ela
este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo a fim de preparar-me para a minha
sepultura.
13. Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em
todo o mundo este evangelho, também o que ela fez será contado para memória
sua.
14. Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os
principais sacerdotes,
15. e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo
entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata.
16. E desde
então buscava ele oportunidade para o entregar.
17. Ora, no primeiro
dia dos pães ázimos, vieram os discípulos a Jesus, e perguntaram: Onde queres
que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
18. Respondeu ele:
Ide à cidade a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está
próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.
19. E
os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a
páscoa.
20. Ao anoitecer reclinou-se à mesa com os doze
discípulos;
21. e, enquanto comiam, disse: Em verdade vos digo que um
de vós me trairá.
22. E eles, profundamente contristados, começaram
cada um a perguntar-lhe: Porventura sou eu, Senhor?
23. Respondeu ele:
O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá.
24. Em verdade o
Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por
quem o Filho do homem é traido! bom seria para esse homem se não houvera
nascido.
25. Também Judas, que o traía, perguntou: Porventura sou eu,
Rabí? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste.
26. Enquanto comiam, Jesus
tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai,
comei; isto é o meu corpo.
27. E tomando um cálice, rendeu graças e
deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
28. pois isto é o meu sangue, o
sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos
pecados.
29. Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto
da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu
Pai.
30. E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das
Oliveiras.
31. Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos
escandalizareis de mim; pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do
rebanho se dispersarão.
32. Todavia, depois que eu ressurgir, irei
adiante de vós para a Galiléia.
33. Mas Pedro, respondendo, disse-lhe:
Ainda que todos se escandalizem de ti, eu nunca me escandalizarei.
34.
Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante três
vezes me negarás.
35. Respondeu-lhe Pedro: Ainda que me seja
necessário morrer contigo, de modo algum te negarei. E o mesmo disseram todos os
discípulos.
36. Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani,
e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.
37.
E levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e
a angustiar-se.
38. Então lhes disse: A minha alma está triste até a
morte; ficai aqui e vigiai comigo.
39. E adiantando-se um pouco,
prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa
de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu
queres.
40. Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a
Pedro: Assim nem uma hora pudestes vigiar comigo?
41. Vigiai e orai,
para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a
carne é fraca.
42. Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu,
se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua
vontade.
43. E, voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus
olhos estavam carregados.
44. Deixando-os novamente, foi orar terceira
vez, repetindo as mesmas palavras.
45. Então voltou para os discípulos
e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do
homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
46. Levantai-vos,
vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
47. E estando ele
ainda a falar, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com
espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do
povo.
48. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele
que eu beijar, esse é: prendei-o.
49. E logo, aproximando-se de Jesus
disse: Salve, Rabi. E o beijou.
50. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a
que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o
prenderam.
51. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a
mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma
orelha.
52. Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar;
porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
53. Ou
pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora
mesmo mais de doze legiões de anjos?
54. Como, pois, se cumpririam as
Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?
55. Disse Jesus à
multidão naquela hora: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um
salteador? Todos os dias estava eu sentado no templo ensinando, e não me
prendestes.
56. Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as
Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos, deixando-o
fugiram.
57. Aqueles que prenderam a Jesus levaram-no à presença do
sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam
reunidos.
58. E Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote;
e entrando, sentou-se entre os guardas, para ver o fim.
59. Ora, os
principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam falso testemunho contra Jesus,
para poderem entregá-lo à morte;
60. e não achavam, apesar de se
apresentarem muitas testemunhas falsas. Mas por fim compareceram
duas,
61. e disseram: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus,
e reedificá-lo em três dias.
62. Levantou-se então o sumo sacerdote e
perguntou-lhe: Nada respondes? Que é que estes depõem contra ti?
63.
Jesus, porém, guardava silêncio. E o sumo sacerdote disse-lhe: Conjuro-te pelo
Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho do Deus.
64.
Repondeu-lhe Jesus: É como disseste; contudo vos digo que vereis em breve o
Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do
céu.
65. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo:
Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que agora acabais de
ouvir a sua blasfêmia.
66. Que vos parece? Responderam eles: É réu de
morte.
67. Então uns lhe cuspiram no rosto e lhe deram
socos;
68. e outros o esbofetearam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo,
quem foi que te bateu?
69. Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e
aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o
galileu.
70. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que
dizes.
71. E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse
aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno.
72. E
ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem.
73. E daí
a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu
também és um deles pois a tua fala te denuncia.
74. Então começou ele
a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo
cantou.
75. E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo
cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
[Mateus
27]Mateus 27
1. Ora, chegada a manhã,
todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra
Jesus, para o matarem;
2. e, maniatando-o, levaram-no e o entregaram a
Pilatos, o governador.
3. Então Judas, aquele que o traíra, vendo que
Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos
anciãos, dizendo:
4. Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam
eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo.
5. E tendo ele atirado
para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi
enforcar-se.
6. Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de
prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de
sangue.
7. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo
do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros.
8. Por isso
tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.
9.
Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta
moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel
avaliaram,
10. e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou
o Senhor.
11. Jesus, pois, ficou em pé diante do governador; e este
lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como
dizes.
12. Mas ao ser acusado pelos principais sacerdotes e pelos
anciãos, nada respondeu.
13. Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves
quantas coisas testificam contra ti?
14. E Jesus não lhe respondeu a
uma pergunta sequer; de modo que o governador muito se admirava.
15.
Ora, por ocasião da festa costumava o governador soltar um preso, escolhendo o
povo aquele que quisesse.
16. Nesse tempo tinham um preso notório,
chamado Barrabás.
17. Portanto, estando o povo reunido, perguntou-lhe
Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado o
Cristo?
18. Pois sabia que por inveja o haviam
entregado.
19. E estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou
dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em
sonho por causa dele.
20. Mas os principais sacerdotes e os anciãos
persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e fizessem morrer
Jesus.
21. O governador, pois, perguntou-lhes: Qual dos dois quereis
que eu vos solte? E disseram: Barrabás.
22. Tornou-lhes Pilatos: Que
farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja
crucificado.
23. Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles
clamavam ainda mais: Seja crucificado.
24. Ao ver Pilatos que nada
conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água,
lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem;
seja isso lá convosco.
25. E todo o povo respondeu: O seu sangue caia
sobre nós e sobre nossos filhos.
26. Então lhes soltou Barrabás; mas a
Jesus mandou açoitar, e o entregou para ser crucificado.
27. Nisso os
soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda
a corte.
28. E, despindo-o, vestiram-lhe um manto
escarlate;
29. e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça,
e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo:
Salve, rei dos judeus!
30. E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e
davam-lhe com ela na cabeça.
31. Depois de o terem escarnecido,
despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser
crucificado.
32. Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado
Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
33. Quando chegaram
ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira,
34.
deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis
beber.
35. Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele,
lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram
entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitaram sortes.
36.
E, sentados, ali o guardavam.
37. Puseram-lhe por cima da cabeça a sua
acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
38. Então foram
crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à
esquerda.
39. E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a
cabeça
40. e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o
reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da
cruz.
41. De igual modo também os principais sacerdotes, com os
escribas e anciãos, escarnecendo, diziam:
42. A outros salvou; a si
mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos
nele;
43. confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque
disse: Sou Filho de Deus.
44. O mesmo lhe lançaram em rosto também os
salteadores que com ele foram crucificados.
45. E, desde a hora sexta,
houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
46. Cerca da hora
nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?
47. Alguns dos que ali
estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias.
48. E logo correu
um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe
de beber.
49. Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem
salvá-lo.
50. De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o
espírito.
51. E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto
a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,
52. os sepulcros se
abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram
ressuscitados;
53. e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição
dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
54. ora, o
centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que
aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de
Deus.
55. Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que
tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o ouvir;
56. entre as quais
se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de
Zebedeu.
57. Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimatéia,
chamado José, que também era discípulo de Jesus.
58. Esse foi a
Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse
entregue.
59. E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de
linho,
60. e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em
rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro,
retirou-se.
61. Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria,
sentadas defronte do sepulcro.
62. No dia seguinte, isto é, o dia
depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante
Pilatos,
63. e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele
embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias
ressurgirei.
64. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com
segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o
furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior
do que o primeiro.
65. Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide,
tornai-o seguro, como entendeis.
66. Foram, pois, e tornaram seguro o
sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.
[Mateus 28]Mateus 28
1. No fim do sábado, quando já
despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o
sepulcro.
2. E eis que houvera um grande terremoto; pois um anjo do
Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre
ela.
3. o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas
como a neve.
4. E de medo dele tremeram os guardas, e ficaram como
mortos.
5. Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei
que buscais a Jesus, que foi crucificado.
6. Não está aqui, porque
ressurgiu, como ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia;
7. e ide
depressa, e dizei aos seus discípulos que ressurgiu dos mortos; e eis que vai
adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que vo-lo tenho
dito.
8. E, partindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e
grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos.
9. E eis que
Jesus lhes veio ao encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se,
abraçaram-lhe os pés, e o adoraram.
10. Então lhes disse Jesus: Não
temais; ide dizer a meus irmãos que vão para a Galiléia; ali me
verão.
11. Ora, enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à
cidade, e contaram aos principais sacerdotes tudo quanto havia
acontecido.
12. E congregados eles com os anciãos e tendo consultado
entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
13. e ordenaram-lhes que
dissessem: Vieram de noite os seus discípulos e, estando nós dormindo,
furtaram-no.
14. E, se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o
persuadiremos, e vos livraremos de cuidado.
15. Então eles, tendo
recebido o dinheiro, fizeram como foram instruídos. E essa história tem-se
divulgado entre os judeus até o dia de hoje.
16. Partiram, pois, os
onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde Jesus lhes
designara.
17. Quando o viram, o adoraram; mas alguns
duvidaram.
18. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me
dada toda a autoridade no céu e na terra.
19. Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo;
20. ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos.
[Marcos 1]Marcos 1
1.
Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
2. Conforme
está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua face o meu mensageiro,
que há de preparar o teu caminho;
3. voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;
4. assim
apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para
remissão dos pecados.
5. E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia,
e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão,
confessando os seus pecados.
6. Ora, João usava uma veste de pêlos de
camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel
silvestre.
7. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais
poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia
das alparcas.
8. Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no
Espírito Santo.
9. E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré
da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão.
10. E logo, quando
saía da água, viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre
ele;
11. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me
comprazo.
12. Imediatamente o Espírito o impeliu para o
deserto.
13. E esteve no deserto quarenta dias sentado tentado por
Satanás; estava entre as feras, e os anjos o serviam.
14. Ora, depois
que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de
Deus
15. e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de
Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.
16. E, andando junto do
mar da Galiléia, viu a Simão, e a André, irmão de Simão, os quais lançavam a
rede ao mar, pois eram pescadores.
17. Disse-lhes Jesus: Vinde após
mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens.
18. Então eles,
deixando imediatamente as suas redes, o seguiram.
19. E ele, passando
um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no
barco, consertando as redes,
20. e logo os chamou; eles, deixando seu
pai Zebedeu no barco com os empregados, o seguiram.
21. Entraram em
Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a
ensinar.
22. E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava
como tendo autoridade, e não como os escribas.
23. Ora, estava na
sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou:
24. Que
temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o
Santo de Deus.
25. Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai
dele.
26. Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com
grande voz, saiu dele.
27. E todos se maravilharam a ponto de
perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade!
Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
28. E logo
correu a sua fama por toda a região da Galiléia.
29. Em seguida, saiu
da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.
30. A
sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito
dela.
31. Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e
a febre a deixou, e ela os servia.
32. Sendo já tarde, tendo-se posto
o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados;
33. e toda
a cidade estava reunida à porta;
34. e ele curou muitos doentes
atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que
os demônios falassem, porque o conheciam.
35. De madrugada, ainda bem
escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.
36.
Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;
37. quando o
encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.
38. Respondeu-lhes Jesus:
Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também;
pois para isso é que vim.
39. Foi, então, por toda a Galiléia,
pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.
40. E veio a
ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes
tornar-me limpo.
41. Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão,
tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo.
42. Imediatamente desapareceu
dele a lepra e ficou limpo.
43. E Jesus, advertindo-o secretamente,
logo o despediu,
44. dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas
vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés
determinou, para lhes servir de testemunho.
45. Ele, porém, saindo
dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus
já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares
desertos; e de todos os lados iam ter com ele.
[Marcos 2]Marcos 2
1. Alguns dias depois entrou Jesus
outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa.
2.
Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e
ele lhes anunciava a palavra.
3. Nisso vieram alguns a trazer-lhe um
paralítico, carregado por quatro;
4. e não podendo aproximar-se dele,
por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma
abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
5. E Jesus,
vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus
pecados.
6. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que
arrazoavam em seus corações, dizendo:
7. Por que fala assim este
homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é
Deus?
8. Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim
arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em
vossos corações?
9. Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados
são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e
anda?
10. Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra
autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ),
11. a ti te
digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
12. Então ele
se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos
pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa
semelhante.
13. Outra vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a
multidão ia ter com ele, e ele os ensinava.
14. Quando ia passando,
viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele,
levantando-se, o seguiu.
15. Ora, estando Jesus à mesa em casa de
Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos
e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam.
16. Vendo os
escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos
discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores?
17.
Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas
sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.
18. Ora, os
discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por
que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não
jejuam?
19. Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os
convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o
noivo não podem jejuar;
20. dias virão, porém, em que lhes será tirado
o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar.
21. Ninguém cose remendo de
pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e
torna-se maior a rotura.
22. E ninguém deita vinho novo em odres
velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e
também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.
23. E sucedeu
passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando,
começaram a colher espigas.
24. E os fariseus lhe perguntaram: Olha,
por que estão fazendo no sábado o que não é lícito?
25. Respondeu-lhes
ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome,
ele e seus companheiros?
26. Como entrou na casa de Deus, no tempo do
sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito
comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros?
27. E
prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do
sábado.
28. Pelo que o Filho do homem até do sábado é
Senhor.
[Marcos 3]Marcos 3
1.
Outra vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos
atrofiada.
2. E observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a
fim de o acusarem.
3. E disse Jesus ao homem que tinha a mão
atrofiada: Levanta-te e vem para o meio.
4. Então lhes perguntou: É
lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou matar? Eles, porém,
se calaram.
5. E olhando em redor para eles com indignação,
condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele
estendeu, e lhe foi restabelecida.
6. E os fariseus, saindo dali,
entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o
matarem.
7. Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a
beira do mar; e uma grande multidão dos da Galiléia o seguiu; também da
Judéia,
8. e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das
regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto
fazia, vieram ter com ele.
9. Recomendou, pois, a seus discípulos que
se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o
apertasse;
10. porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos
tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem.
11. E os
espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo:
Tu és o Filho de Deus.
12. E ele lhes advertia com insistência que não
o dessem a conhecer.
13. Depois subiu ao monte, e chamou a si os que
ele mesmo queria; e vieram a ele.
14. Então designou doze para que
estivessem com ele, e os mandasse a pregar;
15. e para que tivessem
autoridade de expulsar os demônios.
16. Designou, pois, os doze, a
saber: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;
17. Tiago, filho de Zebedeu,
e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos
do trovão;
18. André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho
de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu,
19. e Judas Iscariotes, aquele que
o traiu.
20. Depois entrou numa casa. E afluiu outra vez a multidão,
de tal modo que nem podiam comer.
21. Quando os seus ouviram isso,
saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si.
22. E os
escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu;
e: É pelo príncipe dos demônios que expulsa os demônios.
23. Então
Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar
Satanás?
24. Pois, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino
não pode subsistir;
25. ou, se uma casa se dividir contra si mesma,
tal casa não poderá subsistir;
26. e se Satanás se tem levantado
contra si mesmo, e está dividido, tampouco pode ele subsistir; antes tem
fim.
27. Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os
bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a
casa.
28. Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos
filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem;
29.
mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas
será réu de pecado eterno.
30. Porquanto eles diziam: Está possesso de
um espírito imundo.
31. Chegaram então sua mãe e seus irmãos e,
ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo.
32. E a multidão estava
sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá
fora e te procuram.
33. Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha
mãe e meus irmãos!
34. E olhando em redor para os que estavam sentados
à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos!
35. Pois aquele
que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
[Marcos
4]Marcos 4
1. Outra vez começou a
ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num
barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do
mar.
2. Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia
no seu ensino:
3. Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear;
4.
e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e
vieram as aves e a comeram.
5. Outra caiu no solo pedregoso, onde não
havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
6.
mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.
7.
E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu
fruto.
8. Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo,
davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro
cem.
9. E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
10.
Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no
acerca da parábola.
11. E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério
do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas;
12.
para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para
que não se convertam e sejam perdoados.
13. Disse-lhes ainda: Não
percebeis esta parábola? como pois entendereis todas as parábolas?
14.
O semeador semeia a palavra.
15. E os que estão junto do caminho são
aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás
e tira a palavra que neles foi semeada.
16. Do mesmo modo, aqueles que
foram semeados nos lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra,
imediatamente com alegria a recebem;
17. mas não têm raiz em si
mesmos, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição
por causa da palavra, logo se escandalizam.
18. Outros ainda são
aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem a
palavra;
19. mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a
cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica
infrutífera.
20. Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os
que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por
um.
21. Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter
debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não é antes para se colocar no
velador?
22. Porque nada está encoberto senão para ser manifesto; e
nada foi escondido senão para vir à luz.
23. Se alguém tem ouvidos
para ouvir, ouça.
24. Também lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a
medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos
acrescentará.
25. Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem,
até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
26. Disse também: O reino de Deus
é assim como se um homem lançasse semente à terra,
27. e dormisse e se
levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse, sem ele saber
como.
28. A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a
espiga, e por último o grão cheio na espiga.
29. Mas assim que o fruto
amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.
30. Disse
ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o
representaremos?
31. É como um grão de mostarda que, quando se semeia,
é a menor de todas as sementes que há na terra;
32. mas, tendo sido
semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de
tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
33. E com
muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam
compreender.
34. E sem parábola não lhes falava; mas em particular
explicava tudo a seus discípulos.
35. Naquele dia, quando já era
tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
36. E eles, deixando a
multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também
outros barcos.
37. E se levantou grande tempestade de vento, e as
ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia.
38. Ele,
porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe
perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?
39. E ele,
levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou
o vento, e fez-se grande bonança.
40. Então lhes perguntou: Por que
sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?
41. Encheram-se de grande
temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o
mar lhe obedecem?
[Marcos 5]Marcos
5
1. Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos
gerasenos.
2. E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro,
dos sepulcros, um homem com espírito imundo,
3. o qual tinha a sua
morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém
prendê-lo;
4. porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e
cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas;
e ninguém o podia domar;
5. e sempre, de dia e de noite, andava pelos
sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras,
6. Vendo,
pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o;
7. e, clamando com grande
voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por
Deus que não me atormentes.
8. Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem,
espírito imundo.
9. E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe
ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
10. E rogava-lhe muito
que não os enviasse para fora da região.
11. Ora, andava ali pastando
no monte uma grande manada de porcos.
12. Rogaram-lhe, pois, os
demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos
neles.
13. E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos,
entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo
despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram.
14. Nisso fugiram
aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos
foram ver o que era aquilo que tinha acontecido.
15. Chegando-se a
Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em
perfeito juízo; e temeram.
16. E os que tinham visto aquilo
contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos
porcos.
17. Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus
termos.
18. E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora
endemoninhado que o deixasse estar com ele.
19. Jesus, porém, não lho
permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o
quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti.
20. Ele se
retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e
todos se admiravam.
21. Tendo Jesus passado de novo no barco para o
outro lado, ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava à beira do
mar.
22. Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que
viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés.
23. e lhe rogava com instância,
dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as
mãos para que sare e viva.
24. Jesus foi com ele, e seguia-o uma
grande multidão, que o apertava.
25. Ora, certa mulher, que havia doze
anos padecia de uma hemorragia,
26. e que tinha sofrido bastante às
mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar,
antes indo a pior,
27. tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio
por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto;
28. porque dizia:
Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada.
29. E
imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu
mal.
30. E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder,
virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes?
31.
Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas:
Quem me tocou?
32. Mas ele olhava em redor para ver a que isto
fizera.
33. Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela
se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a
verdade.
34. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz,
e fica livre desse teu mal.
35. Enquanto ele ainda falava, chegaram
pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu;
por que ainda incomodas o Mestre?
36. O que percebendo Jesus, disse ao
chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
37. E não permitiu que
ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e João, irmão de
Tiago.
38. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um
alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto.
39. E, entrando,
disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu, mas
dorme.
40. E riam-se dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou
consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina
estava.
41. E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que,
traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.
42. Imediatamente a
menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram tomados
de grande espanto.
43. Então ordenou-lhes expressamente que ninguém o
soubesse; e mandou que lhe dessem de comer.
[Marcos 6]Marcos 6
1. Saiu Jesus dali, e foi para a
sua terra, e os seus discípulos o seguiam.
2. Ora, chegando o sábado,
começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo:
Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se
fazem tais milagres por suas mãos?
3. Não é este o carpinteiro, filho
de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre
nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.
4. Então Jesus lhes dizia:
Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na
sua própria casa.
5. E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser
curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
6. E admirou-se da
incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas,
ensinando.
7. E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e
dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos;
8. ordenou-lhes
que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje,
nem dinheiro no cinto;
9. mas que fossem calçados de sandálias, e que
não vestissem duas túnicas.
10. Dizia-lhes mais: Onde quer que
entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar.
11. E se
qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o
pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho conta eles.
12.
Então saíram e pregaram que todos se arrependessem;
13. e expulsavam
muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.
14.
E soube disso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara célebre), e
disse: João, o Batista, ressuscitou dos mortos; e por isso estes poderes
milagrosos operam nele.
15. Mas outros diziam: É Elias. E ainda outros
diziam: É profeta como um dos profetas.
16. Herodes, porém, ouvindo
isso, dizia: É João, aquele a quem eu mandei degolar: ele
ressuscitou.
17. Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e
encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão
Filipe; porque ele se havia casado com ela.
18. Pois João dizia a
Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.
19. Por isso
Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia;
20.
porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava
em segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o
escutava.
21. Chegado, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu
aniversário natalício ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos
principais da Galiléia,
22. entrou a filha da mesma Herodias e,
dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então o rei disse à jovem: Pede-me o
que quiseres, e eu to darei.
23. E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me
pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino.
24. Tendo ela
saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o
Batista.
25. E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu,
dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o
Batista.
26. Ora, entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos
seus juramentos e por causa dos que estavam à mesa, não lha quis
negar.
27. O rei, pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem
de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere,
28.
e trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua
mãe.
29. Quando os seus discípulos ouviram isso, vieram, tomaram o seu
corpo e o puseram num sepulcro.
30. Reuniram-se os apóstolos com Jesus
e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
31. Ao que ele lhes
disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque
eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para
comer.
32. Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à
parte.
33. Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para
lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que
eles.
34. E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e
compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a
ensinar-lhes muitas coisas.
35. Estando a hora já muito adiantada,
aproximaram-se dele seus discípulos e disseram: O lugar é deserto, e a hora já
está muito adiantada;
36. despede-os, para que vão aos sítios e às
aldeias, em redor, e comprem para si o que comer.
37. Ele, porém, lhes
respondeu: Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe perguntaram: Havemos de ir
comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer?
38. Ao que ele
lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E, tendo-se informado, responderam:
Cinco pães e dois peixes.
39. Então lhes ordenou que a todos fizessem
reclinar-se, em grupos, sobre a relva verde.
40. E reclinaram-se em
grupos de cem e de cinqüenta.
41. E tomando os cinco pães e os dois
peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou; partiu os pães e os entregava a
seus discípulos para lhos servirem; também repartiu os dois peixes por
todos.
42. E todos comeram e se fartaram.
43. Em seguida,
recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe.
44. Ora,
os que comeram os pães eram cinco mil homens.
45. Logo em seguida
obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para o outro
lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
46. E, tendo-a
despedido, foi ao monte para orar.
47. Chegada a tardinha, estava o
barco no meio do mar, e ele sozinho em terra.
48. E, vendo-os
fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta vigília da
noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes
adiante;
49. eles, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que
era um fantasma e gritaram;
50. porque todos o viram e se assustaram;
mas ele imediatamente falou com eles e disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não
temais.
51. E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e
ficaram, no seu íntimo, grandemente pasmados;
52. pois não tinham
compreendido o milagre dos pães, antes o seu coração estava
endurecido.
53. E, terminada a travessia, chegaram à terra em
Genezaré, e ali atracaram.
54. Logo que desembarcaram, o povo
reconheceu a Jesus;
55. e correndo eles por toda aquela região,
começaram a levar nos leitos os que se achavam enfermos, para onde ouviam dizer
que ele estava.
56. Onde quer, pois, que entrava, fosse nas aldeias,
nas cidades ou nos campos, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe
que os deixasse tocar ao menos a orla do seu manto; e todos os que a tocavam
ficavam curados.
[Marcos 7]Marcos
7
1. Foram ter com Jesus os fariseus, e alguns dos
escribas vindos de Jerusalém,
2. e repararam que alguns dos seus
discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar.
3. Pois
os fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem
lavar as mãos cuidadosamente;
4. e quando voltam do mercado, se não se
purificarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar,
como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.
5.
Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus
discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por
lavar?
6. Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós,
hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração,
porém, está longe de mim;
7. mas em vão me adoram, ensinando doutrinas
que são preceitos de homens.
8. Vós deixais o mandamento de Deus, e
vos apegais à tradição dos homens.
9. Disse-lhes ainda: Bem sabeis
rejeitar o mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição.
10.
Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à
mãe, certamente morrerá.
11. Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu
pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta
ao Senhor,
12. não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou
por sua mãe,
13. invalidando assim a palavra de Deus pela vossa
tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes
fazeis.
14. E chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me
vós todos, e entendei.
15. Nada há fora do homem que, entrando nele,
possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o
contamina.
16. (Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.)
17.
Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o
interrogaram acerca da parábola.
18. Respondeu-lhes ele: Assim também
vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem
não o pode contaminar,
19. porque não lhe entra no coração, mas no
ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.
20.
E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina.
21. Pois é
do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as
prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,
22. a cobiça,
as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a
insensatez;
23. todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam
o homem.
24. Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sidom.
E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pode
ocultar-se;
25. porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa
de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos
pés;
26. (ora, a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e
rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio.
27. Respondeu-lhes
Jesus: Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos
filhos e lança-lo aos cachorrinhos.
28. Ela, porém, replicou, e
disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das
migalhas dos filhos.
29. Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o
demônio já saiu de tua filha.
30. E, voltando ela para casa, achou a
menina deitada sobre a cama, e que o demônio já havia saído.
31. Tendo
Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galiléia, passando
pelas regiões de Decápolis.
32. E trouxeram-lhe um surdo, que falava
dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele.
33. Jesus,
pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e,
cuspindo, tocou-lhe na língua;
34. e erguendo os olhos ao céu,
suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é Abre-te.
35. E abriram-se-lhe os
ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente.
36.
Então lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem; mas, quando mais lho
proibia, tanto mais o divulgavam.
37. E se maravilhavam sobremaneira,
dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir e os mudos
falar.
[Marcos 8]Marcos 8
1.
Naqueles dias, havendo de novo uma grande multidão, e não tendo o que comer,
chamou Jesus os discípulos e disse-lhes:
2. Tenho compaixão da
multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que
comer.
3. Se eu os mandar em jejum para suas casas, desfalecerão no
caminho; e alguns deles vieram de longe.
4. E seus discípulos lhe
responderam: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no
deserto?
5. Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Responderam:
Sete.
6. Logo mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os
sete pães e havendo dado graças, partiu-os e os entregava a seus discípulos para
que os distribuíssem; e eles os distribuíram pela multidão.
7. Tinham
também alguns peixinhos, os quais ele abençoou, e mandou que estes também fossem
distribuídos.
8. Comeram, pois, e se fartaram; e dos pedaços que
sobejavam levantaram sete alcofas.
9. Ora, eram cerca de quatro mil
homens. E Jesus os despediu.
10. E, entrando logo no barco com seus
discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.
11. Saíram os fariseus e
começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o
experimentarem.
12. Ele, suspirando profundamente em seu espírito,
disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta
geração não será dado sinal algum.
13. E, deixando-os, tornou a
embarcar e foi para o outro lado.
14. Ora, eles se esqueceram de levar
pão, e no barco não tinham consigo senão um pão.
15. E Jesus
ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento
de Herodes.
16. Pelo que eles arrazoavam entre si porque não tinham
pão.
17. E Jesus, percebendo isso, disse-lhes: Por que arrazoais por
não terdes pão? não compreendeis ainda, nem entendeis? tendes o vosso coração
endurecido?
18. Tendo olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e
não vos lembrais?
19. Quando parti os cinco pães para os cinco mil,
quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Responderam-lhe:
Doze.
20. E quando parti os sete para os quatro mil, quantas alcofas
cheias de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Sete.
21. E ele lhes
disse: Não entendeis ainda?
22. Então chegaram a Betsaída. E
trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse.
23. Jesus, pois,
tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos,
e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?
24. E,
levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens; porque como árvores os
vejo andando.
25. Então tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e
ele, olhando atentamente, ficou restabelecido, pois já via nitidamente todas as
coisas.
26. Depois o mandou para casa, dizendo: Mas não entres na
aldeia.
27. E saiu Jesus com os seus discípulos para as aldeias de
Cesaréia de Filipe, e no caminho interrogou os discípulos, dizendo: Quem dizem
os homens que eu sou?
28. Responderam-lhe eles: Uns dizem: João, o
Batista; outros: Elias; e ainda outros: Algum dos profetas.
29. Então
lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse:
Tu és o Cristo.
30. E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem
aquilo a respeito dele.
31. Começou então a ensinar-lhes que era
necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado
pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que
depois de três dias ressurgisse.
32. E isso dizia abertamente. Ao que
Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33. Mas ele,
virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás
de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que
são dos homens.
34. E chamando a si a multidão com os discípulos,
disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e
siga-me.
35. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem
perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.
36. Pois
que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
37.
Ou que diria o homem em troca da sua vida?
38. Porquanto, qualquer
que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas
palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de
seu Pai com os santos anjos.
[Marcos 9]Marcos
9
1. Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que
aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino
de Deus já chegando com poder.
2. Seis dias depois tomou Jesus consigo
a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte sós, a um alto monte; e foi
transfigurado diante deles;
3. as suas vestes tornaram-se
resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra
as poderia branquear.
4. E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam
com Jesus.
5. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é
estarmos aqui; faça-mos, pois, três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e
outra para Elias.
6. Pois não sabia o que havia de dizer, porque
ficaram atemorizados.
7. Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela
saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.
8. De
repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a
Jesus.
9. Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém
contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os
mortos.
10. E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o
que seria o ressurgir dentre os mortos.
11. Então lhe perguntaram: Por
que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
12.
Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas
as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva
padecer muito a ser aviltado?
13. Digo-vos, porém, que Elias já veio,
e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.
14. Quando
chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão,
e alguns escribas a discutirem com eles.
15. E logo toda a multidão,
vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o
saudavam.
16. Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com
eles?
17. Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu
filho, que tem um espírito mudo;
18. e este, onde quer que o apanha,
convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu
pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.
19. Ao que
Jesus lhes respondeu: ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até
quando vos hei de suportar? Trazei-mo.
20. Então lho trouxeram; e
quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o convulsionou; e o
endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando.
21. E
perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele:
Desde a infância;
22. e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água,
para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e
ajuda-nos.
23. Ao que lhe disse Jesus: Se podes!-tudo é possível ao
que crê.
24. Imediatamente o pai do menino, clamando, com lágrimas
disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.
25. E Jesus, vendo que a
multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo:
Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres
nele.
26. E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino
como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu.
27. Mas Jesus,
tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé.
28. E quando entrou
em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós
expulsá-lo?
29. Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum,
salvo à força de oração e jejum.
30. Depois, tendo partido dali,
passavam pela Galiléia, e ele não queria que ninguém o soubesse;
31.
porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue
nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias
ressurgirá.
32. Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam
interrogá-lo.
33. Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa,
perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho?
34. Mas eles se
calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o
maior.
35. E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém
quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de
todos.
36. Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e,
abraçando-a, disse-lhes:
37. Qualquer que em meu nome receber uma
destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a
mim mas àquele que me enviou.
38. Disse-lhe João: Mestre, vimos um
homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos
seguia.
39. Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém
há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de
mim;
40. pois quem não é contra nós, é por nós.
41.
Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois
de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua
recompensa.
42. Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos
que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de
moinho, e que fosse lançado no mar.
43. E se a tua mão te fizer
tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos,
ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
44. onde o seu
verme não morre, e o fogo não se apaga.
45. Ou, se o teu pé te fizer
tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres
lançado no inferno.
46. onde o seu verme não morre, e o fogo não se
apaga.
47. Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é
entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres
lançado no inferno.
48. onde o seu verme não morre, e o fogo não se
apaga.
49. Porque cada um será salgado com fogo.
50. Bom é o
sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal
em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros.
[Marcos 10]Marcos 10
1. Levantando-se Jesus, partiu
dali para os termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se
reuniram em torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por
costume.
2. Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o
experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua
mulher?
3. Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou
Moisés?
4. Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de
divórcio, e repudiar a mulher.
5. Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos
vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento.
6. Mas desde o
princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
7. Por isso deixará
o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher,
8. e serão os
dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
9.
Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
10. Em casa os
discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.
11. Ao que lhes
respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério
contra ela;
12. e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete
adultério.
13. Então lhe traziam algumas crianças para que as tocasse;
mas os discípulos o repreenderam.
14. Jesus, porém, vendo isto,
indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais,
porque de tais é o reino de Deus.
15. Em verdade vos digo que qualquer
que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará
nele.
16. E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos
sobre elas.
17. Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um
homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de
fazer para herdar a vida eterna?
18. Respondeu-lhe Jesus: Por que me
chamas bom? ninguém é bom, senão um que é Deus.
19. Sabes os
mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso
testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
20.
Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha
juventude.
21. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma
coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro
no céu; e vem, segue-me.
22. Mas ele, pesaroso desta palavra,
retirou-se triste, porque possuía muitos bens.
23. Então Jesus,
olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino
de Deus os que têm riquezas!
24. E os discípulos se maravilharam
destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão
difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no reino de
Deus!
25. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do
que entrar um rico no reino de Deus.
26. Com isso eles ficaram
sobremaneira maravilhados, dizendo entre si: Quem pode, então, ser
salvo?
27. Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é
impossível, mas não para Deus; porque para Deus tudo é possível.
28.
Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te
seguimos.
29. Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que
tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos,
por amor de mim e do evangelho,
30. que não receba cem vezes tanto, já
neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com
perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna.
31. Mas muitos que
são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão
primeiros.
32. Ora, estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus
ia adiante deles, e eles se maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou
consigo os doze e começou a contar-lhes as coisas que lhe haviam de
sobrevir,
33. dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem
será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à
morte, e o entregarão aos gentios;
34. e hão de escarnecê-lo e cuspir
nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três dias ressurgirá.
35.
Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre,
queremos que nos faças o que te pedirmos.
36. Ele, pois, lhes
perguntou: Que quereis que eu vos faça?
37. Responderam-lhe:
Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua
esquerda.
38. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis
beber o cálice que eu bebo, e ser batizados no batismo em que eu sou
batizado?
39. E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O
cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado,
haveis de ser batizados;
40. mas o sentar-se à minha direita, ou à
minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está
reservado.
41. E ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra
Tiago e João.
42. Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse:
Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se
assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade.
43.
Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se
grande, será esse o que vos sirva;
44. e qualquer que entre vós quiser
ser o primeiro, será servo de todos.
45. Pois também o Filho do homem
não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de
muitos.
46. Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com
seus discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um
mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu.
47. Este, quando ouviu que era
Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem
compaixão de mim!
48. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas
ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim.
49.
Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom
ânimo; levanta-te, ele te chama.
50. Nisto, lançando de si a sua capa,
de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
51. Perguntou-lhe o cego:
Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja.
52.
Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e
foi seguindo pelo caminho.
[Marcos 11]Marcos
11
1. Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de
Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus
discípulos
2. e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e
logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém
montou; desprendei-o e trazei-o.
3. E se alguém vos perguntar: Por que
fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para
aqui.
4. Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado
de fora na rua, e o desprenderam.
5. E alguns dos que ali estavam lhes
perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?
6. Responderam
como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar.
7. Então
trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus
montou nele.
8. Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos,
e outros, ramagens que tinham cortado nos campos.
9. E tanto os que o
precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do
Senhor!
10. Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana
nas alturas!
11. Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e
tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os
doze.
12. No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve
fome,
13. e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver
se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão
folhas, porque não era tempo de figos.
14. E Jesus, falando, disse à
figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram
isso.
15. Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo,
começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos
cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas;
16. e não consentia
que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;
17. e
ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de
oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de
salteadores.
18. Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram
isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se
maravilhava da sua doutrina.
19. Ao cair da tarde, saíam da
cidade.
20. Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira
tinha secado desde as raízes.
21. Então Pedro, lembrando-se,
disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste.
22.
Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.
23. Em verdade vos digo que
qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em
seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será
feito.
24. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede
que o recebereis, e tê-lo-eis.
25. Quando estiverdes orando, perdoai,
se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu,
vos perdoe as vossas ofensas.
26. Mas, se vós não perdoardes, também
vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.
27.
Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os
principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,
28. que lhe
perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade
para fazê-las?
29. Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa;
respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas
coisas.
30. O batismo de João era do céu, ou dos homens?
respondei-me.
31. Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do
céu, ele dirá: Então por que não o crestes?
32. Mas diremos,
porventura: Dos homens?-É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham
a João como profeta.
33. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos.
Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas
coisas.
[Marcos 12]Marcos 12
1.
Então começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha,
cercou-a com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a
uns lavradores e ausentou-se do país.
2. No tempo próprio, enviou um
servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto da vinha.
3.
Mas estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos
vazias.
4. E tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na
cabeça e o ultrajaram.
5. Então enviou ainda outro, e a este mataram;
e a outros muitos, dos quais a uns espancaram e a outros mataram.
6.
Ora, tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes enviou por último,
dizendo: A meu filho terão respeito.
7. Mas aqueles lavradores
disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será
nossa.
8. E, agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da
vinha.
9. Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os
lavradores, e dará a vinha a outros.
10. Nunca lestes esta escritura:
A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra
angular;
11. pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos
olhos?
12. Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois
perceberam que contra eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se
retiraram.
13. Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos
herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
14.
Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de
ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a
verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não
daremos?
15. Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes:
Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja.
16.
E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição?
Responderam-lhe: De César.
17. Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
18.
Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição,
e lhe perguntaram, dizendo:
19. Mestre, Moisés nos deixou escrito que
se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a
mulher, e suscite descendência ao irmão.
20. Ora, havia sete irmãos; o
primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência;
21. o segundo
casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o
terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência.
22. Depois de
todos, morreu também a mulher.
23. Na ressurreição, de qual deles será
ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
24. Respondeu-lhes
Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras
nem o poder de Deus?
25. Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem
se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos
céus.
26. Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no
livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?
27. Ora, ele não é Deus de
mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.
28. Aproximou-se dele um
dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem,
perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
29.
Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único
Senhor.
30. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas
forças.
31. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Não há outro mandamento maior do que esses.
32. Ao que lhe disse o
escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não
há outro;
33. e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e
de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os
holocaustos e sacrifícios.
34. E Jesus, vendo que havia respondido
sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais
interrogá-lo.
35. Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo,
perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de
Davi?
36. O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus
inimigos debaixo dos teus pés.
37. Davi mesmo lhe chama Senhor; como é
ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.
38. E
prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de
andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
39. e dos
primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos
banquetes,
40. que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem
longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.
41. E
sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão
lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito.
42. Vindo,
porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um
quadrante.
43. E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em
verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam
ofertas no cofre;
44. porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas
esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu
sustento.
[Marcos 13]Marcos
13
1. Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus
discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios!
2. Ao que Jesus
lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra
que não seja derribada.
3. Depois estando ele sentado no Monte das
Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em
particular:
4. Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal
haverá quando todas elas estiverem para se cumprir?
5. Então Jesus
começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane;
6. muitos
virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão.
7. Quando,
porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis;
forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim.
8. Pois se
levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em
diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.
9.
Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios
e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e
reis, para lhes servir de testemunho.
10. Mas importa que primeiro o
evangelho seja pregado entre todas as nações.
11. Quando, pois, vos
conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas,
o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas
sim o Espírito Santo.
12. Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um
pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os
matarão.
13. E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas
aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
14. Ora, quando vós
virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê, entenda),
então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
15. quem
estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua
casa;
16. e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua
capa.
17. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem
naqueles dias!
18. Orai, pois, para que isto não suceda no
inverno;
19. porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual
nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais
haverá.
20. Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se
salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles
dias.
21. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo
ali! não acrediteis.
22. Porque hão de surgir falsos cristos e falsos
profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os
escolhidos.
23. Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos
tenho dito tudo.
24. Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o
sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz;
25. as estrelas cairão do
céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados.
26. Então verão
vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.
27. E logo
enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde
a extremidade da terra até a extremidade do céu.
28. Da figueira,
pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas,
sabeis que está próximo o verão.
29. Assim também vós, quando virdes
sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às
portas.
30. Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que
todas essas coisas aconteçam.
31. Passará o céu e a terra, mas as
minhas palavras não passarão.
32. Quanto, porém, ao dia e à hora,
ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai.
33. Olhai!
vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo.
34. É como se um
homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a
cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que
vigiasse.
35. Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da
casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela
manhã;
36. para que, vindo de improviso, não vos ache
dormindo.
37. O que vos digo a vós, a todos o digo:
Vigiai.
[Marcos 14]Marcos 14
1.
Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais
sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para o
matarem.
2. Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja
tumulto entre o povo.
3. Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em
casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio
de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe
sobre a cabeça o bálsamo.
4. Mas alguns houve que em si mesmos se
indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?
5.
Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres.
E bramavam contra ela.
6. Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a
molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo.
7. Porquanto os
pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a
mim, porém, nem sempre me tendes.
8. ela fez o que pode; antecipou-se
a ungir o meu corpo para a sepultura.
9. Em verdade vos digo que, em
todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será
contado para memória sua.
10. Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi
ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.
11.
Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o
entregaria em ocasião oportuna.
12. Ora, no primeiro dia dos pães
ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que
vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa?
13. Enviou, pois,
dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um
homem levando um cântaro de água; seguí-o;
14. e, onde ele entrar,
dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que
hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
15. E ele vos mostrará
um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os
preparativos.
16. Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde
acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa.
17. Ao
anoitecer chegou ele com os doze.
18. E, quando estavam reclinados à
mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come,
há de trair-me.
19. Ao que eles começaram a entristecer-se e a
perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu?
20. Respondeu-lhes: É
um dos doze, que mete comigo a mão no prato.
21. Pois o Filho do homem
vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do
homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
22.
Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo:
Tomai; isto é o meu corpo.
23. E tomando um cálice, rendeu graças e
deu-lho; e todos beberam dele.
24. E disse-lhes: Isto é o meu sangue,
o sangue do pacto, que por muitos é derramado.
25. Em verdade vos digo
que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo,
no reino de Deus.
26. E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte
das Oliveiras.
27. Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos
escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se
dispersarão.
28. Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós
para a Galiléia.
29. Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se
escandalizem, nunca, porém, eu.
30. Replicou-lhe Jesus: Em verdade te
digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me
negarás.
31. Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja
necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam
todos.
32. Então chegaram a um lugar chamado Getsêmani, e disse Jesus
a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.
33. E levou
consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a
angustiar-se;
34. e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte;
ficai aqui e vigiai.
35. E adiantando-se um pouco, prostrou-se em
terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela
hora.
36. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este
cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.
37.
Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar
uma hora?
38. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o
espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
39. Retirou-se
de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
40. E voltando outra vez,
achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe
responder.
41. Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e
descansai.-Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue
nas mãos dos pecadores.
42. Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado
aquele que me trai.
43. E logo, enquanto ele ainda falava, chegou
Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da
parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos.
44. Ora,
o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é;
prendei-o e levai-o com segurança.
45. E, logo que chegou,
aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou.
46. Ao que eles lhes
lançaram as mãos, e o prenderam.
47. Mas um dos que ali estavam,
puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma
orelha.
48. Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me
prender, como a um salteador?
49. Todos os dias estava convosco no
templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as
Escrituras.
50. Nisto, todos o deixaram e fugiram.
51. Ora,
seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o
agarraram.
52. Mas ele, largando o lençol, fugiu
despido.
53. Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os
principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.
54. E Pedro o seguiu
de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas,
aquentando-se ao fogo.
55. Os principais sacerdotes testemunho contra
Jesus para o matar, e não o achavam.
56. Porque contra ele muitos
depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam.
57.
Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele,
dizendo:
58. Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário,
construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por
mãos de homens.
59. E nem assim concordava o seu
testemunho.
60. Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou
a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta
ti?
61. Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo
sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus
bendito?
62. Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem
assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu.
63. Então o
sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de
testemunhas?
64. Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos
o condenaram como réu de morte.
65. E alguns começaram a cuspir nele,
e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os
guardas receberam-no a bofetadas.
66. Ora, estando Pedro em baixo, no
átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote
67. e, vendo a Pedro,
que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno,
esse Jesus.
68. Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que
dizes. E saiu para o alpendre.
69. E a criada, vendo-o, começou de
novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.
70. Mas ele o negou
outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro:
Certamente tu és um deles; pois és também galileu.
71. Ele, porém,
começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem
falais.
72. Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro
lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes,
três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar.
[Marcos 15]Marcos 15
1. Logo de manhã tiveram conselho
os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o sinédrio; e
maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos.
2. Pilatos lhe
perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como
dizes.
3. e os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas
coisas.
4. Tornou Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada?
Vê quantas acusações te fazem.
5. Mas Jesus nada mais respondeu, de
maneira que Pilatos se admirava.
6. Ora, por ocasião da festa
costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.
7. E havia
um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim haviam
cometido um homicídio.
8. E a multidão subiu e começou a pedir o que
lhe costumava fazer.
9. Ao que Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos
solte o rei dos judeus?
10. Pois ele sabia que por inveja os
principais sacerdotes lho haviam entregado.
11. Mas os principais
sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a
Barrabás.
12. E Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei
então daquele a quem chamais reis dos judeus?
13. Novamente clamaram
eles: Crucifica-o!
14. Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que
eles clamaram ainda mais: Crucifica-o!
15. Então Pilatos, querendo
satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado açoitar a Jesus, o
entregou para ser crucificado.
16. Os soldados, pois, levaram-no para
dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a corte;
17.
vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam
tecido;
18. e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos
judeus!
19. Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos
de joelhos, o adoravam.
20. Depois de o terem assim escarnecido,
despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a
fim de o crucificarem.
21. E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de
Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a
cruz.
22. Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar
da Caveira.
23. E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não
o tomou.
24. Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes
dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria.
25. E
era a hora terceira quando o crucificaram.
26. Por cima dele estava
escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
27. Também, com
ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à
esquerda.
28. E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores
foi contado.
29. E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a
cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o
reedificas.
30. salva-te a ti mesmo, descendo da cruz.
31.
De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o,
diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar;
32.
desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos,
Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.
33. E, chegada
a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona.
34. E, à
hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que,
traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
35. Alguns
dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por
Elias.
36. Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a
numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá
tirá-lo.
37. Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.
38.
Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.
39. Ora,
o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse:
Verdadeiramente este homem era filho de Deus.
40. Também ali estavam
algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de
Tiago o Menor e de José, e Salomé;
41. as quais o seguiam e o serviam
quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a
Jerusalém.
42. Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é,
a véspera do sábado,
43. José de Arimatéia, ilustre membro do
sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi Pilatos e
pediu o corpo de Jesus.
44. Admirou-se Pilatos de que já tivesse
morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia
morrido.
45. E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a
José;
46. o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o
corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou
uma pedra para a porta do sepulcro.
47. E Maria Madalena e Maria, mãe
de José, observavam onde fora posto.
[Marcos 16]Marcos
16
1. Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe
de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
2. E, no
primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do
sol.
3. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta
do sepulcro?
4. Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era
muito grande, já estava revolvida;
5. e entrando no sepulcro, viram um
moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram
atemorizadas.
6. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais
a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o
lugar onde o puseram.
7. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro,
que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos
disse.
8. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam
possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque
temiam.
9. Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da
semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete
demônios.
10. Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os
quais estavam tristes e chorando;
11. e ouvindo eles que vivia, e que
tinha sido visto por ela, não o creram.
12. Depois disso manifestou-se
sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo,
13. os
quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.
14.
Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e
lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem
dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.
15. E disse-lhes:
Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
16. Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
17.
E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios;
falarão novas línguas;
18. pegarão em serpentes; e se beberem alguma
coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e
estes serão curados.
19. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi
recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.
20. Eles, pois,
saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a
palavra com os sinais que os acompanhavam.
[Lucas 1]Lucas 1
1. Visto que muitos têm empreendido
fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se
realizaram,
2. segundo no-los transmitiram os que desde o princípio
foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
3. também a mim,
depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó
excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.
4. para que
conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.
5.
Houve nos dias do Rei Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da
turma de Abias; e sua mulher era descendente de Arão, e chamava-se
Isabel.
6. Ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis
em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
7. Mas não tinham
filhos, porque Isabel era estéril, e ambos avançados em idade.
8. Ora,
estando ele a exercer as funções sacerdotais perante Deus, na ordem da sua
turma,
9. segundo o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte entrar
no santuário do Senhor, para oferecer o incenso;
10. e toda a multidão
do povo orava da parte de fora, à hora do incenso.
11. Apareceu-lhe,
então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
12. E
Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou.
13. Mas o anjo
lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua
mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João;
14. e
terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu
nascimento;
15. porque ele será grande diante do Senhor; não beberá
vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua
mãe;
16. converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu
Deus;
17. irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para
converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos,
a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.
18. Disse então
Zacarias ao anjo: Como terei certeza disso? pois eu sou velho, e minha mulher
também está avançada em idade.
19. Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou
Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas
boas novas;
20. e eis que ficarás mudo, e não poderás falar até o dia
em que estas coisas aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que a
seu tempo hão de cumprir-se.
21. O povo estava esperando Zacarias, e
se admirava da sua demora no santuário.
22. Quando saiu, porém, não
lhes podia falar, e perceberam que tivera uma visão no santuário. E falava-lhes
por acenos, mas permanecia mudo.
23. E, terminados os dias do seu
ministério, voltou para casa.
24. Depois desses dias Isabel, sua
mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:
25. Assim me
fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu
opróbrio diante dos homens.
26. Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel
enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27. a uma
virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da
virgem era Maria.
28. E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve,
agraciada; o Senhor é contigo.
29. Ela, porém, ao ouvir estas
palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria
essa.
30. Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça
diante de Deus.
31. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual
porás o nome de Jesus.
32. Este será grande e será chamado filho do
Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai;
33. e
reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá
fim.
34. Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que
não conheço varão?
35. Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito
Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de
nascer será chamado santo, Filho de Deus.
36. Eis que também Isabel,
tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela
que era chamada estéril;
37. porque para Deus nada será
impossível.
38. Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor;
cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
39.
Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma
cidade de Judá,
40. entrou em casa de Zacarias e saudou a
Isabel.
41. Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha
no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,
42. e exclamou
em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu
ventre!
43. E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu
Senhor?
44. Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a
criancinha saltou de alegria dentro de mim.
45. Bem-aventurada aquela
que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram
ditas.
46. Disse então Maria: A minha alma engrandece ao
Senhor,
47. e o meu espírito exulta em Deus meu
Salvador;
48. porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde
agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
49. porque
o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.
50. E a sua
misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
51. Com o
seu braço manifestou poder; dissipou os que eram soberbos nos pensamentos de
seus corações;
52. depôs dos tronos os poderosos, e elevou os
humildes.
53. Aos famintos encheu de bens, e vazios despediu os
ricos.
54. Auxiliou a Isabel, seu servo, lembrando-se de
misericórdia
55. (como falou a nossos pais) para com Abraão e a sua
descendência para sempre.
56. E Maria ficou com ela cerca de três
meses; e depois voltou para sua casa.
57. Ora, completou-se para
Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
58. Ouviram seus
vizinhos e parentes que o Senhor lhe multiplicara a sua misericórdia, e se
alegravam com ela.
59. Sucedeu, pois, no oitavo dia, que vieram
circuncidar o menino; e queriam dar-lhe o nome de seu pai,
Zacarias.
60. Respondeu, porém, sua mãe: De modo nenhum, mas será
chamado João.
61. Ao que lhe disseram: Ninguém há na tua parentela que
se chame por este nome.
62. E perguntaram por acenos ao pai como
queria que se chamasse.
63. E pedindo ele uma tabuinha, escreveu: Seu
nome é João. E todos se admiraram.
64. Imediatamente a boca se lhe
abriu, e a língua se lhe soltou; louvando a Deus.
65. Então veio temor
sobre todos os seus vizinhos; e em toda a região montanhosa da Judéia foram
divulgadas todas estas coisas.
66. E todos os que delas souberam as
guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser, então, este menino? Pois a mão do
Senhor estava com ele.
67. Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito
Santo e profetizou, dizendo:
68. Bendito, seja o Senhor Deus de
Israel, porque visitou e remiu o seu povo,
69. e para nós fez surgir
uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo;
70. assim como desde
os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos
profetas;
71. para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os
que nos odeiam;
72. para usar de misericórdia com nossos pais, e
lembrar-se do seu santo pacto
73. e do juramento que fez a Abrão,
nosso pai,
74. de conceder-nos que, libertados da mão de nossos
inimigos, o servíssemos sem temor,
75. em santidade e justiça perante
ele, todos os dias da nossa vida.
76. E tu, menino, serás chamado
profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, a preparar os seus
caminhos;
77. para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na
remissão dos seus pecados,
78. graças à entrenhável misericórdia do
nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto,
79. para
alumiar aos que jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os
nossos pés no caminho da paz.
80. Ora, o menino crescia, e se
robustecia em espírito; e habitava nos desertos até o dia da sua manifestação a
Israel.
[Lucas 2]Lucas 2
1.
Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo
fosse recenseado.
2. Este primeiro recenseamento foi feito quando
Quirínio era governador da Síria.
3. E todos iam alistar-se, cada um à
sua própria cidade.
4. Subiu também José, da Galiléia, da cidade de
Nazaré, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de
Davi,
5. a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava
grávida.
6. Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de
dar à luz,
7. e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o
deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na
estalagem.
8. Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no
campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho.
9. E um
anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo
que se encheram de grande temor.
10. O anjo, porém, lhes disse: Não
temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o
povo:
11. É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é
Cristo, o Senhor.
12. E isto vos será por sinal: Achareis um menino
envolto em faixas, e deitado em uma manjedoura.
13. Então, de repente,
apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e
dizendo:
14. Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre
os homens de boa vontade.
15. E logo que os anjos se retiraram deles
para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos já até Belém, e vejamos
isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.
16. Foram, pois,
a toda a pressa, e acharam Maria e José, e o menino deitado na
manjedoura;
17. e, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino
lhes fora dita;
18. e todos os que a ouviram se admiravam do que os
pastores lhes diziam.
19. Maria, porém, guardava todas estas coisas,
meditando-as em seu coração.
20. E voltaram os pastores, glorificando
e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora
dito.
21. Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o
menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser
concebido.
22. Terminados os dias da purificação, segundo a lei de
Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
23.
(conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao
Senhor),
24. e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei
do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.
25. Ora, havia em
Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus,
esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre
ele.
26. E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria
antes de ver o Cristo do Senhor.
27. Assim pelo Espírito foi ao
templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo
o costume da lei,
28. Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus,
e disse:
29. Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua
palavra;
30. pois os meus olhos já viram a tua salvação,
31.
a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;
32. luz para
revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.
33. Enquanto
isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se
diziam.
34. E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis
que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser
alvo de contradição,
35. sim, e uma espada traspassará a tua própria
alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
36.
Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já
avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua
virgindade;
37. e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se
afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e
orações.
38. Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a
respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de
Jerusalém.
39. Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor,
voltaram à Galiléia, para sua cidade de Nazaré.
40. E o menino ia
crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus
estava sobre ele.
41. Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à
festa da páscoa.
42. Quando Jesus completou doze anos, subiram eles
segundo o costume da festa;
43. e, terminados aqueles dias, ao
regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus
pais;
44. julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de
viagem, andaram caminho de um dia, e o procuravam entre os parentes e
conhecidos;
45. e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca
dele.
46. E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo,
sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
47. E
todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas
respostas.
48. Quando o viram, ficaram maravilhados, e disse-lhe sua
mãe: Filho, por que procedeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos
te procurávamos.
49. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não
sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?
50. Eles, porém, não
entenderam as palavras que lhes dissera.
51. Então, descendo com eles,
foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em
seu coração.
52. E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça
diante de Deus e dos homens.
[Lucas 3]Lucas
3
1. No décimo quinto ano do reinado de Tibério César,
sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu
irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e de Traconites, e Lisânias tetrarca
de Abilene,
2. sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio a palavra de
Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
3. E ele percorreu toda a
circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão
de pecados;
4. como está escrito no livro das palavras do profeta
Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as
suas veredas.
5. Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e
outeiro; o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se
aplanarão;
6. e toda a carne verá a salvação de Deus.
7.
João dizia, pois, às multidões que saíam para ser batizadas por ele: Raça de
víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura?
8. Produzi, pois,
frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos por
pai a Abrão; porque eu vos digo que até destas pedras Deus pode suscitar filhos
a Abrão.
9. Também já está posto o machado à raiz das árvores; toda
árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no
fogo.
10. Ao que lhe perguntavam as multidões: Que faremos,
pois?
11. Respondia-lhes então: Aquele que tem duas túnicas, reparta
com o que não tem nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o
mesmo.
12. Chegaram também uns publicanos para serem batizados, e
perguntaram-lhe: Mestre, que havemos nós de fazer?
13. Respondeu-lhes
ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito.
14.
Interrogaram-no também uns soldados: E nós, que faremos? Disse-lhes: A ninguém
queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o
vosso soldo.
15. Ora, estando o povo em expectativa e arrazoando todos
em seus corações a respeito de João, se porventura seria ele o
Cristo,
16. respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, vos
batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou
digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em
fogo.
17. A sua pá ele tem na mão para limpar bem a sua eira, e
recolher o trigo ao seu celeiro; mas queimará a palha em fogo
inextinguível.
18. Assim pois, com muitas outras exortações ainda,
anunciava o evangelho ao povo.
19. Mas o tetrarca Herodes, sendo
repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão, e por todas as
maldades que havia feito,
20. acrescentou a todas elas ainda esta, a
de encerrar João no cárcere.
21. Quando todo o povo fora batizado,
tendo sido Jesus também batizado, e estando ele a orar, o céu se
abriu;
22. e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como
uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me
comprazo.
23. Ora, Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de
trinta anos; sendo (como se cuidava) filho de José, filho de Eli;
24.
Eli de Matate, Matate de Levi, Levi de Melqui, Melqui de Janai, Janai de
José,
25. José de Matatias, Matatias de Amós, Amós de Naum, Naum de
Esli, Esli de Nagai,
26. Nagai de Maate, Maate de Matatias, Matatias
de Semei, Semei de Joseque, Joseque de Jodá,
27. Jodá de Joanã, Joanã
de Resa, Resa de Zorobabel, Zorobabel de Salatiel, Salatiel de
Neri,
28. Neri de Melqui, Melqui de Adi, Adi de Cosão, Cosão de
Elmodã, Elmodão de Er,
29. Er de Josué, Josué de Eliézer, Eliézer de
Jorim, Jorim de Matate, Matate de Levi,
30. Levi de Simeão, Simeão de
Judá, Judá de José, José de Jonã, Jonã de Eliaquim,
31. Eliaquim de
Meleá, Meleá de Mená, Mená de Matatá, Matatá de Natã, Natã de
Davi,
32. Davi de Jessé, Jessé de Obede, Obede de Boaz, Boaz de Salá,
Salá de Nasom,
33. Nasom de Aminadabe, Aminadabe de Admim, Admim de
Arni, Arni de Esrom, Esrom de Farés, Farés de Judá,
34. Judá de Jacó,
Jacó de Isaque, Isaque de Abraão, Abraão de Tará, Tará de Naor,
35.
Naor de Seruque, Seruque de Ragaú, Ragaú de Faleque, Faleque de Eber, Eber de
Salá,
36. Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade, Arfaxade de Sem, Sem de
Noé, Noé de Lameque,
37. Lameque de Matusalém, Matusalém de Enoque,
Enoque de Jarede, Jarede de Maleleel, Maleleel de Cainã,
38. Cainã de
Enos, Enos de Sete, Sete de Adão, e Adão de Deus.
[Lucas 4]Lucas 4
1. Jesus, pois, cheio do Espírito
Santo, voltou do Jordão; e era levado pelo Espírito no deserto,
2.
durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. E naqueles dias não comeu coisa
alguma; e terminados eles, teve fome.
3. Disse-lhe então o Diabo: Se
tu és Filho de Deus, manda a esta pedra que se torne em pão.
4. Jesus,
porém, lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem.
5.
Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os
reinos do mundo.
6. E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória
destes reinos, porque me foi entregue, e a dou a quem eu quiser;
7. se
tu, me adorares, será toda tua.
8. Respondeu-lhe Jesus: Está escrito:
Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
9. Então o levou a
Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se tu és Filho de
Deus, lança-te daqui abaixo;
10. porque está escrito: Aos seus anjos
ordenará a teu respeito, que te guardem;
11. e: eles te susterão nas
mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
12. Respondeu-lhe
Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor teu Deus.
13. Assim, tendo o
Diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião
oportuna.
14. Então voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito;
e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.
15. Ensinava nas
sinagogas deles, e por todos era louvado.
16. Chegando a Nazaré, onde
fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e
levantou-se para ler.
17. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías;
e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito:
18. O Espírito do
Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres;
enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos
cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
19. e para proclamar o ano
aceitável do Senhor.
20. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente
e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
21.
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos
ouvidos.
22. E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras
de graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de
José?
23. Disse-lhes Jesus: Sem dúvida me direis este provérbio:
Médico, cura-te a ti mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em Cafarnaum, faze-o
também aqui na tua terra.
24. E prosseguiu: Em verdade vos digo que
nenhum profeta é aceito na sua terra.
25. Em verdade vos digo que
muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando céu se fechou por três
anos e seis meses, de sorte que houve grande fome por toda a
terra;
26. e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em
Serepta de Sidom.
27. Também muitos leprosos havia em Israel no tempo
do profeta Elizeu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o
sírio.
28. Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas,
ficaram cheios de ira.
29. e, levantando-se, expulsaram-no da cidade e
o levaram até o despenhadeiro do monte em que a sua cidade estava edificada,
para dali o precipitarem.
30. Ele, porém, passando pelo meio deles,
seguiu o seu caminho.
31. Então desceu a Cafarnaum, cidade da
Galiléia, e os ensinava no sábado.
32. e maravilharam-se da sua
doutrina, porque a sua palavra era com autoridade.
33. Havia na
sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo; e gritou em alta
voz:
34. Ah! que temos nós contigo, Jesus, nazareno? vieste
destruir-nos? Bem sei quem é: o Santo de Deus.
35. Mas Jesus o
repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, tendo-o lançado por terra
no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal algum.
36. E veio espanto
sobre todos, e falavam entre si, perguntando uns aos outros: Que palavra é esta,
pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles
saem?
37. E se divulgava a sua fama por todos os lugares da
circunvizinhança.
38. Ora, levantando-se Jesus, saiu da sinagoga e
entrou em casa de Simão; e estando a sogra de Simão enferma com muita febre,
rogaram-lhe por ela.
39. E ele, inclinando-se para ela, repreendeu a
febre, e esta a deixou. Imediatamente ela se levantou e os servia.
40.
Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e
ele punha as mãos sobre cada um deles e os curava.
41. Também de
muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus. Ele, porém, os
repreendia, e não os deixava falar; pois sabiam que ele era o
Cristo.
42. Ao romper do dia saiu, e foi a um lugar deserto; e as
multidões procuravam-no e, vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se
ausentasse delas.
43. Ele, porém, lhes disse: É necessário que também
às outras cidades eu anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é
que fui enviado.
44. E pregava nas sinagogas da Judéia.
[Lucas
5]Lucas 5
1. Certa vez, quando a
multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago
de Genezaré;
2. e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os
pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes.
3.
Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um
pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões.
4.
Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes
para a pesca.
5. Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda,
e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
6. Feito
isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se
rompiam.
7. Acenaram então aos companheiros que estavam no outro
barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de
maneira tal que quase iam a pique.
8. Vendo isso Simão Pedro,
prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um
homem pecador.
9. Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto
se apoderara dele e de todos os que com ele estavam,
10. bem como de
Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão:
Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
11. E, levando
eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram.
12. Estando
ele numa das cidades, apareceu um homem cheio de lepra que, vendo a Jesus,
prostrou-se com o rosto em terra e suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes
tornar-me limpo.
13. Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe,
dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante desapareceu dele a
lepra.
14. Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai,
disse ele, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta pela tua purificação, conforme
Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
15. A sua fama,
porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para ouvi-lo
e serem curadas das suas enfermidades.
16. Mas ele se retirava para os
desertos, e ali orava.
17. Um dia, quando ele estava ensinando,
achavam-se ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as
aldeias da Galiléia e da Judéia, e de Jerusalém; e o poder do Senhor estava com
ele para curar.
18. E eis que uns homens, trazendo num leito um
paralítico, procuravam introduzi-lo e pô-lo diante dele.
19. Mas, não
achando por onde o pudessem introduzir por causa da multidão, subiram ao eirado
e, por entre as telhas, o baixaram com o leito, para o meio de todos, diante de
Jesus.
20. E vendo-lhes a fé, disse ele: Homem, são-te perdoados os
teus pecados.
21. Então os escribas e os fariseus começaram a
arrazoar, dizendo: Quem é este que profere blasfêmias? Quem é este que profere
blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?
22. Jesus,
porém, percebendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Por que
arrazoais em vossos corações?
23. Qual é mais fácil? dizer: São-te
perdoados os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, e anda?
24. Ora, para
que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar
pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito e vai
para tua casa.
25. Imediatamente se levantou diante deles, tomou o
leito em que estivera deitado e foi para sua casa, glorificando a
Deus.
26. E, tomados de pasmo, todos glorificavam a Deus; e diziam,
cheios de temor: Hoje vimos coisas extraordinárias.
27. Depois disso
saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, disse-lhe:
Segue-me.
28. Este, deixando tudo, levantou-se e o
seguiu.
29. Deu-lhe então Levi um lauto banquete em sua casa; havia
ali grande número de publicanos e outros que estavam com eles à
mesa.
30. Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas contra os
discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e
pecadores?
31. Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos,
mas sim os enfermos;
32. eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao
arrependimento.
33. Disseram-lhe eles: Os discípulos de João jejuam
freqüentemente e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e
bebem.
34. Respondeu-lhes Jesus: Podeis, porventura, fazer jejuar os
convidados às núpcias enquanto o noivo está com eles?
35. Dias virão,
porém, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim hão de
jejuar.
36. Propôs-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de
um vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará
o novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho.
37. E
ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os
odres e se derramará, e os odres se perderão;
38. mas vinho novo deve
ser deitado em odres novos.
39. E ninguém, tendo bebido o velho, quer
o novo; porque diz: O velho é bom.
[Lucas 6]Lucas
6
1. E sucedeu que, num dia de sábado, passava Jesus
pelas searas; e seus discípulos iam colhendo espigas e, debulhando-as com as
mãos, as comiam.
2. Alguns dos fariseus, porém, perguntaram; Por que
estais fazendo o que não é lícito fazer nos sábados?
3. E Jesus,
respondendo-lhes, disse: Nem ao menos tendes lido o que fez Davi quando teve
fome, ele e seus companheiros?
4. Como entrou na casa de Deus, tomou
os pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão só aos sacerdotes, e
deles comeu e deu também aos companheiros?
5. Também lhes disse: O
Filho do homem é Senhor do sábado.
6. Ainda em outro sábado entrou na
sinagoga, e pôs-se a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita
atrofiada.
7. E os escribas e os fariseus observavam-no, para ver se
curaria em dia de sábado, para acharem de que o acusar.
8. Mas ele,
conhecendo-lhes os pensamentos, disse ao homem que tinha a mão atrofiada:
Levanta-te, e fica em pé aqui no maio. E ele, levantando-se, ficou em
pé.
9. Disse-lhes, então, Jesus: Eu vos pergunto: É lícito no sábado
fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou tirá-la?
10. E olhando para
todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele assim o fez, e a mão lhe
foi restabelecida.
11. Mas eles se encheram de furor; e uns com os
outros conferenciam sobre o que fariam a Jesus.
12. Naqueles dias
retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a
Deus.
13. Depois do amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze
dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:
14. Simão, ao
qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e
Bartolomeu;
15. Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado
Zelote;
16. Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser
o traidor.
17. E Jesus, descendo com eles, parou num lugar plano, onde
havia não só grande número de seus discípulos, mas também grande multidão do
povo, de toda a Judéia e Jerusalém, e do litoral de Tiro e de Sidom, que tinham
vindo para ouvi-lo e serem curados das suas doenças;
18. e os que eram
atormentados por espíritos imundos ficavam curados.
19. E toda a
multidão procurava tocar-lhe; porque saía dele poder que curava a
todos.
20. Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos,
dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de
Deus.
21. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis
fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de
rir.
22. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, e quando
vos expulsarem da sua companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome
como indigno, por causa do Filho do homem.
23. Regozijai-vos nesse dia
e exultai, porque eis que é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os
seus pais aos profetas.
24. Mas ai de vós que sois ricos! porque já
recebestes a vossa consolação.
25. Ai de vós, os que agora estais
fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos
lamentareis e chorareis.
26. Ai de vós, quando todos os homens vos
louvarem! porque assim faziam os seus pais aos falsos profetas.
27.
Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos
odeiam,
28. bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos
caluniam.
29. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e
ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica.
30. Dá
a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho
reclames.
31. Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo
modo lhes fazei vós também.
32. Se amardes aos que vos amam, que
mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
33. E
se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores
fazem o mesmo.
34. E se emprestardes àqueles de quem esperais receber,
que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem
outro tanto.
35. Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai,
nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do
Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e
maus.
36. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é
misericordioso.
37. Não julgueis, e não sereis julgados; não
condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.
38.
Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos
deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a
vós.
39. E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego
guiar outro cego? não cairão ambos no barranco?
40. Não é o discípulo
mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu
mestre.
41. Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas
na trave que está no teu próprio olho?
42. Ou como podes dizer a teu
irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo
a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então
verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
43.
Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom
fruto.
44. Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois
dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam
uvas.
45. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o
homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no
coração, disso fala a boca.
46. E por que me chamais: Senhor, Senhor,
e não fazeis o que eu vos digo?
47. Todo aquele que vem a mim, e ouve
as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é
semelhante:
48. É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou,
abriu profunda vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu
com ímpeto a torrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem
edificada.
49. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem
que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a
torrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.
[Lucas 7]Lucas 7
1. Quando acabou de proferir todas
estas palavras aos ouvidos do povo, entrou em Cafarnaum.
2. E um servo
de certo centurião, de quem era muito estimado, estava doente, quase à
morte.
3. O centurião, pois, ouvindo falar de Jesus, enviou-lhes uns
anciãos dos judeus, a pedir-lhe que viesse curar o seu servo.
4. E
chegando eles junto de Jesus, rogavam-lhe com instância, dizendo: É digno de que
lhe concedas isto;
5. porque ama à nossa nação, e ele mesmo nos
edificou a sinagoga.
6. Ia, pois, Jesus com eles; mas, quando já
estava perto da casa, enviou o centurião uns amigos a dizer-lhe: Senhor, não te
incomodes; porque não sou digno de que entres debaixo do meu
telhado;
7. por isso nem ainda me julguei digno de ir à tua presença;
dize, porém, uma palavra, e seja o meu servo curado.
8. Pois também eu
sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a
este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e
ele o faz.
9. Jesus, ouvindo isso, admirou-se dele e, voltando-se para
a multidão que o seguia, disse: Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei
tamanha fé.
10. E voltando para casa os que haviam sido enviados,
encontraram o servo com saúde.
11. Pouco depois seguiu ele viagem para
uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande
multidão.
12. Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam
para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma
grande multidão da cidade.
13. Logo que o Senhor a viu, encheu-se de
compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
14. Então, chegando-se,
tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo:
Levanta-te.
15. O que estivera morto sentou-se e começou a falar.
Então Jesus o entregou à sua mãe.
16. O medo se apoderou de todos, e
glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus
visitou o seu povo.
17. E correu a notícia disto por toda a Judéia e
por toda a região circunvizinha.
18. Ora, os discípulos de João
anunciaram-lhe todas estas coisas.
19. E João, chamando a dois deles,
enviou-os ao Senhor para perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou
havemos de esperar outro?
20. Quando aqueles homens chegaram junto
dele, disseram: João, o Batista, enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que
havia de vir, ou havemos de esperar outro?
21. Naquela mesma hora,
curou a muitos de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a
muitos cegos.
22. Então lhes respondeu: Ide, e contai a João o que
tens visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados,
e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o
evangelho.
23. E bem-aventurado aquele que não se escandalizar de
mim.
24. E, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a
dizer às multidões a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? um caniço
agitado pelo vento?
25. Mas que saístes a ver? um homem trajado de
vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em
delícias, estão nos paços reais.
26. Mas que saístes a ver? um
profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
27. Este é aquele
de quem está escrito: Eis aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de
preparar adiante de ti o teu caminho.
28. Pois eu vos digo que, entre
os nascidos de mulher, não há nenhum maior do que João; mas aquele que é o menor
no reino de Deus é maior do que ele.
29. E todo o povo que o ouviu, e
até os publicanos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o batismo de
João.
30. Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho
de Deus quando a si mesmos, não sendo batizados por ele.
31. A que,
pois, compararei os homens desta geração, e a que são semelhantes?
32.
São semelhantes aos meninos que, sentados nas praças, gritam uns para os outros:
Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não
chorastes.
33. Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem
bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio;
34. veio o Filho do homem,
comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de
publicanos e pecadores.
35. Mas a sabedoria é justificada por todos os
seus filhos.
36. Um dos fariseus convidou-o para comer com ele; e
entrando em casa do fariseu, reclinou-se à mesa.
37. E eis que uma
mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa
do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo;
38. e estando por
detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os
enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o
bálsamo.
39. Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava
consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é
essa mulher que o toca, pois é uma pecadora.
40. E respondendo Jesus,
disse-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Dize-a,
Mestre.
41. Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos
denários, e outro cinqüenta.
42. Não tendo eles com que pagar, perdoou
a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?
43. Respondeu Simão: Suponho
que é aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe Jesus: Julgaste
bem.
44. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta
mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas
lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.
45. Não me deste
ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os
pés.
46. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo
ungiu-me os pés.
47. Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados,
que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco
ama.
48. E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.
49.
Mas os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que
até perdoa pecados?
50. Jesus, porém, disse à mulher: A tua fé te
salvou; vai-te em paz.
[Lucas 8]Lucas
8
1. Logo depois disso, andava Jesus de cidade em
cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de
Deus; e iam com ele os doze,
2. bem como algumas mulheres que haviam
sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena,
da qual tinham saído sete demônios.
3. Joana, mulher de Cuza,
procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus
bens.
4. Ora, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com ele
gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola:
5. Saiu o
semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à
beira do caminho; e foi pisada, e as aves do céu a comeram.
6. Outra
caiu sobre pedra; e, nascida, secou-se porque não havia umidade.
7. E
outra caiu no meio dos espinhos; e crescendo com ela os espinhos,
sufocaram-na.
8. Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu
fruto, cem por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça.
9. Perguntaram-lhe então seus discípulos o que
significava essa parábola.
10. Respondeu ele: A vós é dado conhecer os
mistérios do reino de Deus; mas aos outros se fala por parábolas; para que
vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.
11. É, pois, esta a
parábola: A semente é a palavra de Deus.
12. Os que estão à beira do
caminho são os que ouvem; mas logo vem o Diabo e tira-lhe do coração a palavra,
para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
13. Os que estão sobre
a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas estes não têm
raiz, apenas crêem por algum tempo, mas na hora da provação se
desviam.
14. A parte que caiu entre os espinhos são os que ouviram e,
indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta vida
e não dão fruto com perfeição.
15. Mas a que caiu em boa terra são os
que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com
perseverança.
16. Ninguém, pois, acende uma candeia e a cobre com
algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que
entram vejam a luz.
17. Porque não há coisa encoberta que não haja de
manifestar-se, nem coisa secreta que não haja de saber-se e vir à
luz.
18. Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será
dado, e a qualquer que não tiver, até o que parece ter lhe será
tirado.
19. Vieram, então, ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não
podiam aproximar-se dele por causa da multidão.
20. Foi-lhe dito: Tua
mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te.
21. Ele, porém, lhes
respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a
observam.
22. Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus
discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E
partiram.
23. Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma
tempestade de vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que
perigavam.
24. Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre,
Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da
água; e cessaram, e fez-se bonança.
25. Então lhes perguntou: Onde
está a vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem,
pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
26.
Apontaram à terra dos gerasenos, que está defronte da Galiléia.
27.
Logo que saltou em terra, saiu-lhe ao encontro um homem da cidade, possesso de
demônios, que havia muito tempo não vestia roupa, nem morava em casa, mas nos
sepulcros.
28. Quando ele viu a Jesus, gritou, prostrou-se diante
dele, e com grande voz exclamou: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
29. Porque Jesus ordenara ao
espírito imundo que saísse do homem. Pois já havia muito tempo que se apoderara
dele; e guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as
prisões, era impelido pelo demônio para os desertos.
30. Perguntou-lhe
Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham entrado nele
muitos demônios.
31. E rogavam-lhe que não os mandasse para o
abismo.
32. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de
porcos; rogaram-lhe, pois que lhes permitisse entrar neles, e lho
permitiu.
33. E tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos;
e a manada precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e afogou-se.
34.
Quando os pastores viram o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade
e nos campos.
35. Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram
ter com Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem
de quem havia saído os demônios; e se atemorizaram.
36. Os que tinham
visto aquilo contaram-lhes como fora curado o endemoninhado.
37. Então
todo o povo da região dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles; porque
estavam possuídos de grande medo. Pelo que ele entrou no barco, e
voltou.
38. Pedia-lhe, porém, o homem de quem haviam saído os demônios
que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
39. Volta
para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando por
toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.
40. Quando Jesus voltou, a
multidão o recebeu; porque todos o estavam esperando.
41. E eis que
veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés
de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa;
42. porque tinha uma filha
única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia,
apertavam-no as multidões.
43. E certa mulher, que tinha uma
hemorragia havia doze anos e gastara com os médicos todos os seus haveres e por
ninguém pudera ser curada,
44. chegando-se por detrás, tocou-lhe a
orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia.
45. Perguntou
Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as
multidões te apertam e te oprimem.
46. Mas disse Jesus: Alguém me
tocou; pois percebi que de mim saiu poder.
47. Então, vendo a mulher
que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante
dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como
fora imediatamente curada.
48. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te
salvou; vai-te em paz.
49. Enquanto ainda falava, veio alguém da casa
do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o
Mestre.
50. Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê
somente, e será salva.
51. Tendo chegado à casa, a ninguém deixou
entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da
menina.
52. E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não
choreis; ela não está morta, mas dorme.
53. E riam-se dele, sabendo
que ela estava morta.
54. Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou:
Menina, levanta-te.
55. E o seu espírito voltou, e ela se levantou
imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.
56. E seus pais
ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia
sucedido.
[Lucas 9]Lucas 9
1.
Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para
curarem doenças;
2. e enviou-os a pregar o reino de Deus, e fazer
curas,
3. dizendo-lhes: Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem
alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
4. Em
qualquer casa em que entrardes, nela ficai, e dali partireis.
5. Mas,
onde quer que não vos receberem, saindo daquela cidade, sacudi o pó dos vossos
pés, em testemunho contra eles.
6. Saindo, pois, os discípulos
percorreram as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda
parte.
7. Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e
ficou muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos
mortos;
8. outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas
se levantou.
9. Herodes, porém, disse: A João eu mandei degolar; quem
é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava
vê-lo.
10. Quando os apóstolos voltaram, contaram-lhe tudo o que havia
feito. E ele, levando-os consigo, retirou-se à parte para uma cidade chamada
Betsaida.
11. Mas as multidões, percebendo isto, seguiram-no; e ele as
recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de
cura.
12. Ora, quando o dia começava a declinar, aproximando-se os
doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo às aldeias e aos sítios
em redor, se hospedem, e achem o que comer; porque aqui estamos em lugar
deserto.
13. Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de comer. Responderam
eles: Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós formos comprar
comida para todo este povo.
14. Pois eram cerca de cinco mil homens.
Então disse a seus discípulos: Fazei-os reclinar-se em grupos de cerca de
cinqüenta cada um.
15. Assim o fizeram, mandando que todos se
reclinassem.
16. E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, e
olhando para o céu, os abençoou e partiu, e os entregava aos seus discípulos
para os porem diante da multidão.
17. Todos, pois, comeram e se
fartaram; e foram levantados, do que lhes sobejou, doze cestos de
pedaços.
18. Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele
somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu
sou?
19. Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias;
e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou.
20. Então
lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro, disse: O
Cristo de Deus.
21. Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não
contassem isso a ninguém;
22. e disse-lhes: É necessário que o Filho
do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia
ressuscite.
23. Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
24. Pois
quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor
de mim, esse a salvará.
25. Pois, que aproveita ao homem ganhar o
mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo?
26. Porque,
quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho
do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos
anjos.
27. Mas em verdade vos digo: Alguns há, dos que estão aqui, que
de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus.
28.
Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a
Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar.
29. Enquanto ele
orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e
resplandecente.
30. E eis que estavam falando com ele dois varões, que
eram Moisés e Elias,
31. os quais apareceram com glória, e falavam da
sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém.
32. Ora, Pedro e
os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém,
viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele.
33. E, quando
estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui:
façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não
sabendo o que dizia.
34. Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que
os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem.
35. E da nuvem saiu
uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.
36.
Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles
dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
37. No dia
seguinte, quando desceram do monte, veio-lhe ao encontro uma grande
multidão.
38. E eis que um homem dentre a multidão clamou, dizendo:
Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que
tenho;
39. pois um espírito se apodera dele, fazendo-o gritar
subitamente, convulsiona-o até escumar e, mesmo depois de o ter quebrantado,
dificilmente o larga.
40. E roguei aos teus discípulos que o
expulsassem, mas não puderam.
41. Respondeu Jesus: ó geração incrédula
e perversa! até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu
filho.
42. Ainda quando ele vinha chegando, o demônio o derribou e o
convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o
entregou a seu pai.
43. E todos se maravilhavam da majestade de Deus.
E admirando-se todos de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus
discípulos:
44. Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos; pois o
Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
45. Eles,
porém, não entendiam essa palavra, cujo sentido lhes era encoberto para que não
o compreendessem; e temiam interrogá-lo a esse respeito.
46. E
suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o
maior.
47. Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou
uma criança, pô-la junto de si,
48. e disse-lhes: Qualquer que receber
esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber a mim,
recebe aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é
grande.
49. Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome
expulsava demônios; e lho proibimos, porque não segue conosco.
50.
Respondeu-lhe Jesus: Não lho proibais; porque quem não é contra vós é por
vós.
51. Ora, quando se completavam os dias para a sua assunção,
manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.
52. Enviou, pois,
mensageiros adiante de si. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para
lhe prepararem pousada.
53. Mas não o receberam, porque viajava em
direção a Jerusalém.
54. Vendo isto os discípulos Tiago e João,
disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir (como
Elias também fez?)
55. Ele porém, voltando-se, repreendeu-os, (e
disse: Vós não sabeis de que espírito sois.)
56. (Pois o Filho do
Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las.) E foram
para outra aldeia.
57. Quando iam pelo caminho, disse-lhe um homem:
Seguir-te-ei para onde quer que fores.
58. Respondeu-lhe Jesus: As
raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem
onde reclinar a cabeça.
59. E a outro disse: Segue-me. Ao que este
respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
60. Replicou-lhe
Jesus: Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e
anuncia o reino de Deus.
61. Jesus, porém, lhe respondeu: Ninguém que
lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.
[Lucas
10]Lucas 10
1. Depois disso designou o
Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as
cidades e lugares aonde ele havia de ir.
2. E dizia-lhes: Na verdade,
a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da
seara que mande trabalhadores para a sua seara.
3. Ide; eis que vos
envio como cordeiros ao meio de lobos.
4. Não leveis bolsa, nem
alforge, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
5. Em
qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta
casa.
6. E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa
paz; e se não, voltará para vós.
7. Ficai nessa casa, comendo e
bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não
andeis de casa em casa.
8. Também, em qualquer cidade em que
entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós.
9.
Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de
Deus.
10. Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não
receberem, saindo pelas ruas, dizei:
11. Até o pó da vossa cidade, que
se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de
Deus é chegado.
12. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para
Sodoma, do que para aquela cidade.
13. Ai de ti, Corazim! ai de ti,
Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em
vós se operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam
arrependido.
14. Contudo, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no
juízo do que para vós.
15. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada
até o céu? até o inferno descerás.
16. Quem vos ouve, a mim me ouve; e
quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que
me enviou.
17. Voltaram depois os setenta com alegria, dizendo:
Senhor, em teu nome, até os demônios se nos submetem.
18.
Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
19. Eis
que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder
do inimigo; e nada vos fará dano algum.
20. Contudo, não vos alegreis
porque se vos submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos
nomes escritos nos céus.
21. Naquela mesma hora exultou Jesus no
Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos;
sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
22. Todas as coisas me
foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem
quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser
revelar.
23. E voltando-se para os discípulos, disse-lhes em
particular: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.
24.
Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o
viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
25. E eis que se levantou
certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar
a vida eterna?
26. Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como
lês tu?
27. Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
28. Tornou-lhe Jesus:
Respondeste bem; faze isso, e viverás.
29. Ele, porém, querendo
justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
30. Jesus,
prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de
salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio
morto.
31. Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e
vendo-o, passou de largo.
32. De igual modo também um levita chegou
àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
33. Mas um samaritano, que ia
de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão;
34. e
aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o
sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
35.
No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida
dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.
36.
Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos
dos salteadores?
37. Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de
misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o
mesmo.
38. Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e
certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
39. Tinha esta
uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua
palavra.
40. Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e
aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a
servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.
41. Respondeu-lhe o
Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas
coisas;
42. entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e
Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.
[Lucas 11]Lucas 11
1. Estava Jesus em certo lugar
orando e, quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a
orar, como também João ensinou aos seus discípulos.
2. Ao que ele lhes
disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu
reino;
3. dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
4. e
perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos
deve; e não nos deixes entrar em tentação, (mas livra-nos do mal.)
5.
Disse-lhes também: Se um de vós tiver um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite
e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
6. pois que um amigo meu,
estando em viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que lhe
oferecer;
7. e se ele, de dentro, responder: Não me incomodes; já está
a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me
para te atender;
8. digo-vos que, ainda que se levante para lhos dar
por ser seu amigo, todavia, por causa da sua importunação, se levantará e lhe
dará quantos pães ele precisar.
9. Pelo que eu vos digo: Pedi, e
dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;
10. pois
todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que bate,
abrir-se-lhe-á.
11. E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir
pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma
serpente?
12. Ou, se pedir um ovo, lhe dará um
escorpião?
13. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho
pedirem?
14. Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e
aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se
admiraram.
15. Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe
dos demônios, que ele expulsa os demônios.
16. E outros,
experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu.
17. Ele, porém,
conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo
será assolado, e casa sobre casa cairá.
18. Ora, pois, se Satanás está
dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu
expulso dos demônios por Belzebu.
19. E, se eu expulso os demônios por
Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os
vossos juizes.
20. Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os
demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
21. Quando o valente
guarda, armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens;
22. mas,
sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura
em que confiava, e reparte os seus despojos.
23. Quem não é comigo, é
contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
24. Ora, havendo o
espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e
não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí.
25. E
chegando, acha-a varrida e adornada.
26. Então vai, e leva consigo
outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último
estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro.
27. Ora, enquanto
ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe
disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te
amamentaste.
28. Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem
a palavra de Deus, e a observam.
29. Como afluíssem as multidões,
começou ele a dizer: Geração perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal
se lhe dará, senão o de Jonas;
30. porquanto, assim como Jonas foi
sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta
geração.
31. A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta
geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria
de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.
32. Os homens de
Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se
arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que
Jonas.
33. Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar
oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a
luz.
34. A candeia do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos
forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, quando forem maus, o teu corpo
será tenebroso.
35. Vê, então, que a luz que há em ti não sejam
trevas.
36. Se, pois, todo o teu corpo estiver iluminado, sem ter
parte alguma em trevas, será inteiramente luminoso, como quando a candeia te
alumia com o seu resplendor.
37. Acabando Jesus de falar, um fariseu o
convidou para almoçar com ele; e havendo Jesus entrado, reclinou-se à
mesa.
38. O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de
almoçar.
39. Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós, os fariseus, limpais
o exterior do corpo e do prato; mas o vosso interior do copo e do prato; mas o
vosso interior está cheio de rapina e maldade.
40. Loucos! quem fez o
exterior, não fez também o inferior?
41. Dai, porém, de esmola o que
está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão
limpas.
42. Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã,
e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora,
estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas.
43. Ai de vós,
fariseus! porque gostais dos primeiros assentos nas sinagogas, e das saudações
nas praças.
44. Ai de vós! porque sois como as sepulturas que não
aparecem, sobre as quais andam os homens sem o saberem.
45. Disse-lhe,
então, um dos doutores da lei: Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a
nós.
46. Ele, porém, respondeu: Ai de vós também, doutores da lei!
porque carregais os homens com fardos difíceis de suportar, e vós mesmos nem
ainda com um dos vossos dedos tocais nesses fardos.
47. Ai de vós!
porque edificais os túmulos dos profetas, e vossos pais os
mataram.
48. Assim sois testemunhas e aprovais as obras de vossos
pais; porquanto eles os mataram, e vós lhes edificais os túmulos.
49.
Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e
eles matarão uns, e perseguirão outros;
50. para que a esta geração se
peçam contas do sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi
derramado;
51. desde o sangue de Abel, até o sangue de Zacarias, que
foi morto entre o altar e o santuário; sim, eu vos digo, a esta geração se
pedirão contas.
52. Ai de vós, doutores da lei! porque tirastes a
chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que
entravam.
53. Ao sair ele dali, começaram os escribas e os fariseus a
apertá-lo fortemente, e a interrogá-lo acerca de muitas coisas,
54.
armando-lhe ciladas, a fim de o apanharem em alguma coisa que
dissesse.
[Lucas 12]Lucas 12
1.
Ajuntando-se entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam
uns aos outros, começou Jesus a dizer primeiro aos seus discípulos:
Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
2. Mas
nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de
ser conhecido.
3. Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será
ouvido; e o que falaste ao ouvido no gabinete, dos eirados será
apregoado.
4. Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo,
e depois disso nada mais podem fazer.
5. Mas eu vos mostrarei a quem é
que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no
inferno; sim, digo, a esse temei.
6. Não se vendem cinco passarinhos
por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus.
7. Mas
até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais
valeis vós do que muitos passarinhos.
8. E digo-vos que todo aquele
que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante
dos anjos de Deus;
9. mas quem me negar diante dos homens, será negado
diante dos anjos de Deus.
10. E a todo aquele que proferir uma palavra
contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas ao que blasfemar contra o
Espírito Santo, não lhe será perdoado.
11. Quando, pois, vos levarem
às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não estejais solícitos de como
ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer.
12. Porque
o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis dizer.
13.
Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo
a herança.
14. Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim
juiz ou repartidor entre vós?
15. E disse ao povo: Acautelai-vos e
guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na
abundância das coisas que possui.
16. Propôs-lhes então uma parábola,
dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;
17. e ele
arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus
frutos.
18. Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e
edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus
bens;
19. e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens
para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
20. Mas Deus lhe
disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para
quem será?
21. Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é
rico para com Deus.
22. E disse aos seus discípulos: Por isso vos
digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem
quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir.
23. Pois a vida é mais do
que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário.
24. Considerai os
corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus
os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves!
25. Ora, qual
de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua
estatura?
26. Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas,
por que estais ansiosos pelas outras?
27. Considerai os lírios, como
crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em
toda a sua glória, se vestiu como um deles.
28. Se, pois, Deus assim
veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais
vós, homens de pouca fé?
29. Não procureis, pois, o que haveis de
comer, ou o que haveis de beber, e não andeis preocupados.
30. Porque
a todas estas coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que
precisais delas.
31. Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos
serão acrescentadas.
32. Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso
Pai agradou dar-vos o reino.
33. Vendei o que possuís, e dai esmolas.
Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe,
aonde não chega ladrão e a traça não rói.
34. Porque, onde estiver o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
35. Estejam cingidos
os vossos lombos e acesas as vossas candeias;
36. e sede semelhantes a
homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que,
quando vier e bater, logo possam abrir-lhe.
37. Bem-aventurados
aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier, achar vigiando! Em verdade vos
digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os
servirá.
38. Quer venha na segunda vigília, quer na terceira,
bem-aventurados serão eles, se assim os achar.
39. Sabei, porém, isto:
se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não
deixaria minar a sua casa.
40. Estai vós também apercebidos; porque,
numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
41. Então Pedro
perguntou: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
42.
Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá
sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
43.
Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo
assim.
44. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus
bens.
45. Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor
tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e
a embriagar-se,
46. virá o senhor desse servo num dia em que não o
espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua
parte com os infiéis.
47. O servo que soube a vontade do seu senhor, e
não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos
açoites;
48. mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo,
com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe
requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.
49.
Vim lançar fogo à terra; e que mais quero, se já está aceso?
50. Há um
batismo em que hei de ser batizado; e como me angustio até que venha a
cumprir-se!
51. Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, eu vos
digo, mas antes dissensão:
52. pois daqui em diante estarão cinco
pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três;
53.
estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e
filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.
54. Dizia
também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá
vem chuva; e assim sucede;
55. e quando vedes soprar o vento sul
dizeis; Haverá calor; e assim sucede.
56. Hipócritas, sabeis discernir
a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este
tempo?
57. E por que não julgais também por vós mesmos o que é
justo?
58. Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado,
procura fazer as pazes com ele no caminho; para que não suceda que ele te
arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te lance na
prisão
59. Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o
derradeiro lepto.
[Lucas 13]Lucas
13
1. Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns
que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios
deles.
2. Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores
pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
3.
Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo
perecereis.
4. Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a
torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes
de Jerusalém?
5. Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes,
todos de igual modo perecereis.
6. E passou a narrar esta parábola:
Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto
nela, e não o achou.
7. Disse então ao viticultor: Eis que há três
anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa
ela ainda a terra inutilmente?
8. Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a
este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe deite estrume;
9. e
se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás.
10. Jesus
estava ensinando numa das sinagogas no sábado.
11. E estava ali uma
mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava
encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
12. Vendo-a Jesus,
chamou-a, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade;
13. e
impôs-lhe as mãos e imediatamente ela se endireitou, e glorificava a
Deus.
14. Então o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus curara no
sábado, tomando a palavra disse à multidão: Seis dias há em que se deve
trabalhar; vinde, pois, neles para serdes curados, e não no dia de
sábado.
15. Respondeu-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, no sábado não
desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, para o levar a
beber?
16. E não devia ser solta desta prisão, no dia de sábado, esta
que é filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?
17.
E dizendo ele essas coisas, todos os seus adversário ficavam envergonhados; e
todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por
ele.
18. Ele, pois, dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que
o compararei?
19. É semelhante a um grão de mostarda que um homem
tomou e lançou na sua horta; cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se
aninharam as aves do céu.
20. E disse outra vez: A que compararei o
reino de Deus?
21. É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e
misturou com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.
22.
Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para
Jerusalém.
23. E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se
salvam? Ao que ele lhes respondeu:
24. Porfiai por entrar pela porta
estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não
poderão.
25. Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a
porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e
ele vos responder: Não sei donde vós sois;
26. então começareis a
dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas
ruas;
27. e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de
mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
28. Ali haverá choro e
ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino
de Deus, e vós lançados fora.
29. Muitos virão do oriente e do
ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de
Deus.
30. Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão
últimos.
31. Naquela mesma hora chegaram alguns fariseus que lhe
disseram: Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
32.
Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou expulsando demônios
e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei consumado.
33.
Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém
que morra um profeta fora de Jerusalém.
34. Jerusalém, Jerusalém, que
matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu
ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e
não quiseste!
35. Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo
que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em
nome do Senhor.
[Lucas 14]Lucas
14
1. Tendo Jesus entrado, num sábado, em casa de um
dos chefes dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando.
2.
Achava-se ali diante dele certo homem hidrópico.
3. E Jesus, tomando a
palavra, falou aos doutores da lei e aos fariseus, e perguntou: É lícito curar
no sábado, ou não?
4. Eles, porém, ficaram calados. E Jesus, pegando
no homem, o curou, e o despediu.
5. Então lhes perguntou: Qual de vós,
se lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de
sábado?
6. A isto nada puderam responder.
7. Ao notar como
os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta
parábola:
8. Quando por alguém fores convidado às bodas, não te
reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno
do que tu;
9. e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o
lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último
lugar.
10. Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último
lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para
cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à
mesa.
11. Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e
aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
12. Disse também ao
que o havia convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus
amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não
suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso
retribuído.
13. Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os
aleijados, os mancos e os cegos;
14. e serás bem-aventurado; porque
eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos
justos.
15. Ao ouvir isso um dos que estavam com ele à mesa,
disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus.
16.
Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e convidou a
muitos.
17. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados:
vinde, porque tudo já está preparado.
18. Mas todos à uma começaram a
escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te
que me dês por escusado.
19. Outro disse: Comprei cinco juntas de
bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado.
20.
Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir.
21. Voltou o
servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da casa, indignado, disse a
seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres,
os aleijados, os cegos e os coxos.
22. Depois disse o servo: Senhor,
feito está como o ordenaste, e ainda há lugar.
23. Respondeu o senhor
ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha
casa se encha.
24. Pois eu vos digo que nenhum daqueles homens que
foram convidados provará a minha ceia.
25. Ora, iam com ele grandes
multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
26. Se alguém vier a mim, e não
aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à
própria vida, não pode ser meu discípulo.
27. Quem não leva a sua cruz
e não me segue, não pode ser meu discípulo.
28. Pois qual de vós,
querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para
ver se tem com que a acabar?
29. Para não acontecer que, depois de
haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a
zombar dele,
30. dizendo: Este homem começou a edificar e não pode
acabar.
31. Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro
rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do
que vem contra ele com vinte mil?
32. No caso contrário, enquanto o
outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de
paz.
33. Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo
quanto possui, não pode ser meu discípulo.
34. Bom é o sal; mas se o
sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?
35.
Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça.
[Lucas 15]Lucas
15
1. Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e
pecadores para o ouvir.
2. E os fariseus e os escribas murmuravam,
dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.
3. Então ele lhes
propôs esta parábola:
4. Qual de vós é o homem que, possuindo cem
ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai
após a perdida até que a encontre?
5. E achando-a, põe-na sobre os
ombros, cheio de júbilo;
6. e chegando a casa, reúne os amigos e
vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se
havia perdido.
7. Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por
um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam
de arrependimento.
8. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e
perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com
diligência até encontrá-la?
9. E achando-a, reúne as amigas e
vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia
perdido.
10. Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus
por um só pecador que se arrepende.
11. Disse-lhe mais: Certo homem
tinha dois filhos.
12. O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a
parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.
13.
Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país
distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
14.
E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a
passar necessidades.
15. Então foi encontrar-se a um dos cidadãos
daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar
porcos.
16. E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os
porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.
17. Caindo, porém, em si,
disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de
fome!
18. Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai,
pequei contra o céu e diante de ti;
19. já não sou digno de ser
chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
20.
Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu,
encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o
beijou.
21. Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti;
já não sou digno de ser chamado teu filho.
22. Mas o pai disse aos
seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no
dedo e alparcas nos pés;
23. trazei também o bezerro, cevado e
matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
24. porque este meu filho estava
morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a
regozijar-se.
25. Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e
quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as
danças;
26. e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era
aquilo.
27. Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o
bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
28. Mas ele se indignou
e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
29. Ele,
porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um
mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com meus
amigos;
30. vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens
com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
31. Replicou-lhe o
pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
32. era
justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava
morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
[Lucas 16]Lucas 16
1. Dizia Jesus também aos seus
discípulos: Havia certo homem rico, que tinha um mordomo; e este foi acusado
perante ele de estar dissipando os seus bens.
2. Chamou-o, então, e
lhe disse: Que é isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua mordomia;
porque já não podes mais ser meu mordomo.
3. Disse, pois, o mordomo
consigo: Que hei de fazer, já que o meu senhor me tira a mordomia? Para cavar,
não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha.
4. Agora sei o que vou
fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas
casas.
5. E chamando a si cada um dos devedores do seu senhor,
perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
6. Respondeu ele:
Cem cados de azeite. Disse-lhe então: Toma a tua conta, senta-te depressa e
escreve cinqüenta.
7. Perguntou depois a outro: E tu, quanto deves?
Respondeu ele: Cem coros de trigo. E disse-lhe: Toma a tua conta e escreve
oitenta.
8. E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver
procedido com sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com
a sua geração do que os filhos da luz.
9. Eu vos digo ainda: Granjeai
amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem,
vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
10. Quem é fiel no pouco,
também é fiel no muito; quem é injusto no pouco, também é injusto no
muito.
11. Se, pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos
confiará as verdadeiras?
12. E se no alheio não fostes fiéis, quem vos
dará o que é vosso?
13. Nenhum servo pode servir dois senhores; porque
ou há de odiar a um e amar ao outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há de
dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às
riquezas.
14. Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas
coisas e zombavam dele.
15. E ele lhes disse: Vós sois os que vos
justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações;
porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
16.
A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do
reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele.
17. É, porém,
mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.
18. Todo
aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa
com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.
19. Ora,
havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os
dias se regalava esplendidamente.
20. Ao seu portão fora deitado um
mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de úlceras;
21. o qual desejava
alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães
vinham lamber-lhe as úlceras.
22. Veio a morrer o mendigo, e foi
levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi
sepultado.
23. No inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e
viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio.
24. E, clamando, disse:
Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a
ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta
chama.
25. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida
recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui
é consolado, e tu atormentado.
26. E além disso, entre nós e vós está
posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não
poderiam, nem os de lá passar para nós.
27. Disse ele então: Rogo-te,
pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
28. porque tenho cinco
irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para
este lugar de tormento.
29. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os
profetas; ouçam-nos.
30. Respondeu ele: Não! pai Abraão; mas, se
alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender.
31.
Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco
acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.
[Lucas
17]Lucas 17
1. Disse Jesus a seus
discípulos: É impossível que não venham tropeços, mas ai daquele por quem
vierem!
2. Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra
de moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes
pequeninos.
3. Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar,
repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe.
4. Mesmo se pecar
contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo:
Arrependo-me; tu lhe perdoarás.
5. Disseram então os apóstolos ao
Senhor: Aumenta-nos a fé.
6. Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como
um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar;
e ela vos obedeceria.
7. Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a
apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à
mesa?
8. Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e
serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e
beberás?
9. Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe
foi mandado?
10. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for
mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos
fazer.
11. E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa
entre a Samária e a Galiléia.
12. Ao entrar em certa aldeia,
saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe,
13. e
levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!
14.
Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu
que, enquanto iam, ficaram limpos.
15. Um deles, vendo que fora
curado, voltou glorificando a Deus em alta voz;
16. e prostrou-se com
o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era
samaritano.
17. Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os
nove, onde estão?
18. Não se achou quem voltasse para dar glória a
Deus, senão este estrangeiro?
19. E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a
tua fé te salvou.
20. Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre
quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com
aparência exterior;
21. nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o
reino de Deus está dentro de vós.
22. Então disse aos discípulos: Dias
virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o
vereis.
23. Dir-vos-ão: Ei-lo ali! ou: Ei-lo aqui! não vades, nem os
sigais;
24. pois, assim como o relâmpago, fuzilando em uma extremidade
do céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no
seu dia.
25. Mas primeiro é necessário que ele padeça muitas coisas, e
que seja rejeitado por esta geração.
26. Como aconteceu nos dias de
Noé, assim também será nos dias do Filho do homem.
27. Comiam, bebiam,
casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o
dilúvio e os destruiu a todos.
28. Como também da mesma forma
aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e
edificavam;
29. mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo
e enxofre, e os destruiu a todos;
30. assim será no dia em que o Filho
do homem se há de manifestar.
31. Naquele dia, quem estiver no eirado,
tendo os seus bens em casa, não desça para tirá-los; e, da mesma sorte, o que
estiver no campo, não volte para trás.
32. Lembrai-vos da mulher de
Ló.
33. Qualquer que procurar preservar a sua vida, perdê-la-á, e
qualquer que a perder, conservá-la-á.
34. Digo-vos: Naquela noite
estarão dois numa cama; um será tomado, e o outro será deixado.
35.
Duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e a outra será
deixada.
36. Dois homens estarão no campo; um será tomado, e o outro
será deixado.
37. Perguntaram-lhe: Onde, Senhor? E respondeu-lhes:
Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão também os abutres.
[Lucas 18]Lucas 18
1. Contou-lhes também uma parábola
sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.
2. dizendo: Havia em
certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os
homens.
3. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que ia ter com
ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
4. E por algum
tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus,
nem respeito os homens,
5. todavia, como esta viúva me incomoda, hei
de fazer-lhe justiça, para que ela não continue a vir molestar-me.
6.
Prosseguiu o Senhor: Ouvi o que diz esse juiz injusto.
7. E não fará
Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é
longânimo para com eles?
8. Digo-vos que depressa lhes fará justiça.
Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na
terra?
9. Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si
mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
10. Dois
homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro
publicano.
11. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus,
graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos,
adúlteros, nem ainda com este publicano.
12. Jejuo duas vezes na
semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
13. Mas o publicano,
estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no
peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador!
14. Digo-vos que
este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si
mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será
exaltado.
15. Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; mas
os discípulos, vendo isso, os repreendiam.
16. Jesus, porém,
chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais,
porque de tais é o reino de Deus.
17. Em verdade vos digo que,
qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de modo algum entrará
nele.
18. E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de
fazer para herdar a vida eterna?
19. Respondeu-lhe Jesus: Por que me
chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.
20. Sabes os
mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso
testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
21. Replicou o homem: Tudo
isso tenho guardado desde a minha juventude.
22. Quando Jesus ouviu
isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o
pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
23. Mas,
ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico.
24. E
Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que
têm riquezas!
25. Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma
agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
26. Então os que
ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo?
27.
Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a
Deus.
28. Disse-lhe Pedro: Eis que nós deixamos tudo, e te
seguimos.
29. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há
que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do
reino de Deus,
30. que não haja de receber no presente muito mais, e
no mundo vindouro a vida eterna.
31. Tomando Jesus consigo os doze,
disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o
que pelos profetas foi escrito;
32. pois será entregue aos gentios, e
escarnecido, injuriado e cuspido;
33. e depois de o açoitarem, o
matarão; e ao terceiro dia ressurgirá.
34. Mas eles não entenderam
nada disso; essas palavras lhes eram obscuras, e não percebiam o que lhes
dizia.
35. Ora, quando ele ia chegando a Jericó, estava um cego
sentado junto do caminho, mendigando.
36. Este, pois, ouvindo passar a
multidão, perguntou que era aquilo.
37. Disseram-lhe que Jesus, o
nazareno, ia passando.
38. Então ele se pôs a clamar, dizendo: Jesus,
Filho de Davi, tem compaixão de mim!
39. E os que iam à frente
repreendiam-no, para que se calasse; ele, porém, clamava ainda mais: Filho de
Davi, tem compaixão de mim!
40. Parou, pois, Jesus, e mandou que lho
trouxessem. Tendo ele chegado, perguntou-lhe:
41. Que queres que te
faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja.
42. Disse-lhe Jesus: Vê; a
tua fé te salvou.
43. Imediatamente recuperou a vista, e o foi
seguindo, gloficando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a
Deus.
[Lucas 19]Lucas 19
1.
Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
2. Havia ali
um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.
3.
Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque
era de pequena estatura.
4. E correndo adiante, subiu a um sicômoro a
fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.
5. Quando Jesus chegou
àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque
importa que eu fique hoje em tua casa.
6. Desceu, pois, a toda a
pressa, e o recebeu com alegria.
7. Ao verem isso, todos murmuravam,
dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.
8. Zaqueu,
porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade
dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo
quadruplicado.
9. Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa,
porquanto também este é filho de Abraão.
10. Porque o Filho do homem
veio buscar e salvar o que se havia perdido.
11. Ouvindo eles isso,
prosseguiu Jesus, e contou uma parábola, visto estar ele perto de Jerusalém, e
pensarem eles que o reino de Deus se havia de manifestar
imediatamente.
12. Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra
longínqua, a fim de tomar posse de um reino e depois voltar.
13. E
chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu
venha.
14. Mas os seus concidadãos odiavam-no, e enviaram após ele uma
embaixada, dizendo: Não queremos que este homem reine sobre nós.
15. E
sucedeu que, ao voltar ele, depois de ter tomado posse do reino, mandou chamar
aqueles servos a quem entregara o dinheiro, a fim de saber como cada um havia
negociado.
16. Apresentou-se, pois, o primeiro, e disse: Senhor, a tua
mina rendeu dez minas.
17. Respondeu-lhe o senhor: Bem está, servo
bom! porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás
autoridade.
18. Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu
cinco minas.
19. A este também respondeu: Sê tu também sobre cinco
cidades.
20. E veio outro, dizendo: Senhor, eis aqui a tua mina, que
guardei num lenço;
21. pois tinha medo de ti, porque és homem severo;
tomas o que não puseste, e ceifas o que não semeaste.
22. Disse-lhe o
Senhor: Servo mau! pela tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem severo,
que tomo o que não pus, e ceifo o que não semeei;
23. por que, pois,
não puseste o meu dinheiro no barco? então vindo eu, o teria retirado com os
juros.
24. E disse aos que estavam ali: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao
que tem as dez minas.
25. Responderam-lhe eles: Senhor, ele tem dez
minas.
26. Pois eu vos digo que a todo o que tem, dar-se-lhe-á; mas ao
que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
27. Quanto, porém,
àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os
aqui, e matai-os diante de mim.
28. Tendo Jesus assim falado, ia
caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém.
29. Ao aproximar-se
de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois
dos discípulos,
30. dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e
aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou;
desprendei-o e trazei-o.
31. Se alguém vos perguntar: Por que o
desprendeis? respondereis assim: O Senhor precisa dele.
32. Partiram,
pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme lhes
dissera.
33. Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes
perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho?
34. Responderam eles: O
Senhor precisa dele.
35. Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os
seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse.
36. E,
enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus
mantos.
37. Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras,
toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta
voz, por todos os milagres que tinha visto,
38. dizendo: Bendito o Rei
que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.
39.
Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os
teus discípulos.
40. Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se
calarem, as pedras clamarão.
41. E quando chegou perto e viu a cidade,
chorou sobre ela,
42. dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste
dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus
olhos.
43. Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te
cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os
lados,
44. e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti
estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo
da tua visitação.
45. Então, entrando ele no templo, começou a
expulsar os que ali vendiam,
46. dizendo-lhes: Está escrito: A minha
casa será casa de oração; vós, porém, a fizestes covil de
salteadores.
47. E todos os dias ensinava no templo; mas os principais
sacerdotes, os escribas, e os principais do povo procuravam
matá-lo;
48. mas não achavam meio de o fazer; porque todo o povo
ficava enlevado ao ouvi-lo.
[Lucas 20]Lucas
20
1. Num desses dias, quando Jesus ensinava o povo no
templo, e anunciava o evangelho, sobrevieram os principais sacerdotes e os
escribas, com os anciãos.
2. e falaram-lhe deste modo: Dize-nos, com
que autoridade fazes tu estas coisas? Ou, quem é o que te deu esta
autoridade?
3. Respondeu-lhes ele: Eu também vos farei uma pergunta;
dizei-me, pois:
4. O batismo de João era do céu ou dos
homens?
5. Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: do céu, ele
dirá: Por que não crestes?
6. Mas, se dissermos: Dos homens, todo o
povo nos apedrejará; pois está convencido de que João era profeta.
7.
Responderam, pois, que não sabiam donde era.
8. Replicou-lhes Jesus:
Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
9. Começou então
a dizer ao povo esta parábola: Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns
lavradores, e ausentou-se do país por muito tempo.
10. No tempo
próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha;
mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no embora de mãos
vazias.
11. Tornou a mandar outro servo; mas eles espancaram também a
este e, afrontando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
12. E mandou
ainda um terceiro; mas feriram também a este e lançaram-no fora.
13.
Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; a ele
talvez respeitarão.
14. Mas quando os lavradores o viram, arrazoaram
entre si, dizendo: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja
nossa.
15. E lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois,
o senhor da vinha?
16. Virá e destruirá esses lavradores, e dará a
vinha a outros. Ouvindo eles isso, disseram: Tal não aconteça!
17. Mas
Jesus, olhando para eles, disse: Pois, que quer dizer isto que está escrito: A
pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra
angular?
18. Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado; mas
aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
19. Ainda na mesma hora
os escribas e os principais sacerdotes, percebendo que contra eles proferira
essa parábola, procuraram deitar-lhe as mãos, mas temeram o povo.
20.
E, aguardando oportunidade, mandaram espias, os quais se fingiam justos, para o
apanharem em alguma palavra, e o entregarem à jurisdição e à autoridade do
governador.
21. Estes, pois, o interrogaram, dizendo: Mestre, sabemos
que falas e ensinas retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas
ensinas segundo a verdade o caminho de Deus;
22. é-nos lícito dar
tributo a César, ou não?
23. Mas Jesus, percebendo a astúcia deles,
disse-lhes:
24. Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a
inscrição que ele tem? Responderam: De César.
25. Disse-lhes então:
Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
26. E
não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e admirados da sua
resposta, calaram-se.
27. Chegaram então alguns dos saduceus, que
dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
28. Mestre, Moisés
nos deixou escrito que se morrer alguém, tendo mulher mas não tendo filhos, o
irmão dele case com a viúva, e suscite descendência ao irmão.
29.
Havia, pois, sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos;
30.
então o segundo, e depois o terceiro, casaram com a viúva;
31. e assim
todos os sete, e morreram, sem deixar filhos.
32. Depois morreu também
a mulher.
33. Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela
esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
34. Respondeu-lhes Jesus:
Os filhos deste mundo casaram-se e dão-se em casamento;
35. mas os que
são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os
mortos, nem se casam nem se dão em casamento;
36. porque já não podem
mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da
ressurreição.
37. Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés
o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de
Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
38. Ora, ele não é Deus de
mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem.
39. Responderam
alguns dos escribas: Mestre, disseste bem.
40. Não ousavam, pois,
perguntar-lhe mais coisa alguma.
41. Jesus, porém, lhes perguntou:
Como dizem que o Cristo é filho de Davi?
42. Pois o próprio Davi diz
no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha
direita,
43. até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus
pés.
44. Logo Davi lhe chama Senhor como, pois, é ele seu
filho?
45. Enquanto todo o povo o ouvia, disse Jesus aos seus
discípulos:
46. Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes
compridas, e gostam das saudações nas praças, dos primeiros assentos nas
sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes;
47. que devoram as
casas das viúvas, fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão de receber
maior condenação.
[Lucas 21]Lucas
21
1. Jesus, levantando os olhos, viu os ricos deitarem
as suas ofertas no cofre;
2. viu também uma pobre viúva lançar ali
dois leptos;
3. e disse: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu
mais do que todos;
4. porque todos aqueles deram daquilo que lhes
sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu
sustento.
5. E falando-lhe alguns a respeito do templo, como estava
ornado de formosas pedras e dádivas, disse ele:
6. Quanto a isto que
vedes, dias virão em que não se deixará aqui pedra sobre pedra, que não seja
derribada.
7. Perguntaram-lhe então: Mestre, quando, pois, sucederão
estas coisas? E que sinal haverá, quando elas estiverem para se
cumprir?
8. Respondeu então ele: Acautelai-vos; não sejais enganados;
porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é chegado; não
vades após eles.
9. Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos
assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim não
será logo.
10. Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e
reino contra reino;
11. e haverá em vários lugares grandes terremotos,
e pestes e fomes; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do
céu.
12. Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e
perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à
presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
13. Isso vos
acontecerá para que deis testemunho.
14. Proponde, pois, em vossos
corações não premeditar como haveis de fazer a vossa defesa;
15.
porque eu vos darei boca e sabedoria, a que nenhum dos vossos adversário poderá
resistir nem contradizer.
16. E até pelos pais, e irmãos, e parentes,
e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;
17. e sereis
odiados de todos por causa do meu nome.
18. Mas não se perderá um
único cabelo da vossa cabeça.
19. Pela vossa perseverança ganhareis as
vossas almas.
20. Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos,
sabei então que é chegada a sua desolação.
21. Então, os que estiverem
na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os
que estiverem nos campos não entrem nela.
22. Porque dias de vingança
são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas.
23.
Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! porque
haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo.
24. E
cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e
Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se
completem.
25. E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre
a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das
ondas.
26. os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das
coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão
abalados.
27. Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder
e grande glória.
28. Ora, quando essas coisas começarem a acontecer,
exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se
aproxima.
29. Propôs-lhes então uma parábola: Olhai para a figueira, e
para todas as árvores;
30. quando começam a brotar, sabeis por vós
mesmos, ao vê-las, que já está próximo o verão.
31. Assim também vós,
quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que o reino de Deus está
próximo.
32. Em verdade vos digo que não passará esta geração até que
tudo isso se cumpra.
33. Passará o céu e a terra, mas as minhas
palavras jamais passarão.
34. Olhai por vós mesmos; não aconteça que
os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da
vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.
35.
Porque há de vir sobre todos os que habitam na face da terra.
36.
Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas
coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do
homem.
37. Ora, de dia ensinava no templo, e à noite, saindo, pousava
no monte chamado das Oliveiras.
38. E todo o povo ia ter com ele no
templo, de manhã cedo, para o ouvir.
[Lucas 22]Lucas
22
1. Aproximava-se a festa dos pães ázimos, que se
chama a páscoa.
2. E os principais sacerdotes e os escribas andavam
procurando um modo de o matar; pois temiam o povo.
3. Entrou então
Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos
doze;
4. e foi ele tratar com os principais sacerdotes e com os
capitães de como lho entregaria.
5. Eles se alegraram com isso, e
convieram em lhe dar dinheiro.
6. E ele concordou, e buscava ocasião
para lho entregar sem alvoroço.
7. Ora, chegou o dia dos pães ázimos,
em que se devia imolar a páscoa;
8. e Jesus enviou a Pedro e a João,
dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos.
9.
Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?
10.
Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem,
levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar.
11.
E direis ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em
que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
12. Então ele vos
mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos.
13.
Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a
páscoa.
14. E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os
apóstolos.
15. E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer
convosco esta páscoa, antes da minha paixão;
16. pois vos digo que não
a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.
17. Então
havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o
entre vós;
18. porque vos digo que desde agora não mais beberei do
fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
19. E tomando pão, e
havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado
por vós; fazei isto em memória de mim.
20. Semelhantemente, depois da
ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é
derramado por vós.
21. Mas eis que a mão do que me trai está comigo à
mesa.
22. Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está
determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
23. Então eles
começaram a perguntar entre si qual deles o que ia fazer isso.
24.
Levantou-se também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o
maior.
25. Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre
eles, e os que sobre eles exercem autoridade são chamados
benfeitores.
26. Mas vós não sereis assim; antes o maior entre vós
seja como o mais novo; e quem governa como quem serve.
27. Pois qual é
maior, quem está à mesa, ou quem serve? porventura não é quem está à mesa? Eu,
porém, estou entre vós como quem serve.
28. Mas vós sois os que tendes
permanecido comigo nas minhas provações;
29. e assim como meu Pai me
conferiu domínio, eu vo-lo confiro a vós;
30. para que comais e bebais
à minha mesa no meu reino, e vos senteis sobre tronos, julgando as doze tribos
de Israel.
31. Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos
cirandar como trigo;
32. mas eu roguei por ti, para que a tua fé não
desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos.
33.
Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como
para a morte.
34. Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará
hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces.
35. E
perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos
porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
36. Disse-lhes pois:
Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver
espada, venda o seu manto e compre-a.
37. Porquanto vos digo que
importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi
contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.
38. Disseram
eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta.
39. Então
saiu e, segundo o seu costume, foi para o Monte das Oliveiras; e os discípulos o
seguiam.
40. Quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que
não entreis em tentação.
41. E apartou-se deles cerca de um tiro de
pedra; e pondo-se de joelhos, orava,
42. dizendo: Pai, se queres
afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a
tua.
43. Então lhe apareceu um anjo do céu, que o
confortava.
44. E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu
suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o
chão.
45. Depois, levantando-se da oração, veio para os seus
discípulos, e achou-os dormindo de tristeza;
46. e disse-lhes: Por que
estais dormindo? Lenvantai-vos, e orai, para que não entreis em
tentação.
47. E estando ele ainda a falar, eis que surgiu uma
multidão; e aquele que se chamava Judas, um dos doze, ia adiante dela, e
chegou-se a Jesus para o beijar.
48. Jesus, porém, lhe disse: Judas,
com um beijo trais o Filho do homem?
49. Quando os que estavam com ele
viram o que ia suceder, disseram: Senhor, feri-los-emos a espada?
50.
Então um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha
direita.
51. Mas Jesus disse: Deixei-os; basta. E tocando-lhe a
orelha, o curou.
52. Então disse Jesus aos principais sacerdotes,
oficiais do templo e anciãos, que tinham ido contra ele: Saístes, como a um
salteador, com espadas e varapaus?
53. Todos os dias estava eu
convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vossa
hora e o poder das trevas.
54. Então, prendendo-o, o levaram e o
introduziram na casa do sumo sacerdote; e Pedro seguia-o de longe.
56.
E tendo eles acendido fogo no meio do pátio e havendo-se sentado à roda,
sentou-se Pedro entre eles.
57. Mas Pedro o negou, dizendo: Mulher,
não o conheço.
58. Daí a pouco, outro o viu, e disse: Tu também és um
deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou.
59. E, tendo passado quase uma
hora, outro afirmava, dizendo: Certamente este também estava com ele, pois é
galileu.
60. Mas Pedro respondeu: Homem, não sei o que dizes. E
imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo.
61. Virando-se
o Senhor, olhou para Pedro; e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe
havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.
62.
E, havendo saído, chorou amargamente.
63. Os homens que detinham Jesus
zombavam dele, e feriam-no;
64. e, vendando-lhe os olhos, perguntavam,
dizendo: Profetiza, quem foi que te bateu?
65. E, blasfemando, diziam
muitas outras coisas contra ele.
66. Logo que amanheceu reuniu-se a
assembléia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas,
e o conduziam ao sinédrio deles, onde lhe disseram:
67. Se tu és o
Cristo, dize-no-lo. Replicou-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não o
crereis;
68. e se eu vos interrogar, de modo algum me
respondereis.
69. Mas desde agora estará assentado o Filho do homem à
mão direita do poder de Deus.
70. Ao que perguntaram todos: Logo, tu
és o Filho de Deus? Respondeu-lhes: Vós dizeis que eu sou.
71. Então
disseram: Por que ainda temos necessidade de testemunho? pois nós mesmos o
ouvimos da sua própria boca.
[Lucas 23]Lucas
23
1. E levantando-se toda a multidão deles, conduziram
Jesus a Pilatos.
2. E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este
homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser
ele mesmo Cristo, rei.
3. Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei
dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
4. Então disse Pilatos
aos principais sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa alguma neste
homem.
5. Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo
ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui.
6.
Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu;
7. e,
quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também
naqueles dias estava em Jerusalém.
8. Ora, quando Herodes viu a Jesus,
alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu
respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele;
9. e fazia-lhe
muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
10. Estavam ali os
principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande
veemência.
11. Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e,
escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a
Pilatos.
12. Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos;
pois antes andavam em inimizade um com o outro.
13. Então Pilatos
convocou os principais sacerdotes, as autoridades e o povo,
14. e
disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que,
interrogando-o diante de vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o
acusais;
15. nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis
que não tem feito ele coisa alguma digna de morte.
16. Castigá-lo-ei,
pois, e o soltarei.
17. E era-lhe necessário soltar-lhes um pela
festa.
18. Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e
solta-nos Barrabás!
19. Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa
de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio.
20. Mais uma vez,
pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus.
21. Eles, porém,
bradavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!
22. Falou-lhes, então,
pela terceira vez: Pois, que mal fez ele? Não achei nele nenhuma culpa digna de
morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
23. Mas eles instavam com
grandes brados, pedindo que fosse crucificado. E prevaleceram os seus
clamores.
24. Então Pilatos resolveu atender-lhes o
pedido;
25. e soltou-lhes o que fora lançado na prisão por causa de
sedição e de homicídio, que era o que eles pediam; mas entregou Jesus à vontade
deles.
26. Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que
vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após
Jesus.
27. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o
pranteavam e lamentavam.
28. Jesus, porém, voltando-se para elas,
disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e
por vossos filhos.
29. Porque dias hão de vir em que se dirá:
Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não
amamentaram!
30. Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e
aos outeiros: Cobri-nos.
31. Porque, se isto se faz no lenho verde,
que se fará no seco?
32. E levavam também com ele outros dois, que
eram malfeitores, para serem mortos.
33. Quando chegaram ao lugar
chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à
direita e outro à esquerda.
34. Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes;
porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes
sobre elas.
35. E o povo estava ali a olhar. E as próprias autoridades
zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o Cristo, o
escolhido de Deus.
36. Os soldados também o escarneciam, chegando-se a
ele, oferecendo-lhe vinagre,
37. e dizendo: Se tu és o rei dos judeus,
salva-te a ti mesmo.
38. Por cima dele estava esta inscrição em letras
gregas, romanas e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
39. Então um dos
malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo: Não és tu o
Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós.
40. Respondendo, porém, o outro,
repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma
condenação?
41. E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que
os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez.
42. Então disse:
Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
43.
Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso.
44. Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra
até a hora nona, pois o sol se escurecera;
45. e rasgou-se ao meio o
véu do santuário.
46. Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas
tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.
47.
Quando o centurião viu o que acontecera, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade,
este homem era justo.
48. E todas as multidões que presenciaram este
espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram batendo no
peito.
49. Entretanto, todos os conhecidos de Jesus, e as mulheres que
o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas
coisas.
50. Então um homem chamado José, natural de Arimatéia, cidade
dos judeus, membro do sinédrio, homem bom e justo,
51. o qual não
tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, e que esperava o reino de
Deus,
52. chegando a Pilatos, pediu-lhe o corpo de
Jesus;
53. e tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho, e pô-lo
num sepulcro escavado em rocha, onde ninguém ainda havia sido
posto.
54. Era o dia da preparação, e ia começar o
sábado.
55. E as mulheres que tinham vindo com ele da Galiléia,
seguindo a José, viram o sepulcro, e como o corpo foi ali
depositado.
56. Então voltaram e prepararam especiarias e ungüentos. E
no sábado repousaram, conforme o mandamento.
[Lucas 24]Lucas 24
1. Mas já no primeiro dia da
semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que
tinham preparado.
2. E acharam a pedra revolvida do
sepulcro.
3. Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor
Jesus.
4. E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes
apareceram dois varões em vestes resplandecentes;
5. e ficando elas
atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que
buscais entre os mortos aquele que vive?
6. Ele não está aqui, mas
ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na
Galiléia.
7. dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas
mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia
ressurja.
8. Lembraram-se, então, das suas palavras;
9. e,
voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os
demais.
10. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago;
também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos
apóstolos.
11. E pareceram-lhes como um delírio as palavras das
mulheres e não lhes deram crédito.
12. Mas Pedro, levantando-se,
correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e
retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.
13. Nesse mesmo
dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém
sessenta estádios;
14. e iam comentando entre si tudo aquilo que havia
sucedido.
15. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus
se aproximou, e ia com eles;
16. mas os olhos deles estavam como que
fechados, de sorte que não o reconheceram.
17. Então ele lhes
perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então
pararam tristes.
18. E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu
o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido
nestes dias?
19. Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As
que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e
palavras diante de Deus e de todo o povo.
20. e como os principais
sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o
crucificaram.
21. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de
remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas
coisas aconteceram.
22. Verdade é, também, que algumas mulheres do
nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao
sepulcro
23. e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que
tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo.
24. Além
disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim
como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram.
25. Então ele
lhes disse: ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas
disseram!
26. Porventura não importa que o Cristo padecesse essas
coisas e entrasse na sua glória?
27. E, começando por Moisés, e por
todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as
Escrituras.
28. Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez
como quem ia para mais longe.
29. Eles, porém, o constrangeram,
dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar
com eles.
30. Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e,
partindo-o, lho dava.
31. Abriram-se-lhes então os olhos, e o
reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles.
32. E disseram um
para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos
falava, e quando nos abria as Escrituras?
33. E na mesma hora
levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que
estavam com eles,
34. os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e
apareceu a Simão.
35. Então os dois contaram o que acontecera no
caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.
36. Enquanto
ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes:
Paz seja convosco.
37. Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam
que viam algum espírito.
38. Ele, porém, lhes disse: Por que estais
perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações?
39. Olhai as
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um
espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.
40. E,
dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
41. Não acreditando eles
ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes
aqui alguma coisa que comer?
42. Então lhe deram um pedaço de peixe
assado,
43. o qual ele tomou e comeu diante deles.
44.
Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco,
que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
45. Então lhes abriu o entendimento
para compreenderem as Escrituras;
46. e disse-lhes: Assim está escrito
que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os
mortos;
47. e que em seu nome se pregasse o arrependimento para
remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.
48.
Vós sois testemunhas destas coisas.
49. E eis que sobre vós envio a
promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos
de poder.
50. Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos,
os abençoou.
51. E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se
deles; e foi elevado ao céu.
52. E, depois de o adorarem, voltaram com
grande júbilo para Jerusalém;
53. e estavam continuamente no templo,
bendizendo a Deus.
[João 1]João
1
1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus.
2. Ele estava no princípio com
Deus.
3. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele
nada do que foi feito se fez.
4. Nele estava a vida, e a vida era a
luz dos homens;
5. a luz resplandece nas trevas, e as trevas não
prevaleceram contra ela.
6. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome
era João.
7. Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da
luz, para que todos cressem por meio dele.
8. Ele não era a luz, mas
veio para dar testemunho da luz.
9. Pois a verdadeira luz, que alumia
a todo homem, estava chegando ao mundo.
10. Estava ele no mundo, e o
mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu.
11.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12. Mas, a todos
quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem
filhos de Deus;
13. os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da
carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
14. E o Verbo se fez
carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai.
15. João deu testemunho dele, e
clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou
adiante de mim; porque antes de mim ele já existia.
16. Pois todos nós
recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça.
17. Porque a lei foi
dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus
Cristo.
18. Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no
seio do Pai, esse o deu a conhecer.
19. E este foi o testemunho de
João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que
lhe perguntassem: Quem és tu?
20. Ele, pois, confessou e não negou;
sim, confessou: Eu não sou o Cristo.
21. Ao que lhe perguntaram: Pois
que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu:
Não.
22. Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos
que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
23. Respondeu ele: Eu sou a
voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o
profeta Isaías.
24. E os que tinham sido enviados eram dos
fariseus.
25. Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não
és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
26. Respondeu-lhes João: Eu
batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis.
27.
aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia da
alparca.
28. Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde
João estava batizando.
29. No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha
para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo.
30. este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão
que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia.
31. Eu
não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim
batizando em água.
32. E João deu testemunho, dizendo: Vi o Espírito
descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
33. Eu não o conhecia;
mas o que me enviou a batizar em água, esse me disse: Aquele sobre quem vires
descer o Espírito, e sobre ele permanecer, esse é o que batiza no Espírito
Santo.
34. Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho
de Deus.
35. No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos
seus discípulos
36. e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o
Cordeiro de Deus!
37. Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e
seguiram a Jesus.
38. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam,
perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: rabi (que, traduzido, quer dizer
Mestre), onde pousas?
39. Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram,
pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora
décima.
40. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram
João falar, e que seguiram a Jesus.
41. Ele achou primeiro a seu irmão
Simão, e disse-lhe: Havemos achado o Messias (que, traduzido, quer dizer
Cristo).
42. E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu
és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer
Pedro).
43. No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galiléia, e
achando a Felipe disse-lhe: Segue-me.
44. Ora, Felipe era de Betsaida,
cidade de André e de Pedro.
45. Felipe achou a Natanael, e disse-lhe:
Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus
de Nazaré, filho de José.
46. Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa
bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê.
47. Jesus, vendo
Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita,
em quem não há dolo!
48. Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces?
Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas
debaixo da figueira.
49. Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho
de Deus, tu és rei de Israel.
50. Ao que lhe disse Jesus: Porque te
disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas
verás.
51. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o
céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do
homem.
[João 2]João 2
1. Três
dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de
Jesus;
2. e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o
casamento.
3. E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles
não têm vinho.
4. Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que tenho eu contigo?
Ainda não é chegada a minha hora.
5. Disse então sua mãe aos
serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.
6. Ora, estavam ali
postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma
cabiam duas ou três metretas.
7. Ordenou-lhe Jesus: Enchei de água
essas talhas. E encheram-nas até em cima.
8. Então lhes disse: Tirai
agora, e levai ao mestre-sala. E eles o fizeram.
9. Quando o
mestre-sala provou a água tornada em vinho, não sabendo donde era, se bem que o
sabiam os serventes que tinham tirado a água, chamou o mestre-sala ao
noivo
10. e lhe disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando
já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom
vinho.
11. Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia,
e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
12.
Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e
ficaram ali não muitos dias.
13. Estando próxima a páscoa dos judeus,
Jesus subiu a Jerusalém.
14. E achou no templo os que vendiam bois,
ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados;
15. e tendo
feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e
os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as
mesas;
16. e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas
coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
17.
Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me
devorará.
18. Protestaram, pois, os judeus, perguntando-lhe: Que sinal
de autoridade nos mostras, uma vez que fazes isto?
19. Respondeu-lhes
Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei.
20.
Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário,
e tu o levantarás em três dias?
21. Mas ele falava do santuário do seu
corpo.
22. Quando, pois ressurgiu dentre os mortos, seus discípulos se
lembraram de que dissera isto, e creram na Escritura, e na palavra que Jesus
havia dito.
23. Ora, estando ele em Jerusalém pela festa da páscoa,
muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
24. Mas o
próprio Jesus não confiava a eles, porque os conhecia a todos,
25. e
não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o
que havia no homem.
[João 3]João
3
1. Ora, havia entre os fariseus um homem chamado
Nicodemos, um dos principais dos judeus.
2. Este foi ter com Jesus, de
noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém
pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
3.
Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de
novo, não pode ver o reino de Deus.
4. Perguntou-lhe Nicodemos: Como
pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de
sua mãe, e nascer?
5. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo
que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de
Deus.
6. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito.
7. Não te admires de eu te haver dito: Necessário
vos é nascer de novo.
8. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz;
mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do
Espírito.
9. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser
isto?
10. Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes
estas coisas?
11. Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que
sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso
testemunho!
12. Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como
crereis, se vos falar das celestiais?
13. Ora, ninguém subiu ao céu,
senão o que desceu do céu, o Filho do homem.
14. E como Moisés
levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado;
15. para que todo aquele que nele crê tenha a vida
eterna.
16. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.
17. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18. Quem
crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus.
19. E o julgamento é este: A luz veio
ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras
eram más.
20. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não
vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
21. Mas
quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas
obras são feitas em Deus.
22. Depois disto foi Jesus com seus
discípulos para a terra da Judéia, onde se demorou com eles e
batizava.
23. Ora, João também estava batizando em Enom, perto de
Salim, porque havia ali muitas águas; e o povo ia e se batizava.
24.
Pois João ainda não fora lançado no cárcere.
25. Surgiu então uma
contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da
purificação.
26. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que
estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está
batizando, e todos vão ter com ele.
27. Respondeu João: O homem não
pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.
28. Vós mesmos
me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante
dele.
29. Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que
está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este
meu gozo está completo.
30. É necessário que ele cresça e que eu
diminua.
31. Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da
terra é da terra, e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre
todos.
32. Aquilo que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e
ninguém aceita o seu testemunho.
33. Mas o que aceitar o seu
testemunho, esse confirma que Deus é verdadeiro.
34. Pois aquele que
Deus enviou fala as palavras de Deus; porque Deus não dá o Espírito por
medida.
35. O Pai ama ao Filho, e todas as coisas entregou nas suas
mãos.
36. Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém,
desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de
Deus.
[João 4]João 4
1. Quando,
pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e
batizava mais discípulos do que João
2. (ainda que Jesus mesmo não
batizava, mas os seus discípulos)
3. deixou a Judéia, e foi outra vez
para a Galiléia.
4. E era-lhe necessário passar por
Samária.
5. Chegou, pois, a uma cidade de Samária, chamada Sicar,
junto da herdade que Jacó dera a seu filho José;
6. achava-se ali o
poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço; era
cerca da hora sexta.
7. Veio uma mulher de Samária tirar água.
Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.
8. Pois seus discípulos tinham ido à
cidade comprar comida.
9. Disse-lhe então a mulher samaritana: Como,
sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os
judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
10. Respondeu-lhe
Jesus: Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de
beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.
11.
Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo;
donde, pois, tens essa água viva?
12. És tu, porventura, maior do que
o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual também ele mesmo bebeu, e os
filhos, e o seu gado?.
13. Replicou-lhe Jesus: Todo o que beber desta
água tornará a ter sede;
14. mas aquele que beber da água que eu lhe
der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma
fonte de água que jorre para a vida eterna.
15. Disse-lhe a mulher:
Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, nem venha aqui
tirá-la.
16. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem
cá.
17. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus:
Disseste bem: Não tenho marido;
18. porque cinco maridos tiveste, e o
que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade.
19.
Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
20. Nossos pais
adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar.
21. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem
neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22. Vós adorais o que
não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos
judeus.
23. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais
que assim o adorem.
24. Deus é Espírito, e é necessário que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade.
25. Replicou-lhe a mulher:
Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo); quando ele vier há de nos
anunciar todas as coisas.
26. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo
contigo.
27. E nisto vieram os seus discípulos, e se admiravam de que
estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe perguntou: Que é que
procuras? ou: Por que falas com ela?
28. Deixou, pois, a mulher o seu
cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
29. Vinde, vede um homem
que me disse tudo quanto eu tenho feito; será este, porventura, o
Cristo?
30. Saíram, pois, da cidade e vinham ter com
ele.
31. Entrementes os seus discípulos lhe rogavam, dizendo: Rabi,
come.
32. Ele, porém, respondeu: Uma comida tenho para comer que vós
não conheceis.
33. Então os discípulos diziam uns aos outros: Acaso
alguém lhe trouxe de comer?
34. Disse-lhes Jesus: A minha comida é
fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra.
35. Não
dizeis vós: Ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Ora, eu vos digo:
levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a
ceifa.
36. Quem ceifa já está recebendo recompensa e ajuntando fruto
para a vida eterna; para que o que semeia e o que ceifa juntamente se
regozijem.
37. Porque nisto é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia,
e outro o que ceifa.
38. Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste;
outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.
39. E muitos
samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que
testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito.
40. Indo, pois, ter
com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois
dias.
41. E muitos mais creram por causa da palavra
dele;
42. e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos;
pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o
Salvador do mundo.
43. Passados os dois dias partiu dali para a
Galiléia.
44. Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não recebe
honra na sua própria pátria.
45. Assim, pois, que chegou à Galiléia,
os galileus o receberam, porque tinham visto todas as coisas que fizera em
Jerusalém na ocasião da festa; pois também eles tinham ido à
festa.
46. Foi, então, outra vez a Caná da Galiléia, onde da água
fizera vinho. Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em
Cafarnaum.
47. Quando ele soube que Jesus tinha vindo da Judéia para a
Galiléia, foi ter com ele, e lhe rogou que descesse e lhe curasse o filho; pois
estava à morte.
48. Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e
prodígios, de modo algum crereis.
49. Rogou-lhe o oficial: Senhor,
desce antes que meu filho morra.
50. Respondeu-lhe Jesus: Vai, o teu
filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe dissera, e
partiu.
51. Quando ele já ia descendo, saíram-lhe ao encontro os seus
servos, e lhe disseram que seu filho vivia.
52. Perguntou-lhes, pois,
a que hora começara a melhorar; ao que lhe disseram: Ontem à hora sétima a febre
o deixou.
53. Reconheceu, pois, o pai ser aquela hora a mesma em que
Jesus lhe dissera: O teu filho vive; e creu ele e toda a sua casa.
54.
Foi esta a segunda vez que Jesus, ao voltar da Judéia para a Galiléia, ali
operou sinal.
[João 5]João 5
1.
Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém.
2.
Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em
hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres.
3. Nestes jazia grande
multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados esperando o movimento da
água.
4. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava
a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de
qualquer enfermidade que tivesse.
5. Achava-se ali um homem que, havia
trinta e oito anos, estava enfermo.
6. Jesus, vendo-o deitado e
sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar
são?
7. Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser
agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de
mim.
8. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e
anda.
9. Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito,
começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.
10. Pelo que disseram os
judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o
leito.
11. Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo
me disse: Toma o teu leito e anda.
12. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o
homem que te disse: Toma o teu leito e anda?
13. Mas o que fora curado
não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele
lugar.
14. Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já
estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.
15.
Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o
curara.
16. Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas
coisas no sábado.
17. Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até
agora, e eu trabalho também.
18. Por isso, pois, os judeus ainda mais
procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus
era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.
19. Disse-lhes, pois,
Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer,
senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz
igualmente.
20. Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe tudo o que ele
mesmo faz; e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos
maravilheis.
21. Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá
vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer.
22. Porque o Pai a
ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento,
23. para que todos
honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai
que o enviou.
24. Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a
minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em
juízo, mas já passou da morte para a vida.
25. Em verdade, em verdade
vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de
Deus, e os que a ouvirem viverão.
26. Pois assim como o Pai tem vida
em si mesmo, assim também deu ao Filho ter vida em si mesmos;
27. e
deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem.
28. Não vos
admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros
ouvirão a sua voz e sairão:
29. os que tiverem feito o bem, para a
ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do
juízo.
30. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço,
assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou.
31. Se eu der testemunho de mim mesmo,
o meu testemunho não é verdadeiro.
32. Outro é quem dá testemunho de
mim; e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
33. Vós
mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade;
34. eu,
porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto para que sejais
salvos.
35. Ele era a lâmpada que ardia e alumiava; e vós quisestes
alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.
36. Mas o testemunho
que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para
realizar, as mesmas obras que faço dão testemunho de mim que o Pai me
enviou.
37. E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de
mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma;
38. e a sua
palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que ele
enviou.
39. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida
eterna; e são elas que dão testemunho de mim;
40. mas não quereis vir
a mim para terdes vida!
41. Eu não recebo glória da parte dos
homens;
42. mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de
Deus.
43. Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier
em seu próprio nome, a esse recebereis.
44. Como podeis crer, vós que
recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único
Deus?
45. Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um
que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.
46. Pois se crêsseis em
Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu.
47. Mas, se não
credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?
[João 6]João 6
1. Depois disto partiu Jesus para o
outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades.
2. E
seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os
enfermos.
3. Subiu, pois, Jesus ao monte e sentou-se ali com seus
discípulos.
4. Ora, a páscoa, a festa dos judeus, estava
próxima.
5. Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande
multidão vinha ter com ele, disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes
comerem?
6. Mas dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o
que ia fazer.
7. Respondeu-lhe Felipe: Duzentos denários de pão não
lhes bastam, para que cada um receba um pouco.
8. Ao que lhe disse um
dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
9. Está aqui um
rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para
tantos?
10. Disse Jesus: Fazei reclinar-se o povo. Ora, naquele lugar
havia muita relva. Reclinaram-se aí, pois, os homens em número de quase cinco
mil.
11. Jesus, então, tomou os pães e, havendo dado graças,
repartiu-os pelos que estavam reclinados; e de igual modo os peixes, quanto eles
queriam.
12. E quando estavam saciados, disse aos seus discípulos:
Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
13.
Recolheram-nos, pois e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada,
que sobejaram aos que haviam comido.
14. Vendo, pois, aqueles homens o
sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de
vir ao mundo.
15. Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e
levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele
sozinho.
16. Ao cair da tarde, desceram os seus discípulos ao
mar;
17. e, entrando num barco, atravessavam o mar em direção a
Cafarnaum; enquanto isso, escurecera e Jesus ainda não tinha vindo ter com
eles;
18. ademais, o mar se empolava, porque soprava forte
vento.
19. Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios,
viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e ficaram
atemorizados.
20. Mas ele lhes disse: Sou eu; não
temais.
21. Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o
barco chegou à terra para onde iam.
22. No dia seguinte, a multidão
que ficara no outro lado do mar, sabendo que não houvera ali senão um barquinho,
e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, mas que estes tinham ido
sós
23. (contudo, outros barquinhos haviam chegado a Tiberíades para
perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças);
24.
quando, pois, viram que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram
eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus.
25. E,
achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste
aqui?
26. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me
buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos
saciastes.
27. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida
que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste,
Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.
28. Pergutaram-lhe, pois: Que
havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?
29. Jesus lhes
respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele
enviou.
30. Perguntaram-lhe, então: Que sinal, pois, fazes tu, para
que o vejamos e te creiamos? Que operas tu?
31. Nossos pais comeram o
maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer.
32.
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos
deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.
33.
Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
34.
Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
35. Declarou-lhes
Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e
quem crê em mim jamais terá sede.
36. Mas como já vos disse, vós me
tendes visto, e contudo não credes.
37. Todo o que o Pai me dá virá a
mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
38. Porque
eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou.
39. E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca
nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último
dia.
40. Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê
o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último
dia.
41. Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o
pão que desceu do céu;
42. e perguntavam: Não é Jesus, o filho de
José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do
céu?
43. Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.
44.
Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o
ressuscitarei no último dia.
45. Está escrito nos profetas: E serão
todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a
mim.
46. Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de
Deus; só ele tem visto o Pai.
47. Em verdade, em verdade vos digo:
Aquele que crê tem a vida eterna.
48. Eu sou o pão da
vida.
49. Vossos pais comeram o maná no deserto e
morreram.
50. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer
não morra.
51. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer
deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha
carne.
52. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode
este dar-nos a sua carne a comer?
53. Disse-lhes Jesus: Em verdade, em
verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o
seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
54. Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último
dia.
55. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue
verdadeiramente é bebida.
56. Quem come a minha carne e bebe o meu
sangue permanece em mim e eu nele.
57. Assim como o Pai, que vive, me
enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por
mim.
58. Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos
pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para
sempre.
59. Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em
Cafarnaum.
60. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto,
disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
61. Mas, sabendo
Jesus em si mesmo que murmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: Isto vos
escandaliza?
62. Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem
para onde primeiro estava?
63. O espírito é o que vivifica, a carne
para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são
vida.
64. Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde
o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de
entregar.
65. E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a
mim, se pelo Pai lhe não for concedido.
66. Por causa disso muitos dos
seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele.
67.
Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
68.
Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da
vida eterna.
69. E nós já temos crido e bem sabemos que tu és o Santo
de Deus.
70. Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze?
Contudo um de vós é o diabo.
71. Referia-se a Judas, filho de Simão
Iscariotes; porque era ele o que o havia de entregar, sendo um dos
doze.
[João 7]João 7
1. Depois
disto andava Jesus pela Galiléia; pois não queria andar pela Judéia, porque os
judeus procuravam matá-lo.
2. Ora, estava próxima a festa dos judeus,
a dos tabernáculos.
3. Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te
daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que
fazes.
4. Porque ninguém faz coisa alguma em oculto, quando procura
ser conhecido. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.
5.
Pois nem seus irmãos criam nele.
6. Disse-lhes, então, Jesus: Ainda
não é chegado o meu tempo; mas o vosso tempo sempre está presente.
7.
O mundo não vos pode odiar; mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que
as suas obras são más.
8. Subi vós à festa; eu não subo ainda a esta
festa, porque ainda não é chegado o meu tempo.
9. E, havendo-lhes dito
isto, ficou na Galiléia.
10. Mas quando seus irmãos já tinham subido à
festa, então subiu ele também, não publicamente, mas como em
secreto.
11. Ora, os judeus o procuravam na festa, e perguntavam: Onde
está ele?
12. E era grande a murmuração a respeito dele entre as
multidões. Diziam alguns: Ele é bom. Mas outros diziam: não, antes engana o
povo.
13. Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos
judeus.
14. Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus ao templo e
começou a ensinar.
15. Então os judeus se admiravam, dizendo: Como
sabe este letras, sem ter estudado?
16. Respondeu-lhes Jesus: A minha
doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
17. Se alguém quiser
fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim
mesmo.
18. Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o
que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele
injustiça.
19. Não vos deu Moisés a lei? no entanto nenhum de vós
cumpre a lei. Por que procurais matar-me?
20. Respondeu a multidão:
Tens demônio; quem procura matar-te?
21. Replicou-lhes Jesus: Uma só
obra fiz, e todos vós admirais por causa disto.
22. Moisés vos ordenou
a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), e no sábado circuncidais
um homem.
23. Ora, se um homem recebe a circuncisão no sábado, para
que a lei de Moisés não seja violada, como vos indignais contra mim, porque no
sábado tornei um homem inteiramente são?
24. Não julgueis pela
aparência mas julgai segundo o reto juízo.
25. Diziam então alguns dos
de Jerusalém: Não é este o que procuram matar?
26. E eis que ele está
falando abertamente, e nada lhe dizem. Será que as autoridades realmente o
reconhecem como o Cristo?
27. Entretanto sabemos donde este é; mas,
quando vier o Cristo, ninguém saberá donde ele é.
28. Jesus, pois,
levantou a voz no templo e ensinava, dizendo: Sim, vós me conheceis, e sabeis
donde sou; contudo eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é
verdadeiro, o qual vós não conheceis.
29. Mas eu o conheço, porque
dele venho, e ele me enviou.
30. Procuravam, pois, prendê-lo; mas
ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua
hora.
31. Contudo muitos da multidão creram nele, e diziam: Será que o
Cristo, quando vier, fará mais sinais do que este tem feito?
32. Os
fariseus ouviram a multidão murmurar estas coisas a respeito dele; e os
principais sacerdotes e os fariseus mandaram guardas para o
prenderem.
33. Disse, pois, Jesus: Ainda um pouco de tempo estou
convosco, e depois vou para aquele que me enviou.
34. Vós me
buscareis, e não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir.
35.
Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá ele, que não o
acharemos? Irá, porventura, à Dispersão entre os gregos, e ensinará os
gregos?
36. Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis, e não me
achareis; e, Onde eu estou, vós não podeis vir?
37. Ora, no seu último
dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem
sede, venha a mim e beba.
38. Quem crê em mim, como diz a Escritura,
do seu interior correrão rios de água viva.
39. Ora, isto ele disse a
respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito
ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido
glorificado.
40. Então alguns dentre o povo, ouvindo essas palavras,
diziam: Verdadeiramente este é o profeta.
41. Outros diziam: Este é o
Cristo; mas outros replicavam: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?
42.
Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, a
aldeia donde era Davi?
43. Assim houve uma dissensão entre o povo por
causa dele.
44. Alguns deles queriam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs as
mãos.
45. Os guardas, pois, foram ter com os principais dos sacerdotes
e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes?
46.
Responderam os guardas: Nunca homem algum falou assim como este
homem.
47. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Também vós fostes
enganados?
48. Creu nele porventura alguma das autoridades, ou alguém
dentre os fariseus?
49. Mas esta multidão, que não sabe a lei, é
maldita.
50. Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus,
perguntou-lhes:
51. A nossa lei, porventura, julga um homem sem
primeiro ouvi-lo e ter conhecimento do que ele faz?
52.
Responderam-lhe eles: És tu também da Galiléia? Examina e vê que da Galiléia não
surge profeta.
53. E cada um foi para sua casa.
[João 8]João 8
1. Mas Jesus foi para o Monte das
Oliveiras.
2. Pela manhã cedo voltou ao templo, e todo o povo vinha
ter com ele; e Jesus, sentando-se o ensinava.
3. Então os escribas e
fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no
meio,
4. disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante
adultério.
5. Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam
apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
6. Isto diziam eles, tentando-o,
para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no
chão com o dedo.
7. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se
e disse-lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe
atire uma pedra.
8. E, tornando a inclinar-se, escrevia na
terra.
9. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos
mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé.
10.
Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe:
Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
11.
Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e
não peques mais.
12. Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou
a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da
vida.
13. Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu dás testemunho de ti
mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.
14. Respondeu-lhes Jesus:
Ainda que eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro; porque
sei donde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde
vou.
15. Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém
julgo.
16. E, mesmo que eu julgue, o meu juízo é verdadeiro; porque
não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou.
17. Ora, na vossa lei
está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro.
18. Sou eu
que dou testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou, também dá testemunho de
mim.
19. Perguntavam-lhe, pois: Onde está teu pai? Jesus respondeu:
Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também
conheceríeis a meu Pai.
20. Essas palavras proferiu Jesus no lugar do
tesouro, quando ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque ainda não era
chegada a sua hora.
21. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu me
retiro; buscar-me-eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não
podeis ir.
22. Então diziam os judeus: Será que ele vai suicidar-se,
pois diz: Para onde eu vou, vós não podeis ir?
23. Disse-lhes ele: Vós
sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste
mundo.
24. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque,
se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
25.
Perguntavam-lhe então: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Exatamente o que venho
dizendo que sou.
26. Muitas coisas tenho que dizer e julgar acerca de
vós; mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele ouvi, isso falo ao
mundo.
27. Eles não perceberam que lhes falava do Pai.
28.
Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então
conhecereis que eu sou, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou,
assim falo.
29. E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado
só; porque faço sempre o que é do seu agrado.
30. Falando ele estas
coisas, muitos creram nele.
31. Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele
creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus
discípulos;
32. e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará.
33. Responderam-lhe: Somos descendentes de Abraão, e nunca
fomos escravos de ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
34.
Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete
pecado é escravo do pecado.
35. Ora, o escravo não fica para sempre na
casa; o filho fica para sempre.
36. Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres.
37. Bem sei que sois descendência de
Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar
em vós.
38. Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que
também ouvistes de vosso pai.
39. Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão.
Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de
Abraão.
40. Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a
verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez.
41. Vós fazeis as obras
de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de prostituição; temos
um Pai, que é Deus.
42. Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso
Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo,
mas ele me enviou.
43. Por que não compreendeis a minha linguagem? é
porque não podeis ouvir a minha palavra.
44. Vós tendes por pai o
Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o
princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele
profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da
mentira.
45. Mas porque eu digo a verdade, não me
credes.
46. Quem dentre vós me convence de pecado? Se digo a verdade,
por que não me credes?
47. Quem é de Deus ouve as palavras de Deus;
por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.
48.
Responderam-lhe os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que tens
demônio?
49. Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; antes honro a meu
Pai, e vós me desonrais.
50. Eu não busco a minha glória; há quem a
busque, e julgue.
51. Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém
guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
52. Disseram-lhe os
judeus: Agora sabemos que tens demônios. Abraão morreu, e também os profetas; e
tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a
morte!
53. Porventura és tu maior do que nosso pai Abraão, que morreu?
Também os profetas morreram; quem pretendes tu ser?
54. Respondeu
Jesus: Se eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me
glorifica é meu Pai, do qual vós dizeis que é o vosso Deus;
55. e vós
não o conheceis; mas eu o conheço; e se disser que não o conheço, serei
mentiroso como vós; mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.
56.
Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; viu-o, e alegrou-se.
57.
Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste
Abraão?
58. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que
antes que Abraão existisse, eu sou.
59. Então pegaram em pedras para
lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo.
[João 9]João 9
1. E passando Jesus, viu um homem
cego de nascença.
2. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem
pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
3. Respondeu Jesus:
Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de
Deus.
4. Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto
é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.
5. Enquanto estou
no mundo, sou a luz do mundo.
6. Dito isto, cuspiu no chão e com a
saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego,
7. e disse-lhe:
Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi, lavou-se, e
voltou vendo.
8. Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto,
quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a
mendigar?
9. Uns diziam: É ele. E outros: Não é, mas se parece com
ele. Ele dizia: Sou eu.
10. Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram
os olhos?
11. Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo,
untou-me os olhos, e disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e
fiquei vendo.
12. E perguntaram-lhe: Onde está ele? Respondeu: Não
sei.
13. Levaram aos fariseus o que fora cego.
14. Ora, era
sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
15. Então
os fariseus também se puseram a perguntar-lhe como recebera a vista.
Respondeu-lhes ele: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo.
16.
Por isso alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o
sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia
dissensão entre eles.
17. Tornaram, pois, a perguntar ao cego: Que
dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos? E ele respondeu: É
profeta.
18. Os judeus, porém, não acreditaram que ele tivesse sido
cego e recebido a vista, enquanto não chamaram os pais do que fora
curado,
19. e lhes perguntaram: É este o vosso filho, que dizeis ter
nascido cego? Como, pois, vê agora?
20. Responderam seus pais: Sabemos
que este é o nosso filho, e que nasceu cego;
21. mas como agora vê,
não sabemos; ou quem lhe abriu os olhos, nós não sabemos; perguntai a ele mesmo;
tem idade; ele falará por si mesmo.
22. Isso disseram seus pais,
porque temiam os judeus, porquanto já tinham estes combinado que se alguém
confessasse ser Jesus o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
23. Por
isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele
mesmo.
24. Então chamaram pela segunda vez o homem que fora cego, e
lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é
pecador.
25. Respondeu ele: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu
era cego, e agora vejo.
26. Perguntaram-lhe pois: Que foi que te fez?
Como te abriu os olhos?
27. Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não
atendestes; para que o quereis tornar a ouvir? Acaso também vós quereis
tornar-vos discípulos dele?
28. Então o injuriaram, e disseram:
Discípulo dele és tu; nós porém, somos discípulos de Moisés.
29.
Sabemos que Deus falou a Moisés; mas quanto a este, não sabemos donde
é.
30. Respondeu-lhes o homem: Nisto, pois, está a maravilha: não
sabeis donde ele é, e entretanto ele me abriu os olhos;
31. sabemos
que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua
vontade, a esse ele ouve.
32. Desde o princípio do mundo nunca se
ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
33. Se este
não fosse de Deus, nada poderia fazer.
34. Replicaram-lhe eles: Tu
nasceste todo em pecados, e vens nos ensinar a nós? E
expulsaram-no.
35. Soube Jesus que o haviam expulsado; e achando-o
perguntou-lhe: Crês tu no Filho do homem?
36. Respondeu ele: Quem é,
senhor, para que nele creia?
37. Disse-lhe Jesus: Já o viste, e é ele
quem fala contigo.
38. Disse o homem: Creio, Senhor! E o
adorou.
39. Prosseguiu então Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a
fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos.
40.
Alguns fariseus que ali estavam com ele, ouvindo isso, perguntaram-lhe:
Porventura somos nós também cegos?
41. Respondeu-lhes Jesus: Se
fosseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Nós vemos, permanece o
vosso pecado.
[João 10]João
10
1. Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra
pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e
salteador.
2. Mas o que entra pela porta é o pastor das
ovelhas.
3. A este o porteiro abre; e as ovelhas ouvem a sua voz; e
ele chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para fora.
4. Depois
de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e as
ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz;
5. mas de modo algum
seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos
estranhos.
6. Jesus propôs-lhes esta parábola, mas eles não entenderam
o que era que lhes dizia.
7. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em
verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
8. Todos
quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os
ouviram.
9. Eu sou a porta; se alguém entrar a casa; o filho fica
entrará e sairá, e achará pastagens.
10. O ladrão não vem senão para
roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em
abundância.
11. Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas
ovelhas.
12. Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as
ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e
dispersa.
13. Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se
importa com as ovelhas.
14. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem,
15. assim como o Pai me conhece e eu
conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
16. Tenho ainda
outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e
elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.
17. Por
isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar.
18. Ninguém
ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho
autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.
19. Por
causa dessas palavras, houve outra dissensão entre os judeus.
20. E
muitos deles diziam: Tem demônio, e perdeu o juízo; por que o
escutais?
21. Diziam outros: Essas palavras não são de quem está
endemoninhado; pode porventura um demônio abrir os olhos aos
cegos?
22. Celebrava-se então em Jerusalém a festa da dedicação. E era
inverno.
23. Andava Jesus passeando no templo, no pórtico de
Salomão.
24. Rodearam-no, pois, os judeus e lhe perguntavam: Até
quando nos deixarás perplexos? Se tu és o Cristo, dize-no-lo
abertamente.
25. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes.
As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de
mim.
26. Mas vós não credes, porque não sois das minhas
ovelhas.
27. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e
elas me seguem;
28. eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e
ninguém as arrebatará da minha mão.
29. Meu Pai, que mas deu, é maior
do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
30. Eu e
o Pai somos um.
31. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o
apedrejar.
32. Disse-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte de meu Pai
vos tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me?
33.
Responderam-lhe os judeus: Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te,
mas por blasfêmia; e porque, sendo tu homem, te fazes Deus.
34.
Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois
deuses?
35. Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus
foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada),
36. àquele a quem o
Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Sou
Filho de Deus?
37. Se não faço as obras de meu Pai, não me
acrediteis.
38. Mas se as faço, embora não me creiais a mim, crede nas
obras; para que entendais e saibais que o Pai está em mim e eu no
Pai.
39. Outra vez, pois, procuravam prendê-lo; mas ele lhes escapou
das mãos.
40. E retirou-se de novo para além do Jordão, para o lugar
onde João batizava no princípio; e ali ficou.
41. Muitos foram ter com
ele, e diziam: João, na verdade, não fez sinal algum, mas tudo quanto disse
deste homem era verdadeiro.
42. E muitos ali creram nele.
[João
11]João 11
1. Ora, estava enfermo um
homem chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã
Marta.
2. E Maria, cujo irmão Lázaro se achava enfermo, era a mesma
que ungiu o Senhor com bálsamo, e lhe enxugou os pés com os seus
cabelos.
3. Mandaram, pois, as irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que
está enfermo aquele que tu amas.
4. Jesus, porém, ao ouvir isto,
disse: Esta enfermidade não é para a morte, mas para glória de Deus, para que o
Filho de Deus seja glorificado por ela.
5. Ora, Jesus amava a Marta, e
a sua irmã, e a Lázaro.
6. Quando, pois, ouviu que estava enfermo,
ficou ainda dois dias no lugar onde se achava.
7. Depois disto, disse
a seus discípulos: Vamos outra vez para Judéia.
8. Disseram-lhe eles:
Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para
lá?
9. Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar
de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
10. mas se andar de
noite, tropeça, porque nele não há luz.
11. E, tendo assim falado,
acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do
sono.
12. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, ficará
bom.
13. Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém, entenderam que
falava do repouso do sono.
14. Então Jesus lhes disse claramente:
Lázaro morreu;
15. e, por vossa causa, folgo de que eu lá não
estivesse, para que creiais; mas vamos ter com ele.
16. Disse, pois,
Tomé, chamado Dídimo, aos seus condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos
com ele.
17. Chegando pois Jesus, encontrou-o já com quatro dias de
sepultura.
18. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze
estádios.
19. E muitos dos judeus tinham vindo visitar Marta e Maria,
para as consolar acerca de seu irmão.
20. Marta, pois, ao saber que
Jesus chegava, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou sentada em
casa.
21. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se meu irmão não teria
morrido.
22. E mesmo agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to
concederá.
23. Respondeu-lhe Jesus: Teu irmão há de
ressurgir.
24. Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na
ressurreição, no último dia.
25. Declarou-lhe Jesus: Eu sou a
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
26. e
todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?
27.
Respondeu-lhe Marta: Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus,
que havia de vir ao mundo.
28. Dito isto, retirou-se e foi chamar em
segredo a Maria, sua irmã, e lhe disse: O Mestre está aí, e te
chama.
29. Ela, ouvindo isto, levantou-se depressa, e foi ter com
ele.
30. Pois Jesus ainda não havia entrado na aldeia, mas estava no
lugar onde Marta o encontrara.
31. Então os judeus que estavam com
Maria em casa e a consolavam, vendo-a levantar-se apressadamente e sair,
seguiram-na, pensando que ia ao sepulcro para chorar ali.
32. Tendo,
pois, Maria chegado ao lugar onde Jesus estava, e vendo-a, lançou-se-lhe aos pés
e disse: Senhor, se tu estiveras aqui, meu irmão não teria
morrido.
33. Jesus, pois, quando a viu chorar, e chorarem também os
judeus que com ela vinham, comoveu-se em espírito, e perturbou-se,
34.
e perguntou: Onde o puseste? Responderam-lhe: Senhor, vem e vê.
35.
Jesus chorou.
36. Disseram então os judeus: Vede como o
amava.
37. Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os
olhos ao cego, fazer também que este não morreste?
38. Jesus, pois,
comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta, e tinha
uma pedra posta sobre ela.
39. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã
do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro
dias.
40. Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a
glória de Deus?
41. Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os
olhos ao céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste.
42. Eu
sabia que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está em redor é que
assim falei, para que eles creiam que tu me enviaste.
43. E, tendo
dito isso, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!
44. Saiu o que
estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e o seu rosto envolto num
lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.
45. Muitos, pois,
dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, e que tinham visto o que Jesus
fizera, creram nele.
46. Mas alguns deles foram ter com os fariseus e
disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
47. Então os principais
sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio e diziam: Que faremos? porquanto
este homem vem operando muitos sinais.
48. Se o deixarmos assim, todos
crerão nele, e virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nossa
nação.
49. Um deles, porém, chamado Caifás, que era sumo sacerdote
naquele ano, disse-lhes: Vós nada sabeis,
50. nem considerais que vos
convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça a nação
toda.
51. Ora, isso não disse ele por si mesmo; mas, sendo o sumo
sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela
nação,
52. e não somente pela nação, mas também para congregar num só
corpo os filhos de Deus que estão dispersos.
53. Desde aquele dia,
pois, tomavam conselho para o matarem.
54. De sorte que Jesus já não
andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a região vizinha
ao deserto, a uma cidade chamada Efraim; e ali demorou com os seus
discípulos.
55. Ora, estava próxima a páscoa dos judeus, e dessa
região subiram muitos a Jerusalém, antes da páscoa, para se
purificarem.
56. Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros,
estando no templo: Que vos parece? Não virá ele à festa?
57. Ora, os
principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem que, se alguém soubesse
onde ele estava, o denunciasse, para que o prendessem.
[João 12]João 12
1. Veio, pois, Jesus seis dias antes
da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os
mortos.
2. Deram-lhe ali uma ceia; Marta servia, e Lázaro era um dos
que estavam à mesa com ele.
3. Então Maria, tomando uma libra de
bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com
os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo.
4. Mas Judas
Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair
disse:
5. Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e
não se deu aos pobres?
6. Ora, ele disse isto, não porque tivesse
cuidado dos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, subtraía o que nela
se lançava.
7. Respondeu, pois Jesus: Deixa-a; para o dia da minha
preparação para a sepultura o guardou;
8. porque os pobres sempre os
tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes.
9. E grande número
dos judeus chegou a saber que ele estava ali: e afluiram, não só por causa de
Jesus mas também para verem a Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os
mortos.
10. Mas os principais sacerdotes deliberaram matar também a
Lázaro;
11. porque muitos, por causa dele, deixavam os judeus e criam
em Jesus.
12. No dia seguinte, as grandes multidões que tinham vindo à
festa, ouvindo dizer que Jesus vinha a Jerusalém,
13. tomaram ramos de
palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o que vem em
nome do Senhor! Bendito o rei de Israel!
14. E achou Jesus um
jumentinho e montou nele, conforme está escrito:
15. Não temas, ó
filha de Sião; eis que vem teu Rei, montado sobre o filho de uma
jumenta.
16. Os seus discípulos, porém, a princípio não entenderam
isto; mas quando Jesus foi glorificado, então eles se lembraram de que estas
coisas estavam escritas a respeito dele, e de que assim lhe
fizeram.
17. Dava-lhe, pois, testemunho a multidão que estava com ele
quando chamara a Lázaro da sepultura e o ressuscitara dentre os
mortos;
18. e foi por isso que a multidão lhe saiu ao encontro, por
ter ouvido que ele fizera este sinal.
19. De sorte que os fariseus
disseram entre si: Vedes que nada aproveitais? eis que o mundo inteiro vai após
ele.
20. Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia
alguns gregos.
21. Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de
Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a
Jesus.
22. Felipe foi dizê-lo a André, e então André e Felipe foram
dizê-lo a Jesus.
23. Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser
glorificado o Filho do homem.
24. Em verdade, em verdade vos digo: Se
o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito
fruto.
25. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a
sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
26. Se alguém me quiser
servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me
servir, o Pai o honrará.
27. Agora a minha alma está perturbada; e que
direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora.
28.
Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho glorificado,
e outra vez o glorificarei.
29. A multidão, pois, que ali estava, e
que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: Um anjo lhe
falou.
30. Respondeu Jesus: Não veio esta voz por minha causa, mas por
causa de vós.
31. Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o
príncipe deste mundo.
32. E eu, quando for levantado da terra, todos
atrairei a mim.
33. Isto dizia, significando de que modo havia de
morrer.
34. Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o
Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja
levantado? Quem é esse Filho do homem?
35. Disse-lhes então Jesus:
Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz,
para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde
vai.
36. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis
filhos da luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se
deles.
37. E embora tivesse operado tantos sinais diante deles, não
criam nele;
38. para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías:
Senhor, quem creu em nossa pregação? e aquem foi revelado o braço do
Senhor?
39. Por isso não podiam crer, porque, como disse ainda
Isaías:
40. Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que
não vejam com os olhos e entendam com o coração, e se convertam, e eu os
cure.
41. Estas coisas disse Isaías, porque viu a sua glória, e dele
falou.
42. Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele;
mas por causa dos fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da
sinagoga;
43. porque amaram mais a glória dos homens do que a glória
de Deus.
44. Clamou Jesus, dizendo: Quem crê em mim, crê, não em mim,
mas naquele que me enviou.
45. E quem me vê a mim, vê aquele que me
enviou.
46. Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que
crê em mim não permaneça nas trevas.
47. E, se alguém ouvir as minhas
palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o
mundo, mas para salvar o mundo.
48. Quem me rejeita, e não recebe as
minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o
julgará no último dia.
49. Porque eu não falei por mim mesmo; mas o
Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como
falar.
50. E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que
eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.
[João 13]João 13
1. Antes da festa da páscoa, sabendo
Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo
amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
2. Enquanto
ceavam, tendo já o Diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes,
que o traísse,
3. Jesus, sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas
mãos, e que viera de Deus e para Deus voltava,
4. levantou-se da ceia,
tirou o manto e, tomando uma toalha, cingiu-se.
5. Depois deitou água
na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha
com que estava cingido.
6. Chegou, pois, a Simão Pedro, que lhe disse:
Senhor, lavas-me os pés a mim?
7. Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço,
tu não o sabes agora; mas depois o entenderás.
8. Tornou-lhe Pedro:
Nunca me lavarás os pés. Replicou-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte
comigo.
9. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não somente os meus pés, mas
também as mãos e a cabeça.
10. Respondeu-lhe Jesus: Aquele que se
banhou não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós
estais limpos, mas não todos.
11. Pois ele sabia quem o estava
traindo; por isso disse: Nem todos estais limpos.
12. Ora, depois de
lhes ter lavado os pés, tomou o manto, tornou a reclinar-se à mesa e
perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
13. Vós me chamais
Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou.
14. Ora, se eu, o
Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos
outros.
15. Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz,
façais vós também.
16. Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo
maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o
enviou.
17. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as
praticardes.
18. Não falo de todos vós; eu conheço aqueles que
escolhi; mas para que se cumprisse a escritura: O que comia do meu pão, levantou
contra mim o seu calcanhar.
19. Desde já no-lo digo, antes que suceda,
para que, quando suceder, creiais que eu sou.
20. Em verdade, em
verdade vos digo: Quem receber aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me
recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
21. Tendo Jesus dito isto,
turbou-se em espírito, e declarou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós
me há de trair.
22. Os discípulos se entreolhavam, perplexos, sem
saber de quem ele falava.
23. Ora, achava-se reclinado sobre o peito
de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava.
24. A esse,
pois, fez Simão Pedro sinal, e lhe pediu: Pergunta-lhe de quem é que
fala.
25. Aquele discípulo, recostando-se assim ao peito de Jesus,
perguntou-lhe: Senhor, quem é?
26. Respondeu Jesus: É aquele a quem eu
der o pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a
Judas, filho de Simão Iscariotes.
27. E, logo após o bocado, entrou
nele Satanás. Disse-lhe, pois, Jesus: O que fazes, faze-o
depressa.
28. E nenhum dos que estavam à mesa percebeu a que propósito
lhe disse isto;
29. pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns
que Jesus lhe queria dizer: Compra o que nos é necessário para a festa; ou, que
desse alguma coisa aos pobres.
30. Então ele, tendo recebido o bocado
saiu logo. E era noite.
31. Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora
é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele;
32. se Deus
é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de
glorificar.
33. Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco.
Procurar-me-eis; e, como eu disse aos judeus, também a vós o digo agora: Para
onde eu vou, não podeis vós ir.
34. Um novo mandamento vos dou: que
vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis
uns aos outros.
35. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos,
se tiverdes amor uns aos outros.
36. Perguntou-lhe Simão Pedro:
Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus; Para onde eu vou, não podes agora
seguir-me; mais tarde, porém, me seguirás.
37. Disse-lhe Pedro: Por
que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.
38.
Respondeu Jesus: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não
cantará o galo até que me tenhas negado três vezes.
[João 14]João 14
1. Não se turbe o vosso coração;
credes em Deus, crede também em mim.
2. Na casa de meu Pai há muitas
moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos
lugar.
3. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos
tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós
também.
4. E para onde eu vou vós conheceis o caminho.
5.
Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; e como podemos saber o
caminho?
6. Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
7. Se vós me conhecêsseis a
mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes
visto.
8. Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos
basta.
9. Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e
ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu:
Mostra-nos o Pai?
10. Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai
está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai,
que permanece em mim, é quem faz as suas obras.
11. Crede-me que eu
estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas
obras.
12. Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim,
esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu
vou para o Pai;
13. e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei,
para que o Pai seja glorificado no Filho.
14. Se me pedirdes alguma
coisa em meu nome, eu a farei.
15. Se me amardes, guardareis os meus
mandamentos.
16. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador,
para que fique convosco para sempre.
17. a saber, o Espírito da
verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós
o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós.
18. Não vos
deixarei órfãos; voltarei a vós.
19. Ainda um pouco, e o mundo não me
verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis.
20.
Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em
vós.
21. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que
me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me
manifestarei a ele.
22. Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que
houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
23.
Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o
amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.
24. Quem não me ama,
não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha,
mas do Pai que me enviou.
25. Estas coisas vos tenho falado, estando
ainda convosco.
26. Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai
enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de
tudo quanto eu vos tenho dito.
27. Deixo-vos a paz, a minha paz vos
dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se
atemorize.
28. Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me
amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que
eu.
29. Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando
acontecer, vós creiais.
30. Já não falarei muito convosco, porque vem
o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim;
31. mas, assim como o
Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai.
Levantai-vos, vamo-nos daqui.
[João 15]João
15
1. Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o
viticultor.
2. Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda
vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto.
3. Vós já
estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4. Permanecei em mim,
e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não
permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em
mim.
5. Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e
eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6.
Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são
recolhidas, lançadas no fogo e queimadas.
7. Se vós permanecerdes em
mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será
feito.
8. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim
sereis meus discípulos.
9. Como o Pai me amou, assim também eu vos
amei; permanecei no meu amor.
10. Se guardardes os meus mandamentos,
permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de
meu Pai, e permaneço no seu amor.
11. Estas coisas vos tenho dito,
para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja
completo.
12. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros,
assim como eu vos amei.
13. Ninguém tem maior amor do que este, de dar
alguém a sua vida pelos seus amigos.
14. Vós sois meus amigos, se
fizerdes o que eu vos mando.
15. Já não vos chamo servos, porque o
servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto
ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
16. Vós não me escolhestes a mim
mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o
vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele
vo-lo conceda.
17. Isto vos mando: que vos ameis uns aos
outros.
18. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me
odiou a mim.
19. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu;
mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o
mundo vos odeia.
20. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o
servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão
a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa.
21. Mas
tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me
enviou.
22. Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado;
agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.
23. Aquele que me odeia
a mim, odeia também a meu Pai.
24. Se eu entre eles não tivesse feito
tais obras, quais nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora, não somente
viram, mas também odiaram tanto a mim como a meu Pai.
25. Mas isto é
para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem
causa.
26. Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do
Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, esse dará testemunho de
mim;
27. e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o
princípio.
[João 16]João 16
1.
Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis.
2.
Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos
matar julgará prestar um serviço a Deus.
3. E isto vos farão, porque
não conheceram ao Pai nem a mim.
4. Mas tenho-vos dito estas coisas, a
fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que eu vo-las tinha dito.
Não vo-las disse desde o princípio, porque estava convosco.
5. Agora,
porém, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde
vais?
6. Antes, porque vos disse isto, o vosso coração se encheu de
tristeza.
7. Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois
se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo
enviarei.
8. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da
justiça e do juízo:
9. do pecado, porque não crêem em
mim;
10. da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis
mais,
11. e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está
julgado.
12. Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis
suportar agora.
13. Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade,
ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que
tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras.
14. Ele me
glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
15. Tudo
quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu,
vo-lo anunciará.
16. Um pouco, e já não me vereis; e outra vez um
pouco, e ver-me-eis.
17. Então alguns dos seus discípulos perguntaram
uns para os outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra
vez um pouco, e ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai?
18. Diziam
pois: Que quer dizer isto: Um pouco? Não compreendemos o que ele está
dizendo.
19. Percebeu Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes:
Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis; e outra
vez um pouco, e ver-me-eis?
20. Em verdade, em verdade, vos digo que
vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós estareis tristes,
porém a vossa tristeza se converterá em alegria.
21. A mulher, quando
está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora; mas, depois de
ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo gozo de haver um
homem nascido ao mundo.
22. Assim também vós agora, na verdade, tendes
tristeza; mas eu vos tornarei a ver, e alegrar-se-á o vosso coração, e a vossa
alegria ninguém vo-la tirará.
23. Naquele dia nada me perguntareis. Em
verdade, em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes ao Pai, ele vo-lo
concederá em meu nome.
24. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi,
e recebereis, para que o vosso gozo seja completo.
25. Disse-vos estas
coisas por figuras; chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por
figuras, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.
26. Naquele dia
pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao
Pai;
27. pois o Pai mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes
que eu saí de Deus.
28. Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o
mundo, e vou para o Pai.
29. Disseram os seus discípulos: Eis que
agora falas abertamente, e não por figura alguma.
30. Agora conhecemos
que sabes todas as coisas, e não necessitas de que alguém te interrogue. Por
isso cremos que saíste de Deus.
31. Respondeu-lhes Jesus: Credes
agora?
32. Eis que vem a hora, e já é chegada, em que vós sereis
dispersos cada um para o seu lado, e me deixareis só; mas não estou só, porque o
Pai está comigo.
33. Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim
tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o
mundo.
[João 17]João 17
1.
Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada
a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te
glorifique;
2. assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne,
para que dê a vida eterna a todos aqueles que lhe tens dado.
3. E a
vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.
4. Eu te glorifiquei na terra,
completando a obra que me deste para fazer.
5. Agora, pois,
glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha
contigo antes que o mundo existisse.
6. Manifestei o teu nome aos
homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua
palavra.
7. Agora sabem que tudo quanto me deste provém de
ti;
8. porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as
receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me
enviaste.
9. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles
que me tens dado, porque são teus;
10. todas as minhas coisas são
tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado.
11. Eu não
estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo,
guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como
nós.
12. Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que
me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição,
para que se cumprisse a Escritura.
13. Mas agora vou para ti; e isto
falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si
mesmos.
14. Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não
são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
15. Não rogo que os
tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.
16. Eles não são do
mundo, assim como eu não sou do mundo.
17. Santifica-os na verdade, a
tua palavra é a verdade.
18. Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviarei ao mundo.
19. E por eles eu me santifico, para
que também eles sejam santificados na verdade.
20. E rogo não somente
por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em
mim;
21. para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e
eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste.
22. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que
sejam um, como nós somos um;
23. eu neles, e tu em mim, para que eles
sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e
que os amaste a eles, assim como me amaste a mim.
24. Pai, desejo que
onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a
minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do
mundo.
25. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço;
conheceram que tu me enviaste;
26. e eu lhes fiz conhecer o teu nome,
e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e
também eu neles esteja.
[João 18]João
18
1. Tendo Jesus dito isto, saiu com seus discípulos
para o outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim, e com eles ali
entrou.
2. Ora, Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar,
porque muitas vezes Jesus se reunira ali com os discípulos.
3. Tendo,
pois, Judas tomado a corte e uns guardas da parte dos principais sacerdotes e
fariseus, chegou ali com lanternas archotes e armas.
4. Sabendo, pois,
Jesus tudo o que lhe havia de suceder, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem
buscais?
5. Responderam-lhe: A Jesus, o nazareno. Disse-lhes Jesus:
Sou eu. E Judas, que o traía, também estava com eles.
6. Quando Jesus
lhes disse: Sou eu, recuaram, e cairam por terra.
7. Tornou-lhes então
a perguntar: A quem buscais? e responderam: A Jesus, o nazareno.
8.
Replicou-lhes Jesus: Já vos disse que sou eu; se, pois, é a mim que buscais,
deixai ir estes;
9. para que se cumprisse a palavra que dissera: Dos
que me tens dado, nenhum deles perdi.
10. Então Simão Pedro, que tinha
uma espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a
orelha direita. O nome do servo era Malco.
11. Disse, pois, Jesus a
Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me
deu?
12. Então a escolta, e o comandante, e os guardas dos judeus
prenderam a Jesus, e o maniataram.
13. E conduziram-no primeiramente a
Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano.
14. Ora,
Caifás era quem aconselhara aos judeus que convinha morrer um homem pelo
povo.
15. Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Este
discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus no pátio do sumo
sacerdote,
16. enquanto Pedro ficava da parte de fora, à porta. Saiu,
então, o outro discípulo que era conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira,
e levou Pedro para dentro.
17. Então a porteira perguntou a Pedro: Não
és tu também um dos discípulos deste homem? Respondeu ele: Não
sou.
18. Ora, estavam ali os servos e os guardas, que tinham acendido
um braseiro e se aquentavam, porque fazia frio; e também Pedro estava ali em pé
no meio deles, aquentando-se.
19. Então o sumo sacerdote interrogou
Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
20. Respondeu-lhe
Jesus: Eu tenho falado abertamente ao mundo; eu sempre ensinei nas sinagogas e
no templo, onde todos os judeus se congregam, e nada falei em
oculto.
21. Por que me perguntas a mim? pergunta aos que me ouviram o
que é que lhes falei; eis que eles sabem o que eu disse.
22. E,
havendo ele dito isso, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus,
dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote?
23. Respondeu-lhe
Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se bem, por que me
feres?
24. Então Anás o enviou, maniatado, a Caifás, o sumo
sacerdote.
25. E Simão Pedro ainda estava ali, aquentando-se.
Perguntaram-lhe, pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou, e
disse: Não sou.
26. Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a
quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no jardim com
ele?
27. Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo
cantou.
28. Depois conduziram Jesus da presença de Caifás para o
pretório; era de manhã cedo; e eles não entraram no pretório, para não se
contaminarem, mas poderem comer a páscoa.
29. Então Pilatos saiu a ter
com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?
30.
Responderam-lhe: Se ele não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
31.
Disse-lhes, então, Pilatos: Tomai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei.
Disseram-lhe os judeus: A nós não nos é lícito tirar a vida a
ninguém.
32. Isso foi para que se cumprisse a palavra que dissera
Jesus, significando de que morte havia de morrer.
33. Pilatos, pois,
tornou a entrar no pretório, chamou a Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos
judeus?
34. Respondeu Jesus: Dizes isso de ti mesmo, ou foram outros
que to disseram de mim?
35. Replicou Pilatos: Porventura sou eu judeu?
O teu povo e os principais sacerdotes entregaram-te a mim; que
fizeste?
36. Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu
reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse
entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui.
37.
Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu
sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho
da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
38.
Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os
judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
39. Tendes, porém,
por costume que eu vos solte alguém por ocasião da páscoa; quereis, pois, que
vos solte o rei dos judeus?
40. Então todos tornaram a clamar dizendo:
Este não, mas Barrabás. Ora, Barrabás era salteador.
[João 19]João 19
1. Nisso, pois, Pilatos tomou a
Jesus, e mandou açoitá-lo.
2. E os soldados, tecendo uma coroa de
espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de
púrpura;
3. e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e
davam-lhe bofetadas.
4. Então Pilatos saiu outra vez, e disse-lhes:
Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime
algum.
5. Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de
púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis o homem!
6. Quando o viram os
principais sacerdotes e os guardas, clamaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o!
Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque nenhum crime acho
nele.
7. Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo esta
lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
8. Ora, Pilatos,
quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou;
9. e entrando outra
vez no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu
resposta.
10. Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes
que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te
crucificar?
11. Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre
mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior
pecado tem.
12. Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os
judeus clamaram: Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se
faz rei é contra César.
13. Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe
Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em
hebraico Gabatá.
14. Ora, era a preparação da páscoa, e cerca da hora
sexta. E disse aos judeus: Eis o vosso rei.
15. Mas eles clamaram:
Tira-o! tira-o! crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei?
responderam, os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César.
16.
Então lho entregou para ser crucificado.
17. Tomaram, pois, a Jesus; e
ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em
hebraico se chama Gólgota,
18. onde o crucificaram, e com ele outros
dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
19. E Pilatos escreveu também
um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O
REI DOS JUDEUS.
20. Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque
o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em
hebraico, latim e grego.
21. Diziam então a Pilatos os principais
sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O rei dos judeus; mas que ele disse: Sou
rei dos judeus.
22. Respondeu Pilatos: O que escrevi,
escrevi.
23. Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as
suas vestes, e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte. Tomaram
também a túnica; ora a túnica não tinha costura, sendo toda tecida de alto a
baixo.
24. Pelo que disseram uns aos outros: Não a rasguemos, mas
lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será (para que se cumprisse a
escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sortes). E,
de fato, os soldados assim fizeram.
25. Estavam em pé, junto à cruz de
Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria
Madalena.
26. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o
discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu
filho.
27. Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela
hora o discípulo a recebeu em sua casa.
28. Depois, sabendo Jesus que
todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse:
Tenho sede.
29. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Puseram, pois,
numa cana de hissopo uma esponja ensopada de vinagre, e lha chegaram à
boca.
30. Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está
consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
31. Ora, os
judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na
cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes
quebrassem as pernas, e fossem tirados dali.
32. Foram então os
soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele
fora crucificado;
33. mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto,
não lhe quebraram as pernas;
34. contudo um dos soldados lhe furou o
lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
35. E é quem viu isso
que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade,
para que também vós creiais.
36. Porque isto aconteceu para que se
cumprisse a escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
37. Também
há outra escritura que diz: Olharão para aquele que traspassaram.
38.
Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, embora oculto por
medo dos judeus, rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus; e
Pilatos lho permitiu. Então foi e o tirou.
39. E Nicodemos, aquele que
anteriormente viera ter com Jesus de noite, foi também, levando cerca de cem
libras duma mistura de mirra e aloés.
40. Tomaram, pois, o corpo de
Jesus, e o envolveram em panos de linho com as especiarias, como os judeus
costumavam fazer na preparação para a sepultura.
41. No lugar onde
Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo, em que
ninguém ainda havia sido posto.
42. Ali, pois, por ser a véspera do
sábado dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram a
Jesus.
[João 20]João 20
1. No
primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda
escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.
2. Correu, pois,
e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e
disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o
puseram.
3. Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao
sepulcro.
4. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais
ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro;
5. e,
abaixando-se viu os panos de linho ali deixados, todavia não
entrou.
6. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no
sepulcro e viu os panos de linho ali deixados,
7. e que o lenço, que
estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num
lugar à parte.
8. Então entrou também o outro discípulo, que chegara
primeiro ao sepulcro, e viu e creu.
9. Porque ainda não entendiam a
escritura, que era necessário que ele ressurgisse dentre os
mortos.
10. Tornaram, pois, os discípulos para casa.
11.
Maria, porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava,
abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro,
12. e viu dois anjos
vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro
aos pés.
13. E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras?
Respondeu-lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o
puseram.
14. Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em
pé, mas não sabia que era Jesus.
15. Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por
que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro,
respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o
levarei.
16. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em
hebraico: Raboni!-que quer dizer, Mestre.
17. Disse-lhe Jesus: Deixa
de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que
eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
18. E foi
Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor!-e que ele lhe dissera estas
coisas.
19. Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana,
e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus,
chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco.
20. Dito
isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem
o Senhor.
21. Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco;
assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
22. E havendo
dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito
Santo.
23. Àqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e
àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos.
24. Ora, Tomé, um dos
doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
25.
Diziam-lhe, pois, ou outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes
respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu
lado, de maneira nenhuma crerei.
26. Oito dias depois estavam os
discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as
portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.
27.
Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua
mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente.
28.
Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!
29. Disse-lhe Jesus:
Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e
creram.
30. Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos
ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;
31.
estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
[João 21]João 21
1. Depois disto manifestou-se Jesus
outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se deste
modo:
2. Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael,
que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus
discípulos.
3. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe:
Nós também vamos contigo. Saíram e entraram no barco; e naquela noite nada
apanharam.
4. Mas ao romper da manhã, Jesus se apresentou na praia;
todavia os discípulos não sabiam que era ele.
5. Disse-lhes, pois,
Jesus: Filhos, não tendes nada que comer? Responderam-lhe: Não.
6.
Disse-lhes ele: Lançai a rede à direita do barco, e achareis. Lançaram-na, pois,
e já não a podiam puxar por causa da grande quantidade de peixes.
7.
Então aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: Senhor. Quando, pois,
Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava
despido, e lançou-se ao mar;
8. mas os outros discípulos vieram no
barquinho, puxando a rede com os peixes, porque não estavam distantes da terra
senão cerca de duzentos côvados.
9. Ora, ao saltarem em terra, viram
ali brasas, e um peixe posto em cima delas, e pão.
10. Disse-lhes
Jesus: Trazei alguns dos peixes que agora apanhastes.
11. Entrou Simão
Pedro no barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três
grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede.
12.
Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem
és tu? sabendo que era o Senhor.
13. Chegou Jesus, tomou o pão e
deu-lho, e semelhantemente o peixe.
14. Foi esta a terceira vez que
Jesus se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressurgido dentre os
mortos.
15. Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro:
Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe:
Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus
cordeirinhos.
16. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João,
amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia
as minhas ovelhas.
17. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de
João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez:
Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo.
Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.
18. Em verdade, em
verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por
onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e
te levará para onde tu não queres.
19. Ora, isto ele disse,
significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito
isto, ordenou-lhe: Segue-me.
20. E Pedro, virando-se, viu que o seguia
aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia se recostara sobre o
peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que te trai?
21. Ora,
vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?
22.
Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu
com isso? Segue-me tu.
23. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este
dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não
morreria, mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com
isso?
24. Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as
escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
25. E ainda
muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma,
creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se
escrevessem.
[Atos 1]Atos 1
1.
Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e
ensinar,
2. até o dia em que foi levado para cima, depois de haver
dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
3.
aos quais também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas
provas infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando
das coisas concernentes ao reino de Deus.
4. Estando com eles,
ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa
do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes.
5. Porque, na verdade,
João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, dentro de
poucos dias.
6. Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe,
dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel?
7.
Respondeu-lhes: A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai
reservou à sua própria autoridade.
8. Mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como
em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra.
9. Tendo ele
dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o
recebeu, ocultando-o a seus olhos.
10. Estando eles com os olhos fitos
no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos
de branco,
11. os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais
aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de
vir assim como para o céu o vistes ir.
12. Então voltaram para
Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, à
distância da jornada de um sábado.
13. E, entrando, subiram ao
cenáculo, onde permaneciam Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé,
Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão o Zelote, e Judas, filho de
Tiago.
14. Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as
mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.
15. Naqueles
dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali
reunidas cerca de cento e vinte, e disse:
16. Irmãos, convinha que se
cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de
Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus;
17. pois ele era
contado entre nós e teve parte neste ministério.
18. (Ora, ele
adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitando-se, caiu
prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se
derramaram.
19. E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de
Jerusalém; de maneira que na própria língua deles esse campo se chama Acéldama,
isto é, Campo de Sangue.)
20. Porquanto no livro dos Salmos está
escrito: Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite; e: Tome
outro o seu ministério.
21. É necessário, pois, que dos varões que
conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre
nós,
22. começando desde o batismo de João até o dia em que dentre nós
foi levado para cima, um deles se torne testemunha conosco da sua
ressurreição.
23. E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que
tinha por sobrenome o Justo, e Matias.
24. E orando, disseram: Tu,
Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens
escolhido
25. para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do
qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar.
26. Então deitaram
sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele
contado com os onze apóstolos.
[Atos 2]Atos
2
1. Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos
reunidos no mesmo lugar.
2. De repente veio do céu um ruído, como que
de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.
3.
E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre
cada um deles pousou uma.
4. E todos ficaram cheios do Espírito Santo,
e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que
falassem.
5. Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de
todas as nações que há debaixo do céu.
6. Ouvindo-se, pois, aquele
ruído, ajuntou-se a multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na
sua própria língua.
7. E todos pasmavam e se admiravam, dizendo uns
aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses que estão
falando?
8. Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria
língua em que nascemos?
9. Nós, partos, medos, e elamitas; e os que
habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia,
10.
a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e
forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
11. cretenses e
árabes-ouvímo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus.
12.
E todos pasmavam e estavam perplexos, dizendo uns aos outros: Que quer dizer
isto?
13. E outros, zombando, diziam: Estão cheios de
mosto.
14. Então Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e
disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto
notório, e escutai as minhas palavras.
15. Pois estes homens não estão
embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do
dia.
16. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
17. E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre
toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos
mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos;
18. e sobre os
meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e
eles profetizarão.
19. E mostrarei prodígios em cima no céu; e sinais
embaixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça.
20. O sol se
converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia
do Senhor.
21. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo.
22. Varões israelitas, escutai estas palavras: A
Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e
sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem
sabeis;
23. a este, que foi entregue pelo determinado conselho e
presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de
iníquos;
24. ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte,
pois não era possível que fosse retido por ela.
25. Porque dele fala
Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, para que
eu não seja abalado;
26. por isso se alegrou o meu coração, e a minha
língua exultou; e além disso a minha carne há de repousar em
esperança;
27. pois não deixarás a minha alma no inferno, nem
permitirás que o teu Santo veja a corrupção;
28. fizeste-me conhecer
os caminhos da vida; encher-me-ás de alegria na tua presença.
29.
Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele
morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
30.
Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento
que faria sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes,
31.
prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi
deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.
32. Ora, a este
Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.
33. De
sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do
Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.
34. Porque
Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor:
Assenta-te à minha direita,
35. até que eu ponha os teus inimigos por
escabelo de teus pés.
36. Saiba pois com certeza toda a casa de Israel
que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e
Cristo.
37. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e
perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?
38.
Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do
Espírito Santo.
39. Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos
filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus
chamar.
40. E com muitas outras palavras dava testemunho, e os
exortava, dizendo: salvai-vos desta geração perversa.
41. De sorte que
foram batizados os que receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase
três mil almas;
42. e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações.
43. Em cada alma havia
temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos.
44.
Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum.
45. E
vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade
de cada um.
46. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e
partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração,
47.
louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes
o Senhor os que iam sendo salvos.
[Atos 3]Atos
3
1. Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, a
nona.
2. E, era carregado um homem, coxo de nascença, o qual todos os
dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas aos que
entravam.
3. Ora, vendo ele a Pedro e João, que iam entrando no
templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
4. E Pedro, com João, fitando
os olhos nele, disse: Olha para nós.
5. E ele os olhava atentamente,
esperando receber deles alguma coisa.
6. Disse-lhe Pedro: Não tenho
prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o
nazareno, anda.
7. Nisso, tomando-o pela mão direita, o levantou;
imediatamente os seus pés e artelhos se firmaram
8. e, dando ele um
salto, pôs-se em pé. Começou a andar e entrou com eles no templo, andando,
saltando e louvando a Deus.
9. Todo o povo, ao vê-lo andar e louvar a
Deus,
10. reconhecia-o como o mesmo que estivera sentado a pedir
esmola à Porta Formosa do templo; e todos ficaram cheios de pasmo e assombro,
pelo que lhe acontecera.
11. Apegando-se o homem a Pedro e João, todo
o povo correu atônito para junto deles, ao pórtico chamado de
Salomão.
12. Pedro, vendo isto, disse ao povo: Varões israelitas, por
que vos admirais deste homem? Ou, por que fitais os olhos em nós, como se por
nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?
13. O Deus de
Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo
Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, quando este
havia resolvido soltá-lo.
14. Mas vós negastes o Santo e Justo, e
pedistes que se vos desse um homicida;
15. e matastes o Autor da vida,
a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos
testemunhas.
16. E pela fé em seu nome fez o seu nome fortalecer a
este homem que vedes e conheceis; sim, a fé, que vem por ele, deu a este, na
presença de todos vós, esta perfeita saúde.
17. Agora, irmãos, eu sei
que o fizestes por ignorância, como também as vossas autoridades.
18.
Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia
anunciado que o seu Cristo havia de padecer.
19. Arrependei-vos, pois,
e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham
os tempos de refrigério, da presença do Senhor,
20. e envie ele o
Cristo, que já dantes vos foi indicado, Jesus,
21. ao qual convém que
o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus
falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio.
22. Pois
Moisés disse: Suscitar-vos-á o Senhor vosso Deus, dentre vossos irmãos, um
profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos
disser.
23. E acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta,
será exterminada dentre o povo.
24. E todos os profetas, desde Samuel
e os que sucederam, quantos falaram, também anunciaram estes dias.
25.
Vós sois os filhos dos profetas e do pacto que Deus fez com vossos pais, dizendo
a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da
terra.
26. Deus suscitou a seu Servo, e a vós primeiramente vo-lo
enviou para que vos abençoasse, desviando-vos, a cada um, das vossas
maldades.
[Atos 4]Atos 4
1.
Enquanto eles estavam falando ao povo, sobrevieram-lhes os sacerdotes, o capitão
do templo e os saduceus,
2. doendo-se muito de que eles ensinassem o
povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos,
3.
deitaram mão neles, e os encerraram na prisão até o dia seguinte; pois era já
tarde.
4. Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram, e se
elevou o número dos homens a quase cinco mil.
5. No dia seguinte,
reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos, os escribas,
6. e
Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, João, Alexandre, e todos quantos eram da
linhagem do sumo sacerdote.
7. E, pondo-os no meio deles, perguntaram:
Com que poder ou em nome de quem fizestes vós isto?
8. Então Pedro,
cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e vós,
anciãos,
9. se nós hoje somos inquiridos acerca do benefício feito a
um enfermo, e do modo como foi curado,
10. seja conhecido de vós
todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno,
aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos,
nesse nome está este aqui, são diante de vós.
11. Ele é a pedra que
foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra
angular.
12. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu
nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser
salvos.
13. Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo
percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que
haviam estado com Jesus.
14. E vendo em pé com eles o homem que fora
curado, nada tinham que dizer em contrário.
15. Todavia, mandando-os
sair do sinédrio, conferenciaram entre si,
16. dizendo: Que havemos de
fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que
por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar.
17. Mas,
para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que de ora em
diante não falem neste nome a homem algum.
18. E, chamando-os,
ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de
Jesus.
19. Mas Pedro e João, respondendo, lhes disseram: Julgai vós se
é justo diante de Deus ouvir-nos antes a vós do que a Deus;
20. pois
nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e
ouvido.
21. Mas eles ainda os ameaçaram mais, e, não achando motivo
para os castigar, soltaram-nos, por causa do povo; porque todos glorificavam a
Deus pelo que acontecera;
22. pois tinha mais de quarenta anos o homem
em quem se operara esta cura milagrosa.
23. E soltos eles, foram para
os seus, e contaram tudo o que lhes haviam dito os principais sacerdotes e os
anciãos.
24. Ao ouvirem isto, levantaram unanimemente a voz a Deus e
disseram: Senhor, tu que fizeste o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles
há;
25. que pelo Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu
servo, disseste: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas
vãs?
26. Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se
à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
27. Porque
verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao
qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os
povos de Israel;
28. para fazerem tudo o que a tua mão e o teu
conselho predeterminaram que se fizesse.
29. Agora pois, ó Senhor,
olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a
intrepidez a tua palavra,
30. enquanto estendes a mão para curar e
para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Servo
Jesus.
31. E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam
reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a
palavra de Deus.
32. Da multidão dos que criam, era um só o coração e
uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria,
mas todas as coisas lhes eram comuns.
33. Com grande poder os
apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles
havia abundante graça.
34. Pois não havia entre eles necessitado
algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o
preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos.
35. E se
repartia a qualquer um que tivesse necessidade.
36. Então José,
cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação),
levita, natural de Chipre,
37. possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o
preço e o depositou aos pés dos apóstolos.
[Atos 5]Atos
5
1. Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira,
sua mulher, vendeu uma propriedade,
2. e reteve parte do preço,
sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos
apóstolos.
3. Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do
terreno?
4. Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o
preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não
mentiste aos homens, mas a Deus.
5. E Ananias, ouvindo estas palavras,
caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam
disto.
6. Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para
fora, o sepultaram.
7. Depois de um intervalo de cerca de três horas,
entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8. E
perguntou-lhe Pedro: Dize-me: Vendestes por tanto aquele terreno? E ela
respondeu: Sim, por tanto.
9. Então Pedro lhe disse: Por que é que
combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que
sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti.
10. Imediatamente
ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e,
levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido.
11. Sobreveio
grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas
coisas.
12. E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas
mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no pórtico de
Salomão.
13. Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles; mas o
povo os tinha em grande estima;
14. e cada vez mais se agregavam
crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de
mulheres,
15. a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os
porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse
alguns deles.
16. Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente
a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais
eram todos curados.
17. Levantando-se o sumo sacerdote e todos os que
estavam com ele (isto é, a seita dos saduceus), encheram-se de
inveja,
18. deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão
pública.
19. Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere
e, tirando-os para fora, disse:
20. Ide, apresentai-vos no templo, e
falai ao povo todas as palavras desta vida.
21. Ora, tendo eles ouvido
isto, entraram de manhã cedo no templo e ensinavam. Chegando, porém o sumo
sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o sinédrio, com todos os anciãos
dos filhos de Israel, e enviaram guardas ao cárcere para
trazê-los.
22. Mas os guardas, tendo lá ido, não os acharam na prisão;
e voltando, lho anunciaram,
23. dizendo: Achamos realmente o cárcere
fechado com toda a segurança, e as sentinelas em pé às portas; mas, abrindo-as,
a ninguém achamos dentro.
24. E quando o capitão do templo e os
principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos acerca deles e do
que viria a ser isso.
25. Então chegou alguém e lhes anunciou: Eis que
os homens que encerrastes na prisão estão no templo, em pé, a ensinar o
povo.
26. Nisso foi o capitão com os guardas e os trouxe, não com
violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo.
27. E tendo-os
trazido, os apresentaram ao sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou,
dizendo:
28. Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis
nesse nome? e eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar
sobre nós o sangue desse homem.
29. Respondendo Pedro e os apóstolos,
disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens.
30. O Deus de
nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no
madeiro;
31. sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e
Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de
pecados.
32. E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o
Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
33. Ora,
ouvindo eles isto, se enfureceram e queriam matá-los.
34. Mas,
levantando-se no sinédrio certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, acatado
por todo o povo, mandou que por um pouco saíssem aqueles homens;
35. e
prosseguiu: Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que estais para fazer
a estes homens.
36. Porque, há algum tempo, levantou-se Teudas,
dizendo ser alguém; ao qual se ajuntaram uns quatrocentos homens; mas ele foi
morto, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos e reduzidos a
nada.
37. Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do
recenseamento, e levou muitos após si; mas também este pereceu, e todos quantos
lhe obedeciam foram dispersos.
38. Agora vos digo: Dai de mão a estes
homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se
desfará;
39. mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não
sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.
40.
Concordaram, pois, com ele, e tendo chamado os apóstolos, açoitaram-nos e
mandaram que não falassem em nome de Jesus, e os soltaram.
41.
Retiraram-se pois da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados
dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.
42. E todos os dias, no
templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o
Cristo.
[Atos 6]Atos 6
1. Ora,
naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos
helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas
na distribuição diária.
2. E os doze, convocando a multidão dos
discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e
sirvamos às mesas.
3. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens
de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais
encarreguemos deste serviço.
4. Mas nós perseveraremos na oração e no
ministério da palavra.
5. O parecer agradou a todos, e elegeram a
Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia,
6. e os apresentaram
perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos.
7. E
divulgava-se a palavra de Deus, de sorte que se multiplicava muito o número dos
discípulos em Jerusalém e muitos sacerdotes obedeciam à fé.
8. Ora,
Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o
povo.
9. Levantaram-se, porém, alguns que eram da sinagoga chamada dos
libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e disputavam
com Estêvão;
10. e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com
que falava.
11. Então subornaram uns homens para que dissessem:
Temo-lo ouvido proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra
Deus.
12. Assim excitaram o povo, os anciãos, e os escribas; e
investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao sinédrio;
13. e
apresentaram falsas testemunhas que diziam: Este homem não cessa de proferir
palavras contra este santo lugar e contra a lei;
14. porque nós o
temos ouvido dizer que esse Jesus, o nazareno, há de destruir este lugar e mudar
os costumes que Moisés nos transmitiu.
15. Então todos os que estavam
assentados no sinédrio, fitando os olhos nele, viram o seu rosto como de um
anjo.
[Atos 7]Atos 7
1. E disse
o sumo sacerdote: Porventura são assim estas coisas?
2. Estêvão
respondeu: Irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão,
estando ele na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
3. e disse-lhe:
Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te
mostrar.
4. Então saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. Dali,
depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora
habitais.
5. E não lhe deu nela herança, nem sequer o espaço de um pé;
mas prometeu que lha daria em possessão, e depois dele à sua descendência, não
tendo ele ainda filho.
6. Pois Deus disse que a sua descendência seria
peregrina em terra estranha e que a escravizariam e maltratariam por
quatrocentos anos.
7. Mas eu julgarei a nação que os tiver
escravizado, disse Deus; e depois disto sairão, e me servirão neste
lugar.
8. E deu-lhe o pacto da circuncisão; assim então gerou Abraão a
Isaque, e o circuncidou ao oitavo dia; e Isaque gerou a Jacó, e Jacó aos doze
patriarcas.
9. Os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o
Egito; mas Deus era com ele,
10. e o livrou de todas as suas
tribulações, e lhe deu graça e sabedoria perante Faraó, rei do Egito, que o
constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
11. Sobreveio
então uma fome a todo o Egito e Canaã, e grande tribulação; e nossos pais não
achavam alimentos.
12. Mas tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo,
enviou ali nossos pais pela primeira vez.
13. E na segunda vez deu-se
José a conhecer a seus irmãos, e a sua linhagem tornou-se manifesta a
Faraó.
14. Então José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua
parentela-setenta e cinco almas.
15. Jacó, pois, desceu ao Egito, onde
morreu, ele e nossos pais;
16. e foram transportados para Siquém e
depositados na sepultura que Abraão comprara por certo preço em prata aos filhos
de Emor, em Siquém.
17. Enquanto se aproximava o tempo da promessa que
Deus tinha feito a Abraão, o povo crescia e se multiplicava no
Egito;
18. até que se levantou ali outro rei, que não tinha conhecido
José.
19. Usando esse de astúcia contra a nossa raça, maltratou a
nossos pais, ao ponto de fazê-los enjeitar seus filhos, para que não
vivessem.
20. Nesse tempo nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi
criado três meses em casa de seu pai.
21. Sendo ele enjeitado, a filha
de Faraó o recolheu e o criou como seu próprio filho.
22. Assim Moisés
foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em palavras e
obras.
23. Ora, quando ele completou quarenta anos, veio-lhe ao
coração visitar seus irmãos, os filhos de Israel.
24. E vendo um deles
sofrer injustamente, defendeu-o, e vingou o oprimido, matando o
egípcio.
25. Cuidava que seus irmãos entenderiam que por mão dele Deus
lhes havia de dar a liberdade; mas eles não entenderam.
26. No dia
seguinte apareceu-lhes quando brigavam, e quis levá-los à paz, dizendo: Homens,
sois irmãos; por que vos maltratais um ao outro?
27. Mas o que fazia
injustiça ao seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu senhor e juiz
sobre nós?
28. Acaso queres tu matar-me como ontem mataste o
egípcio?
29. A esta palavra fugiu Moisés, e tornou-se peregrino na
terra de Madiã, onde gerou dois filhos.
30. E passados mais quarenta
anos, apareceu-lhe um anjo no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio
de uma sarça.
31. Moisés, vendo isto, admirou-se da visão; e,
aproximando-se ele para observar, soou a voz do Senhor:
32. Eu sou o
deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. E Moisés ficou trêmulo
e não ousava olhar.
33. Disse-lhe então o Senhor: Tira as alparcas dos
teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
34. Vi, com
efeito, a aflição do meu povo no Egito, ouvi os seus gemidos, e desci para
livrá-lo. Agora pois vem, e enviar-te-ei ao Egito.
35. A este Moisés
que eles haviam repelido, dizendo: Quem te constituiu senhor e juiz? a este
enviou Deus como senhor e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na
sarça.
36. Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e
sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto por quarenta
anos.
37. Este é o Moisés que disse aos filhos de Israel: Deus vos
suscitará dentre vossos irmãos um profeta como eu.
38. Este é o que
esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e
com nossos pais, o qual recebeu palavras de vida para vo-las dar;
39.
ao qual os nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram, e em seus
corações voltaram ao Egito,
40. dizendo a Arão: Faze-nos deuses que
vão adiante de nós; porque a esse Moisés que nos tirou da terra do Egito, não
sabemos o que lhe aconteceu.
41. Fizeram, pois, naqueles dias o
bezerro, e ofereceram sacrifício ao ídolo, e se alegravam nas obras das suas
mãos.
42. Mas Deus se afastou, e os abandonou ao culto das hostes do
céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas
e sacrifícios por quarenta anos no deserto, ó casa de Israel?
43.
Antes carregastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras
que vós fizestes para adorá-las. Desterrar-vos-ei pois, para além da
Babilônia.
44. Entre os nossos pais no deserto estava o tabernáculo do
testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o
modelo que tinha visto;
45. o qual nossos pais, tendo-o por sua vez
recebido, o levaram sob a direção de Josué, quando entraram na posse da terra
das nações que Deus expulsou da presença dos nossos pais, até os dias de
Davi,
46. que achou graça diante de Deus, e pediu que lhe fosse dado
achar habitação para o Deus de Jacó.
47. Entretanto foi Salomão quem
lhe edificou uma casa;
48. mas o Altíssimo não habita em templos
feitos por mãos de homens, como diz o profeta:
49. O céu é meu trono,
e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou
qual o lugar do meu repouso?
50. Não fez, porventura, a minha mão
todas estas coisas?
51. Homens de dura cerviz, e incircuncisos de
coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os
vossos pais, assim também vós.
52. A qual dos profetas não perseguiram
vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós
agora vos tornastes traidores e homicidas,
53. vós, que recebestes a
lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.
54. Ouvindo eles
isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra
Estêvão.
55. Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no
céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus,
56. e
disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de
Deus.
57. Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e
arremeteram unânimes contra ele
58. e, lançando-o fora da cidade, o
apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um mancebo
chamado Saulo.
59. Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando, dizia:
Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
60. E pondo-se de joelhos, clamou
com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto,
adormeceu. E Saulo consentia na sua morte.
[Atos 8]Atos
8
1. Naquele dia levantou-se grande perseguição contra
a igreja que estava em Jerusalém; e todos exceto os apóstolos, foram dispersos
pelas regiões da Judéia e da Samária.
2. E uns homens piedosos
sepultaram a Estêvão, e fizeram grande pranto sobre ele.
3. Saulo
porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres,
os entregava à prisão.
4. No entanto os que foram dispersos iam por
toda parte, anunciando a palavra.
5. E descendo Filipe à cidade de
Samária, pregava-lhes a Cristo.
6. As multidões escutavam, unânimes,
as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo os sinais que
operava;
7. pois saíam de muitos possessos os espíritos imundos,
clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados;
8.
pelo que houve grande alegria naquela cidade.
9. Ora, estava ali certo
homem chamado Simão, que vinha exercendo naquela cidade a arte mágica, fazendo
pasmar o povo da Samária, e dizendo ser ele uma grande personagem;
10.
ao qual todos atendiam, desde o menor até o maior, dizendo: Este é o Poder de
Deus que se chama Grande.
11. Eles o atendiam porque já desde muito
tempo os vinha fazendo pasmar com suas artes mágicas.
12. Mas, quando
creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus,
batizavam-se homens e mulheres.
13. E creu até o próprio Simão e,
sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e admirava-se, vendo os sinais e
os grandes milagres que se faziam.
14. Os apóstolos, pois, que estavam
em Jerusalém, tendo ouvido que os da Samária haviam recebido a palavra de Deus,
enviaram-lhes Pedro e João;
15. os quais, tendo descido, oraram por
eles, para que recebessem o Espírito Santo.
16. Porque sobre nenhum
deles havia ele descido ainda; mas somente tinham sido batizados em nome do
Senhor Jesus.
17. Então lhes impuseram as mãos, e eles receberam o
Espírito Santo.
18. Quando Simão viu que pela imposição das mãos dos
apóstolos se dava o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro,
19.
dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu impuser
as mãos, receba o Espírito Santo.
20. Mas disse-lhe Pedro: Vá tua
prata contigo à perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de
Deus.
21. Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu
coração não é reto diante de Deus.
22. Arrepende-te, pois, dessa tua
maldade, e roga ao Senhor para que porventura te seja perdoado o pensamento do
teu coração;
23. pois vejo que estás em fel de amargura, e em laços de
iniquidade.
24. Respondendo, porém, Simão, disse: Rogai vós por mim ao
Senhor, para que nada do que haveis dito venha sobre mim.
25. Eles,
pois, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltando para Jerusalém,
evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos.
26. Mas um anjo do
Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho
que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto.
27. E levantou-se
e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes,
o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém
para adorar,
28. regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta
Isaías.
29. Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse
carro.
30. E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse:
Entendes, porventura, o que estás lendo?
31. Ele respondeu: Pois como
poderei entender, se alguém não me ensinar? e rogou a Filipe que subisse e com
ele se sentasse.
32. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era
esta: Foi levado como a ovelha ao matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante
do que o tosquia, assim ele não abre a sua boca.
33. Na sua humilhação
foi tirado o seu julgamento; quem contará a sua geração? porque a sua vida é
tirada da terra.
34. Respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de
quem diz isto o profeta? de si mesmo, ou de algum outro?
35. Então
Filipe tomou a palavra e, começando por esta escritura, anunciou-lhe a
Jesus.
36. E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia
água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja
batizado?
37. E disse Felipe: é lícito, se crês de todo o coração. E,
respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.
38.
mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e
Filipe o batizou.
39. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor
arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco, que jubiloso seguia o seu
caminho.
40. Mas Filipe achou-se em Azoto e, indo passando,
evangelizava todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.
[Atos 9]Atos 9
1. Saulo, porém, respirando ainda
ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo
sacerdote,
2. e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a
fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os
conduzisse presos a Jerusalém.
3. Mas, seguindo ele viagem e
aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do
céu;
4. e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo,
Saulo, por que me persegues?
5. Ele perguntou: Quem és tu, Senhor?
Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
6. mas
levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre
fazer.
7. Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos,
ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém.
8. Saulo
levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o
pela mão, conduziram-no a Damasco.
9. E esteve três dias sem ver, e
não comeu nem bebeu.
10. Ora, havia em Damasco certo discípulo chamado
Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! Respondeu ele: Eis-me aqui,
Senhor.
11. Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada
Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que
ele está orando;
12. e viu um homem chamado Ananias entrar e impor-lhe
as mãos, para que recuperasse a vista.
13. Respondeu Ananias: Senhor,
a muitos ouvi acerca desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em
Jerusalém;
14. e aqui tem poder dos principais sacerdotes para prender
a todos os que invocam o teu nome.
15. Disse-lhe, porém, o Senhor:
Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os
gentios, e os reis, e os filhos de Israel;
16. pois eu lhe mostrarei
quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome.
17. Partiu Ananias e entrou
na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te
apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas
cheio do Espírito Santo.
18. Logo lhe caíram dos olhos como que umas
escamas, e recuperou a vista: então, levantando-se, foi batizado.
19.
E, tendo tomado alimento, ficou fortalecido. Depois demorou-se alguns dias com
os discípulos que estavam em Damasco;
20. e logo nas sinagogas pregava
a Jesus, que este era o filho de Deus.
21. Todos os seus ouvintes
pasmavam e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam esse
nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais
sacerdotes?
22. Saulo, porém, se fortalecia cada vez mais e confundia
os judeus que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o
Cristo.
23. Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si
matá-lo.
24. Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo. E
como eles guardavam as portas de dia e de noite para tirar-lhe a
vida,
25. os discípulos, tomando-o de noite, desceram-no pelo muro,
dentro de um cesto.
26. Tendo Saulo chegado a Jerusalém, procurava
juntar-se aos discípulos; mas todos o temiam, não crendo que fosse
discípulo.
27. Então Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos
apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe
falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.
28.
Assim andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
29. e pregando
ousadamente em nome do Senhor. Falava e disputava também com os helenistas; mas
procuravam matá-lo.
30. Os irmãos, porém, quando o souberam,
acompanharam-no até Cesaréia e o enviaram a Tarso.
31. Assim, pois, a
igreja em toda a Judéia, Galiléia e Samária, tinha paz, sendo edificada, e
andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se
multiplicava.
32. E aconteceu que, passando Pedro por toda parte, veio
também aos santos que habitavam em Lida.
33. Achou ali certo homem,
chamado Enéias, que havia oito anos jazia numa cama, porque era
paralítico.
34. Disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura; levanta
e faze a tua cama. E logo se levantou.
35. E viram-no todos os que
habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
36.
Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, que traduzido quer dizer Dorcas, a
qual estava cheia de boas obras e esmolas que fazia.
37. Ora,
aconteceu naqueles dias que ela, adoecendo, morreu; e, tendo-a lavado, a
colocaram no cenáculo.
38. Como Lida era perto de Jope, ouvindo os
discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: Não te
demores em vir ter conosco.
39. Pedro levantou-se e foi com eles;
quando chegou, levaram-no ao cenáculo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e
mostrando-lhe as túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com
elas.
40. Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pôs-se de joelhos e
orou; e voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. Ela abriu os olhos
e, vendo a Pedro, sentou-se.
41. Ele, dando-lhe a mão, levantou-a e,
chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
42. Tornou-se
isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor.
43. Pedro
ficou muitos dias em Jope, em casa de um curtidor chamado Simão.
[Atos
10]Atos 10
1. Um homem em Cesaréia,
por nome Cornélio, centurião da corte chamada italiana,
2. piedoso e
temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de
contínuo orava a Deus,
3. cerca da hora nona do dia, viu claramente em
visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e lhe dizia:
Cornélio!
4. Este, fitando nele os olhos e atemorizado, perguntou: Que
é, Senhor? O anjo respondeu-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido
para memória diante de Deus;
5. agora, pois, envia homens a Jope e
manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro;
6. este se acha
hospedado com um certo Simão, curtidor, cuja casa fica à beira-mar. (Ele te dirá
o que deves fazer.)
7. Logo que se retirou o anjo que lhe falava,
Cornélio chamou dois dos seus domésticos e um piedoso soldado dos que estavam a
seu serviço;
8. e, havendo contado tudo, os enviou a
Jope.
9. No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já perto da
cidade, subiu Pedro ao eirado para orar, cerca de hora sexta.
10. E
tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um
êxtase,
11. e via o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um
grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra,
12. no
qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do
céu.
13. E uma voz lhe disse: Levanta-te, Pedro, mata e
come.
14. Mas Pedro respondeu: De modo nenhum, Senhor, porque nunca
comi coisa alguma comum e imunda.
15. Pela segunda vez lhe falou a
voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
16. Sucedeu isto por
três vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu.
17. Enquanto Pedro
refletia, perplexo, sobre o que seria a visão que tivera, eis que os homens
enviados por Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam à
porta.
18. E, chamando, indagavam se ali estava hospedado Simão, que
tinha por sobrenome Pedro.
19. Estando Pedro ainda a meditar sobre a
visão, o Espírito lhe disse: Eis que dois homens te procuram.
20.
Levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu tos
enviei.
21. E descendo Pedro ao encontro desses homens, disse: Sou eu
a quem procurais; qual é a causa por que viestes?
22. Eles
responderam: O centurião Cornélio, homem justo e temente a Deus e que tem bom
testemunho de toda a nação judaica, foi avisado por um santo anjo para te chamar
à sua casa e ouvir as tuas palavras.
23. Pedro, pois, convidando-os a
entrar, os hospedou. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles, e alguns
irmãos, dentre os de Jope, o acompanharam.
24. No outro dia entrou em
Cesaréia. E Cornélio os esperava, tendo reunido os seus parentes e amigos mais
íntimos.
25. Quando Pedro ia entrar, veio-lhe Cornélio ao encontro e,
prostrando-se a seus pés, o adorou.
26. Mas Pedro o ergueu, dizendo:
Levanta-te, que eu também sou homem.
27. E conversando com ele, entrou
e achou muitos reunidos,
28. e disse-lhes: Vós bem sabeis que não é
lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me
que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo;
29. pelo que, sendo
chamado, vim sem objeção. Pergunto pois: Por que razão mandastes
chamar-me?
30. Então disse Cornélio: Faz agora quatro dias que eu
estava orando em minha casa à hora nona, e eis que diante de mim se apresentou
um homem com vestiduras resplandecentes,
31. e disse: Cornélio, a tua
oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de
Deus.
32. Envia, pois, a Jope e manda chamar a Simão, que tem por
sobrenome Pedro; ele está hospedado em casa de Simão, curtidor, à
beira-mar.
33. Portanto mandei logo chamar-te, e bem fizeste em vir.
Agora pois estamos todos aqui presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto
te foi ordenado pelo Senhor.
34. Então Pedro, tomando a palavra,
disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas;
35.
mas que lhe é aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica o que é
justo.
36. A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a
paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos).
37. esta palavra, vós
bem sabeis, foi proclamada por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do
batismo que João pregou,
38. concernente a Jesus de Nazaré, como Deus
o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o
bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com
ele.
39. Nós somos testemunhas de tudo quanto fez, tanto na terra dos
judeus como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num
madeiro.
40. A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e lhe concedeu
que se manifestasse,
41. não a todo povo, mas às testemunhas que Deus
antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos juntamente com ele depois que
ressurgiu dentre os mortos.
42. Este nos mandou pregar ao povo, e
testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos
mortos.
43. A ele todos os profetas dão testemunho de que todo o que
nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome.
44. Enquanto
Pedro ainda dizia estas coisas, desceu o Espírito Santo sobre todos os que
ouviam a palavra.
45. Os crentes que eram de circuncisão, todos
quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os gentios
se derramasse o dom do Espírito Santo;
46. porque os ouviam falar
línguas e magnificar a Deus.
47. Respondeu então Pedro: Pode alguém
porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como
nós, receberam o Espírito Santo?
48. Mandou, pois, que fossem
batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe rogaram que ficasse com eles por
alguns dias.
[Atos 11]Atos
11
1. Ora, ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam
na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus.
2.
E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da
circuncisão,
3. dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e
comeste com eles.
4. Pedro, porém, começou a fazer-lhes uma exposição
por ordem, dizendo:
5. Estava eu orando na cidade de Jope, e em êxtase
tive uma visão; descia um objeto, como se fosse um grande lençol, sendo baixado
do céu pelas quatro pontas, e chegou perto de mim.
6. E, fitando nele
os olhos, o contemplava, e vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do
céu.
7. Ouvi também uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro, mata e
come.
8. Mas eu respondi: De modo nenhum, Senhor, pois nunca em minha
boca entrou coisa alguma comum e imunda.
9. Mas a voz respondeu-me do
céu segunda vez: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
10.
Sucedeu isto por três vezes; e tudo tornou a recolher-se ao céu.
11. E
eis que, nesse momento, pararam em frente à casa onde estávamos três homens que
me foram enviados de Cesaréia.
12. Disse-me o Espírito que eu fosse
com eles, sem hesitar; e também estes seis irmãos foram comigo e entramos na
casa daquele homem.
13. E ele nos contou como vira em pé em sua casa o
anjo, que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar a Simão, que tem por
sobrenome Pedro,
14. o qual te dirá palavras pelas quais serás salvo,
tu e toda a tua casa.
15. Logo que eu comecei a falar, desceu sobre
eles o Espírito Santo, como também sobre nós no princípio.
16.
Lembrei-me então da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com
água; mas vós sereis batizados no Espírito Santo.
17. Portanto, se
Deus lhes deu o mesmo dom que dera também a nós, ao crermos no Senhor Jesus
Cristo, quem era eu, para que pudesse resistir a Deus?
18. Ouvindo
eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Assim, pois,
Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida.
19.
Aqueles, pois, que foram dispersos pela tribulação suscitada por causa de
Estêvão, passaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a
palavra, senão somente aos judeus.
20. Havia, porém, entre eles alguns
cíprios e cirenenses, os quais, entrando em Antioquia, falaram também aos
gregos, anunciando o Senhor Jesus.
21. E a mão do Senhor era com eles,
e grande número creu e se converteu ao Senhor.
22. Chegou a notícia
destas coisas aos ouvidos da igreja em Jerusalém; e enviaram Barnabé a
Antioquia;
23. o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se
alegrou, e exortava a todos a perseverarem no Senhor com firmeza de
coração;
24. porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de
fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25. Partiu, pois, Barnabé para
Tarso, em busca de Saulo;
26. e tendo-o achado, o levou para
Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram
muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados
cristãos.
27. Naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para
Antioquia;
28. e levantando-se um deles, de nome Ágabo, dava a
entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome por todo o mundo, a qual
ocorreu no tempo de Cláudio.
29. E os discípulos resolveram mandar,
cada um conforme suas posses, socorro aos irmãos que habitavam na
Judéia;
30. o que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por
mão de Barnabé e Saulo.
[Atos 12]Atos
12
1. Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as
mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar;
2. e matou à espada
Tiago, irmão de João.
3. Vendo que isso agradava aos judeus,
continuou, mandando prender também a Pedro. (Eram então os dias dos pães
ázimos.)
4. E, havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a
quatro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencionando
apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
5. Pedro, pois, estava guardado
na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele.
6. Ora
quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noite estava Pedro dormindo
entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias e as sentinelas diante da
porta guardavam a prisão.
7. E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e
uma luz resplandeceu na prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou,
dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
8.
Disse-lhe ainda o anjo: Cinge-te e calça as tuas sandálias. E ele o fez.
Disse-lhe mais; Cobre-te com a tua capa e segue-me.
9. Pedro, saindo,
o seguia, mesmo sem compreender que era real o que se fazia por intermédio de um
anjo, julgando que era uma visão.
10. Depois de terem passado a
primeira e a segunda sentinela, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade,
a qual se lhes abriu por si mesma; e tendo saído, passaram uma rua, e logo o
anjo se apartou dele.
11. Pedro então, tornando a si, disse: Agora sei
verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes e
de toda a expectativa do povo dos judeus.
12. Depois de assim refletir
foi à casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas
pessoas estavam reunidas e oravam.
13. Quando ele bateu ao portão do
pátio, uma criada chamada Rode saiu a escutar;
14. e, reconhecendo a
voz de Pedro, de gozo não abriu o portão, mas, correndo para dentro, anunciou
que Pedro estava lá fora.
15. Eles lhe disseram: Estás louca. Ela,
porém, assegurava que assim era. Eles então diziam: É o seu anjo.
16.
Mas Pedro continuava a bater, e, quando abriram, viram-no e
pasmaram.
17. Mas ele, acenando-lhes com a mão para que se calassem,
contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e
aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.
18. Logo que
amanheceu, houve grande alvoroço entre os soldados sobre o que teria sido feito
de Pedro.
19. E Herodes, tendo-o procurado e não o achando, inquiriu
as sentinelas e mandou que fossem justiçadas; e descendo da Judéia para
Cesaréia, demorou-se ali.
20. Ora, Herodes estava muito irritado
contra os de Tiro e de Sidom; mas estes, vindo de comum acordo ter com ele e
obtendo a amizade de Blasto, camareiro do rei, pediam paz, porquanto o seu país
se abastecia do país do rei.
21. Num dia designado, Herodes, vestido
de trajes reais, sentou-se no trono e dirigia-lhes a palavra.
22. E o
povo exclamava: É a voz de um deus, e não de um homem.
23. No mesmo
instante o anjo do Senhor o feriu, porque não deu glória a Deus; e, comido de
vermes, expirou.
24. E a palavra de Deus crescia e se
multiplicava.
25. Barnabé e Saulo, havendo terminado aquele serviço,
voltaram de Jerusalém, levando consigo a João, que tem por sobrenome
Marcos.
[Atos 13]Atos 13
1.
Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão,
chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e
Saulo.
2. Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse
o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado.
3. Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as
mãos, os despediram.
4. Estes, pois, enviados pelo Espírito Santo,
desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
5. Chegados a
Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus, e tinham a João
como auxiliar.
6. Havendo atravessado a ilha toda até Pafos, acharam
um certo mago, falso profeta, judeu, chamado Bar-Jesus,
7. que estava
com o procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou a Barnabé e Saulo e
mostrou desejo de ouvir a palavra de Deus.
8. Mas resistia-lhes
Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando desviar
a fé do procônsul.
9. Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do
Espírito Santo, fitando os olhos nele,
10. disse: ó filho do diabo,
cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não
cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor?
11. Agora eis a mão
do Senhor sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. Imediatamente
caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse
pela mão.
12. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu,
maravilhando-se da doutrina do Senhor.
13. Tendo Paulo e seus
companheiros navegado de Pafos, chegaram a Perge, na Panfília. João, porém,
apartando-se deles, voltou para Jerusalém.
14. Mas eles, passando de
Perge, chegaram a Antioquia da Psídia; e entrando na sinagoga, no dia de sábado,
sentaram-se.
15. Depois da leitura da lei e dos profetas, os chefes da
sinagoga mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação ao
povo, falai.
16. Então Paulo se levantou e, pedindo silêncio com a
mão, disse: Varões israelitas, e os que temeis a Deus, ouvi:
17. O
Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles
estrangeiros na terra do Egito, de onde os tirou com braço
poderoso,
18. e suportou-lhes os maus costumes no deserto por espaço
de quase quarenta anos;
19. e, havendo destruído as sete nações na
terra de Canaã, deu-lhes o território delas por herança durante cerca de
quatrocentos e cinquenta anos.
20. Depois disto, deu-lhes juízes até o
profeta Samuel.
21. Então pediram um rei, e Deus lhes deu por quarenta
anos a Saul, filho de Cis, varão da tribo de Benjamim.
22. E tendo
deposto a este, levantou-lhes como rei a Davi, ao qual também, dando testemunho,
disse: Achei a Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda
a minha vontade.
23. Da descendência deste, conforme a promessa,
trouxe Deus a Israel um Salvador, Jesus;
24. havendo João, antes do
aparecimento dele, pregado a todo o povo de Israel o batismo de
arrependimento.
25. Mas João, quando completava a carreira, dizia:
Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o Cristo, mas eis que após mim vem
aquele a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés.
26.
Irmãos, filhos da estirpe de Abraão, e os que dentre vós temem a Deus, a nós é
enviada a palavra desta salvação.
27. Pois, os que habitam em
Jerusalém e as suas autoridades, porquanto não conheceram a este Jesus,
condenando-o, cumpriram as mesmas palavras dos profetas que se ouvem ler todos
os sábados.
28. E, se bem que não achassem nele nenhuma causa de
morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto.
29. Quando haviam
cumprido todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, o
puseram na sepultura;
30. mas Deus o ressuscitou dentre os
mortos;
31. e ele foi visto durante muitos dias por aqueles que com
ele subiram da Galiléia a Jerusalém, os quais agora são suas testemunhas para
com o povo.
32. E nós vos anunciamos as boas novas da promessa, feita
aos pais,
33. a qual Deus nos tem cumprido, a nós, filhos deles,
levantando a Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho,
hoje te gerei.
34. E no tocante a que o ressuscitou dentre os mortos
para nunca mais tornar à corrupção, falou Deus assim: Dar-vos-ei as santas e
fiéis bênçãos de Davi;
35. pelo que ainda em outro salmo diz: Não
permitirás que o teu Santo veja a corrupção.
36. Porque Davi, na
verdade, havendo servido a sua própria geração pela vontade de Deus, dormiu e
foi depositado junto a seus pais e experimentou corrupção.
37. Mas
aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção experimentou.
38.
Seja-vos pois notório, varões, que por este se vos anuncia a remissão dos
pecados.
39. E de todas as coisas de que não pudestes ser justificados
pela lei de Moisés, por ele é justificado todo o que crê.
40. Cuidai
pois que não venha sobre vós o que está dito nos profetas:
41. Vede, ó
desprezadores, admirai-vos e desaparecei; porque realizo uma obra em vossos
dias, obra em que de modo algum crereis, se alguém vo-la contar.
42.
Quando iam saindo, rogavam que estas palavras lhes fossem repetidas no sábado
seguinte.
43. E, despedida a sinagoga, muitos judeus e prosélitos
devotos seguiram a Paulo e Barnabé, os quais, falando-lhes, os exortavam a
perseverarem na graça de Deus.
44. No sábado seguinte reuniu-se quase
toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.
45. Mas os judeus, vendo
as multidões, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo
falava.
46. Então Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Era
mister que a vós se pregasse em primeiro lugar a palavra de Deus; mas, visto que
a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos viramos para
os gentios;
47. porque assim nos ordenou o Senhor: Eu te pus para luz
dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da
terra.
48. Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a
palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida
eterna.
49. E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela
região.
50. Mas os judeus incitaram as mulheres devotas de alta
posição e os principais da cidade, suscitaram uma perseguição contra Paulo e
Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos.
51. Mas estes, sacudindo
contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio.
52. Os
discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
[Atos
14]Atos 14
1. Em Icônio entraram
juntos na sinagoga dos judeus e falaram de tal modo que creu uma grande multidão
tanto de judeus como de gregos.
2. Mas os judeus incrédulos excitaram
e irritaram os ânimos dos gentios contra os irmãos.
3. Eles,
entretanto, se demoraram ali por muito tempo, falando ousadamente acerca do
Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, concedendo que por suas
mãos se fizessem sinais e prodígios.
4. E se dividiu o povo da cidade;
uns eram pelos judeus, e outros pelos apóstolos.
5. E, havendo um
motim tanto dos gentios como dos judeus, juntamente com as suas autoridades,
para os ultrajarem e apedrejarem,
6. eles, sabendo-o, fugiram para
Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e a região circunvizinha;
7. e
ali pregavam o evangelho.
8. Em Listra estava sentado um homem
aleijado dos pés, coxo de nascença e que nunca tinha andado.
9. Este
ouvia falar Paulo, que, fitando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser
curado,
10. disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés. E
ele saltou, e andava.
11. As multidões, vendo o que Paulo fizera,
levantaram a voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes
aos homens e desceram até nós.
12. A Barnabé chamavam Júpiter e a
Paulo, Mercúrio, porque era ele o que dirigia a palavra.
13. O
sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trouxe para as
portas touros e grinaldas e, juntamente com as multidões, queria oferecer-lhes
sacrifícios.
14. Quando, porém, os apóstolos Barnabé e Paulo ouviram
isto, rasgaram as suas vestes e saltaram para o meio da multidão,
clamando
15. e dizendo: Senhores, por que fazeis estas coisas? Nós
também somos homens, de natureza semelhante à vossa, e vos anunciamos o
evangelho para que destas práticas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o
céu, a terra, o mar, e tudo quanto há neles;
16. o qual nos tempos
passados permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios
caminhos.
17. Contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo,
fazendo o bem, dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, enchendo-vos de
mantimento, e de alegria os vossos corações.
18. E dizendo isto, com
dificuldade impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios.
19.
Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e de Icônio e, havendo persuadido as
multidões, apedrejaram a Paulo, e arrastaram-no para fora da cidade, cuidando
que estava morto.
20. Mas quando os discípulos o rodearam, ele se
levantou e entrou na cidade. No dia seguinte partiu com Barnabé para
Derbe.
21. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito
muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia,
22.
confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo
que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de
Deus.
23. E, havendo-lhes feito eleger anciãos em cada igreja e orado
com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.
24.
Atravessando então a Pisídia, chegaram à Panfília.
25. E, tendo
anunciado a palavra em Perge, desceram a Atália.
26. E dali navegaram
para Antioquia, donde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que
acabavam de cumprir.
27. Quando chegaram e reuniram a igreja,
relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira aos gentios a
porta da fé.
28. E ficaram ali não pouco tempo, com os
discípulos.
[Atos 15]Atos 15
1.
Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos
circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos.
2.
Tendo Paulo e Barnabé contenda e não pequena discussão com eles, os irmãos
resolveram que Paulo e Barnabé e mais alguns dentre eles subissem a Jerusalém,
aos apóstolos e aos anciãos, por causa desta questão.
3. Eles, pois,
sendo acompanhados pela igreja por um trecho do caminho, passavam pela Fenícia e
por Samária, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os
irmãos.
4. E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja
e pelos apóstolos e anciãos, e relataram tudo quanto Deus fizera por meio
deles.
5. Mas alguns da seita dos fariseus, que tinham crido,
levantaram-se dizendo que era necessário circuncidá-los e mandar-lhes observar a
lei de Moisés.
6. Congregaram-se pois os apóstolos e os anciãos para
considerar este assunto.
7. E, havendo grande discussão, levantou-se
Pedro e disse-lhes: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu
dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e
cressem.
8. E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor
deles, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós;
9. e não fez
distinção alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela
fé.
10. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?
11.
Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles
também.
12. Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a
Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles
entre os gentios.
13. Depois que se calaram, Tiago, tomando a palavra,
disse: Irmãos, ouvi-me:
14. Simão relatou como primeiramente Deus
visitou os gentios para tomar dentre eles um povo para o seu Nome.
15.
E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito:
16.
Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído;
reedificarei as suas ruínas, e tornarei a levantá-lo;
17. para que o
resto dos homens busque ao Senhor, sim, todos os gentios, sobre os quais é
invocado o meu nome,
18. diz o Senhor que faz estas coisas, que são
conhecidas desde a antiguidade.
19. Por isso, julgo que não se deve
perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus,
20. mas
escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do
que é sufocado e do sangue.
21. Porque Moisés, desde tempos antigos,
tem em cada cidade homens que o preguem, e cada sábado é lido nas
sinagogas.
22. Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda
a igreja escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e
Barnabé, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os
irmãos.
23. E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos
e os anciãos, irmãos, aos irmãos dentre os gentios em Antioquia, na Síria e na
Cicília, saúde.
24. Portanto ouvimos que alguns dentre nós, aos quais
nada mandamos, vos têm perturbado com palavras, confundindo as vossas
almas,
25. pareceu-nos bem, tendo chegado a um acordo, escolher alguns
homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo,
26. homens
que têm exposto as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus
Cristo.
27. Enviamos portanto Judas e Silas, os quais também por
palavra vos anunciarão as mesmas coisas.
28. Porque pareceu bem ao
Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas
necessárias:
29. Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos
ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e destas coisas
fareis bem de vos guardar. Bem vos vá.
30. Então eles, tendo-se
despedido, desceram a Antioquia e, havendo reunido a assembléia, entregaram a
carta.
31. E, quando a leram, alegraram-se pela
consolação.
32. Depois Judas e Silas, que também eram profetas,
exortaram os irmãos com muitas palavras e os fortaleceram.
33. E,
tendo-se demorado ali por algum tempo, foram pelos irmãos despedidos em paz, de
volta aos que os haviam mandado.
34. Mas pareceu bem a Silas ficar
ali.
35. Mas Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia, ensinando e
pregando com muitos outros a palavra do Senhor.
36. Decorridos alguns
dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades
em que temos anunciado a palavra do Senhor, para ver como vão.
37.
Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado Marcos.
38.
Mas a Paulo não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a
Panfília se tinha apartado deles e não os tinha acompanhado no
trabalho.
39. E houve entre eles tal desavença que se separaram um do
outro, e Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre.
40.
Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do
Senhor.
41. E passou pela Síria e Cilícia, fortalecendo as
igrejas.
[Atos 16]Atos 16
1.
Chegou também a Derbe e Listra. E eis que estava ali certo discípulo por nome
Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego;
2. do qual davam
bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio.
3. Paulo quis que este
fosse com ele e, tomando-o, o circuncidou por causa dos judeus que estavam
naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.
4. Quando
iam passando pelas cidades, entregavam aos irmãos, para serem observadas, as
decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em
Jerusalém.
5. Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e dia a dia
cresciam em número.
6. Atravessaram a região frígio-gálata, tendo sido
impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia;
7. e
tendo chegado diante da Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus
não lho permitiu.
8. Então, passando pela Mísia, desceram a
Trôade.
9. De noite apareceu a Paulo esta visão: estava ali em pé um
homem da Macedônia, que lhe rogava: Passa à Macedônia e ajuda-nos.
10.
E quando ele teve esta visão, procurávamos logo partir para a Macedônia,
concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o
evangelho.
11. Navegando, pois, de Trôade, fomos em direitura a
Samotrácia, e no dia seguinte a Neápolis;
12. e dali para Filipos, que
é a primeira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; e estivemos
alguns dias nessa cidade.
13. No sábado saímos portas afora para a
beira do rio, onde julgávamos haver um lugar de oração e, sentados, falávamos às
mulheres ali reunidas.
14. E certa mulher chamada Lídia, vendedora de
púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe
abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia.
15. Depois que
foi batizada, ela e a sua casa, rogou-nos, dizendo: Se haveis julgado que eu sou
fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a
isso.
16. Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio
ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando,
dava grande lucro a seus senhores.
17. Ela, seguindo a Paulo e a nós,
clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um
caminho de salvação.
18. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo,
perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo
que saias dela. E na mesma hora saiu.
19. Ora, vendo seus senhores que
a esperança do seu lucro havia desaparecido, prenderam a Paulo e Silas, e os
arrastaram para uma praça à presença dos magistrados.
20. E,
apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, estão
perturbando muito a nossa cidade,
21. e pregam costumes que não nos é
lícito receber nem praticar, sendo nós romanos.
22. A multidão
levantou-se à uma contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos,
mandaram açoitá-los com varas.
23. E, havendo-lhes dado muitos
açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com
segurança.
24. Ele, tendo recebido tal ordem, os lançou na prisão
interior e lhes segurou os pés no tronco.
25. Pela meia-noite Paulo e
Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os
escutavam.
26. De repente houve um tão grande terremoto que foram
abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram
soltos os grilhões de todos.
27. Ora, o carcereiro, tendo acordado e
vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada e ia suicidar-se, supondo que
os presos tivessem fugido.
28. Mas Paulo bradou em alta voz, dizendo:
Não te faças nenhum mal, porque todos aqui estamos.
29. Tendo ele
pedido luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e
Silas
30. e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é
necessário fazer para me salvar?
31. Responderam eles: Crê no Senhor
Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
32. Então lhe pregaram a palavra
de Deus, e a todos os que estavam em sua casa.
33. Tomando-os ele
consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado,
ele e todos os seus.
34. Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a
mesa e alegrou-se muito com toda a sua casa, por ter crido em
Deus.
35. Quando amanheceu, os magistrados mandaram quadrilheiros a
dizer: Soltai aqueles homens.
36. E o carcereiro transmitiu a Paulo
estas palavras, dizendo: Os magistrados mandaram que fosseis soltos; agora,
pois, saí e ide em paz.
37. Mas Paulo respondeu-lhes: Açoitaram-nos
publicamente sem sermos condenados, sendo cidadãos romanos, e nos lançaram na
prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? De modo nenhum será assim; mas
venham eles mesmos e nos tirem.
38. E os quadrilheiros foram dizer aos
magistrados estas palavras, e estes temeram quando ouviram que eles eram
romanos;
39. vieram, pediram-lhes desculpas e, tirando-os para fora,
rogavam que se retirassem da cidade.
40. Então eles saíram da prisão,
entraram em casa de Lídia, e, vendo os irmãos, os confortaram, e
partiram.
[Atos 17]Atos 17
1.
Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma
sinagoga dos judeus.
2. Ora, Paulo, segundo o seu costume, foi ter com
eles; e por três sábados discutiu com eles as Escrituras,
3. expondo e
demonstrando que era necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os
mortos; este Jesus que eu vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.
4. E
alguns deles ficaram persuadidos e aderiram a Paulo e Silas, bem como grande
multidão de gregos devotos e não poucas mulheres de posição.
5. Mas os
judeus, movidos de inveja, tomando consigo alguns homens maus dentre os vadios e
ajuntando o povo, alvoroçavam a cidade e, assaltando a casa de Jáson, os
procuravam para entregá-los ao povo.
6. Porém, não os achando,
arrastaram Jáson e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade, clamando:
Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui,
7. os quais
Jáson acolheu; e todos eles procedem contra os decretos de César, dizendo haver
outro rei, que é Jesus.
8. Assim alvoroçaram a multidão e os
magistrados da cidade, que ouviram estas coisas.
9. Tendo, porém,
recebido fiança de Jáson e dos demais, soltaram-nos.
10. E logo, de
noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado,
foram à sinagoga dos judeus.
11. Ora, estes eram mais nobres do que os
de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando
diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.
12. De
sorte que muitos deles creram, bem como bom número de mulheres gregas de alta
posição e não poucos homens.
13. Mas, logo que os judeus de
Tessalônica souberam que também em Beréia era anunciada por Paulo a palavra de
Deus, foram lá agitar e sublevar as multidões.
14. Imediatamente os
irmãos fizeram sair a Paulo para que fosse até o mar; mas Silas e Timóteo
ficaram ali.
15. E os que acompanhavam a Paulo levaram-no até Atenas
e, tendo recebido ordem para Silas e Timóteo a fim de que estes fossem ter com
ele o mais depressa possível, partiram.
16. Enquanto Paulo os esperava
em Atenas, revoltava-se nele o seu espírito, vendo a cidade cheia de
ídolos.
17. Argumentava, portanto, na sinagoga com os judeus e os
gregos devotos, e na praça todos os dias com os que se encontravam
ali.
18. Ora, alguns filósofos epicureus e estóicos disputavam com
ele. Uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece ser pregador de
deuses estranhos; pois anunciava a boa nova de Jesus e a
ressurreição.
19. E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo:
Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
20. Pois tu
nos trazes aos ouvidos coisas estranhas; portanto queremos saber o que vem a ser
isto.
21. Ora, todos os atenienses, como também os estrangeiros que
ali residiam, de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de contar ou de ouvir a
última novidade.
22. Então Paulo, estando de pé no meio do Areópago,
disse: Varões atenienses, em tudo vejo que sois excepcionalmente
religiosos;
23. porque, passando eu e observando os objetos do vosso
culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO.
Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio.
24. O
Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra,
não habita em templos feitos por mãos de homens;
25. nem tampouco é
servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é
quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
26. e de um só
fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra,
determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua
habitação;
27. para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o
pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós;
28.
porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos
poetas disseram: Pois dele também somos geração.
29. Sendo nós, pois,
geração de Deus, não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou
à prata, ou à pedra esculpida pela arte e imaginação do homem.
30. Mas
Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os
homens em todo lugar se arrependam;
31. porquanto determinou um dia em
que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou; e
disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.
32.
Mas quando ouviram falar em ressurreição de mortos, uns escarneciam, e outros
diziam: Acerca disso te ouviremos ainda outra vez.
33. Assim Paulo
saiu do meio deles.
34. Todavia, alguns homens aderiram a ele, e
creram, entre os quais Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome Dâmaris, e
com eles outros.
[Atos 18]Atos
18
1. Depois disto Paulo partiu de Atenas e chegou a
Corinto.
2. E encontrando um judeu por nome Áqüila, natural do Ponto,
que pouco antes viera da Itália, e Priscila, sua mulher (porque Cláudio tinha
decretado que todos os judeus saíssem de Roma), foi ter com eles,
3.
e, por ser do mesmo ofício, com eles morava, e juntos trabalhavam; pois eram,
por ofício, fabricantes de tendas.
4. Ele discutia todos os sábados na
sinagoga, e persuadia a judeus e gregos.
5. Quando Silas e Timóteo
desceram da Macedônia, Paulo dedicou-se inteiramente à palavra, testificando aos
judeus que Jesus era o Cristo.
6. Como estes, porém, se opusessem e
proferissem injúrias, sacudiu ele as vestes e disse-lhes: O vosso sangue seja
sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora vou para os
gentios.
7. E saindo dali, entrou em casa de um homem temente a Deus,
chamado Tito Justo, cuja casa ficava junto da sinagoga.
8. Crispo,
chefe da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios,
ouvindo, criam e eram batizados.
9. E de noite disse o Senhor em visão
a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales;
10. porque eu estou
contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta
cidade.
11. E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a
palavra de Deus.
12. Sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os
judeus de comum acordo contra Paulo, e o levaram ao tribunal,
13.
dizendo: Este persuade os homens a render culto a Deus de um modo contrário à
lei.
14. E, quando Paulo estava para abrir a boca, disse Gálio aos
judeus: Se de fato houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime perverso, com razão
eu vos sofreria;
15. mas, se são questões de palavras, de nomes, e da
vossa lei, disso cuidai vós mesmos; porque eu não quero ser juiz destas
coisas.
16. E expulsou-os do tribunal.
17. Então todos
agarraram Sóstenes, chefe da sinagoga, e o espancavam diante do tribunal; e
Gálio não se importava com nenhuma dessas coisas.
18. Paulo, tendo
ficado ali ainda muitos dias, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e
com ele Priscila e Áqüila, havendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha
voto.
19. E eles chegaram a Éfeso, onde Paulo os deixou; e tendo
entrado na sinagoga, discutia com os judeus.
20. Estes rogavam que
ficasse por mais algum tempo, mas ele não anuiu,
21. antes se despediu
deles, dizendo: Se Deus quiser, de novo voltarei a vós; e navegou de
Éfeso.
22. Tendo chegado a Cesaréia, subiu a Jerusalém e saudou a
igreja, e desceu a Antioquia.
23. E, tendo demorado ali algum tempo,
partiu, passando sucessivamente pela região da Galácia e da Frígia, fortalecendo
a todos os discípulos.
24. Ora, chegou a Éfeso certo judeu chamado
Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas
Escrituras.
25. Era ele instruído no caminho do Senhor e, sendo
fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a
Jesus, conhecendo entretanto somente o batismo de João.
26. Ele
começou a falar ousadamente na sinagoga: mas quando Priscila e Áqüila o ouviram,
levaram-no consigo e lhe expuseram com mais precisão o caminho de
Deus.
27. Querendo ele passar à Acáia, os irmãos o animaram e
escreveram aos discípulos que o recebessem; e tendo ele chegado, auxiliou muito
aos que pela graça haviam crido.
28. Pois com grande poder refutava
publicamente os judeus, demonstrando pelas escrituras que Jesus era o
Cristo.
[Atos 19]Atos 19
1. E
sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo tendo atravessado as
regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns
discípulos,
2. perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando
crestes? Responderam-lhe eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito
Santo.
3. Tornou-lhes ele: Em que fostes batizados então? E eles
disseram: No batismo de João.
4. Mas Paulo respondeu: João administrou
o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que após ele
havia de vir, isto é, em Jesus.
5. Quando ouviram isso, foram
batizados em nome do Senhor Jesus.
6. Havendo-lhes Paulo imposto as
mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas e
profetizavam.
7. E eram ao todo uns doze homens.
8. Paulo,
entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, discutindo e
persuadindo acerca do reino de Deus.
9. Mas, como alguns deles se
endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho diante da multidão,
apartou-se deles e separou os discípulos, discutindo diariamente na escola de
Tirano.
10. Durou isto por dois anos; de maneira que todos os que
habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do
Senhor.
11. E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres
extraordinários,
12. de sorte que lenços e aventais eram levados do
seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos
malignos.
13. Ora, também alguns dos exorcistas judeus, ambulantes,
tentavam invocar o nome de Jesus sobre os que tinham espíritos malignos,
dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.
14. E os que
faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, um dos principais
sacerdotes.
15. Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: A Jesus
conheço, e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?
16. Então o homem, no
qual estava o espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois e
prevaleceu contra eles, de modo que, nus e feridos, fugiram daquela
casa.
17. E isto tornou-se conhecido de todos os que moravam em Éfeso,
tanto judeus como gregos; e veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor
Jesus era engrandecido.
18. E muitos dos que haviam crido vinham,
confessando e revelando os seus feitos.
19. Muitos também dos que
tinham praticado artes mágicas ajuntaram os seus livros e os queimaram na
presença de todos; e, calculando o valor deles, acharam que montava a cinqüenta
mil moedas de prata.
20. Assim a palavra do Senhor crescia
poderosamente e prevalecia.
21. Cumpridas estas coisas, Paulo propôs,
em seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, porque
dizia: Depois de haver estado ali, é-me necessário ver também
Roma.
22. E, enviando à Macedônia dois dos que o auxiliavam, Timóteo e
Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia.
23. Por esse tempo houve um
não pequeno alvoroço acerca do Caminho.
24. Porque certo ourives, por
nome Demétrio, que fazia da prata miniaturas do templo de Diana, proporcionava
não pequeno negócio aos artífices,
25. os quais ele ajuntou, bem como
os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta
indústria nos vem a prosperidade,
26. e estais vendo e ouvindo que não
é só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desviado
muita gente, dizendo não serem deuses os que são feitos por mãos
humanas.
27. E não somente há perigo de que esta nossa profissão caia
em descrédito, mas também que o templo da grande deusa Diana seja estimado em
nada, vindo mesmo a ser destituída da sua majestade aquela a quem toda a Ásia e
o mundo adoram.
28. Ao ouvirem isso, encheram-se de ira, e clamavam,
dizendo: Grande é a Diana dos efésios!
29. A cidade encheu-se de
confusão, e todos à uma correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco,
macedônios, companheiros de Paulo na viagem.
30. Querendo Paulo
apresentar-se ao povo, os discípulos não lho permitiram.
31. Também
alguns dos asiarcas, sendo amigos dele, mandaram rogar-lhe que não se arriscasse
a ir ao teatro.
32. Uns, pois, gritavam de um modo, outros de outro;
porque a assembléia estava em confusão, e a maior parte deles nem sabia por que
causa se tinham ajuntado.
33. Então tiraram dentre a turba a
Alexandre, a quem os judeus impeliram para a frente; e Alexandre, acenando com a
mão, queria apresentar uma defesa ao povo.
34. Mas quando perceberam
que ele era judeu, todos a uma voz gritaram por quase duas horas: Grande é a
Diana dos efésios!
35. Havendo o escrivão conseguido apaziguar a
turba, disse: Varões efésios, que homem há que não saiba que a cidade dos
efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que caiu de
Júpiter?
36. Ora, visto que estas coisas não podem ser contestadas,
convém que vos aquieteis e nada façais precipitadamente.
37. Porque
estes homens que aqui trouxestes, nem são sacrílegos nem blasfemadores da nossa
deusa.
38. Todavia, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm
alguma queixa contra alguém, os tribunais estão abertos e há procônsules: que se
acusem uns aos outros.
39. E se demandais alguma outra coisa,
averiguar-se-á em legítima assembléia.
40. Pois até corremos perigo de
sermos acusados de sedição pelos acontecimentos de hoje, não havendo motivo
algum com que possamos justificar este ajuntamento.
41. E, tendo dito
isto, despediu a assembléia.
[Atos 20]Atos
20
1. Depois que cessou o alvoroço, Paulo mandou chamar
os discípulos e, tendo-os exortado, despediu-se e partiu para a
Macedônia.
2. E, havendo andado por aquelas regiões, exortando os
discípulos com muitas palavras, veio à Grécia.
3. Depois de passar ali
três meses, visto terem os judeus armado uma cilada contra ele quando ia
embarcar para a Síria, determinou voltar pela Macedônia.
4.
Acompanhou-o Sópater de Beréia, filho de Pirro; bem como dos de Tessalônica,
Aristarco e Segundo; Gaio de Derbe e Timóteo; e dos da Ásia, Tíquico e
Trófimo.
5. Estes porém, foram adiante e nos esperavam em
Trôade.
6. E nós, depois dos dias dos pães ázimos, navegamos de
Filipos, e em cinco dias fomos ter com eles em Trôade, onde nos detivemos sete
dias.
7. No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir
o pão, Paulo, que havia de sair no dia seguinte, falava com eles, e prolongou o
seu discurso até a meia-noite.
8. Ora, havia muitas luzes no cenáculo
onde estávamos reunidos.
9. E certo jovem, por nome Êutico, que estava
sentado na janela, tomado de um sono profundo enquanto Paulo prolongava ainda
mais o seu sermão, vencido pelo sono caiu do terceiro andar abaixo, e foi
levantado morto.
10. Tendo Paulo descido, debruçou-se sobre ele e,
abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, pois a sua alma está nele.
11.
Então subiu, e tendo partido o pão e comido, ainda lhes falou largamente até o
romper do dia; e assim partiu.
12. E levaram vivo o jovem e ficaram
muito consolados.
13. Nós, porém, tomando a dianteira e embarcando,
navegamos para Assôs, onde devíamos receber a Paulo, porque ele, havendo de ir
por terra, assim o ordenara.
14. E, logo que nos alcançou em Assôs,
recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene;
15. e navegando dali, chegamos
no dia imediato defronte de Quios, no outro aportamos a Samos e e tendo-nos
demorado em Trogílio, chegamos, no dia seguinte a Mileto.
16. Porque
Paulo havia determinado passar ao largo de Éfeso, para não se demorar na Ásia;
pois se apressava para estar em Jerusalém no dia de Pentecostes, se lhe fosse
possível.
17. De Mileto mandou a Éfeso chamar os anciãos da
igreja.
18. E, tendo eles chegado, disse-lhes: Vós bem sabeis de que
modo me tenho portado entre vós sempre, desde o primeiro dia em que entrei na
Ásia,
19. servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e
provações que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram;
20. como não me
esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente
e de casa em casa,
21. testificando, tanto a judeus como a gregos, o
arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.
22. Agora,
eis que eu, constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém, não sabendo o que ali
acontecerá,
23. senão o que o Espírito Santo me testifica, de cidade
em cidade, dizendo que me esperam prisões e tribulações,
24. mas em
nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contando que complete a minha
carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do
evangelho da graça de Deus.
25. E eis agora, sei que nenhum de vós,
por entre os quais passei pregando o reino de Deus, jamais tornará a ver o meu
rosto.
26. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do
sangue de todos.
27. Porque não me esquivei de vos anunciar todo o
conselho de Deus.
28. Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja
de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.
29. Eu sei que
depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão
rebanho,
30. e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando
coisas perversas para atrair os discípulos após si.
31. Portanto
vigiai, lembrando-vos de que por três anos não cessei noite e dia de admoestar
com lágrimas a cada um de vós.
32. Agora pois, vos encomendo a Deus e
à palavra da sua graça, àquele que é poderoso para vos edificar e dar herança
entre todos os que são santificados.
33. De ninguém cobicei prata, nem
ouro, nem vestes.
34. Vós mesmos sabeis que estas mãos proveram as
minhas necessidades e as dos que estavam comigo.
35. Em tudo vos dei o
exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando
as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais
bem-aventurada é dar do que receber.
36. Havendo dito isto, pôs-se de
joelhos, e orou com todos eles.
37. E levantou-se um grande pranto
entre todos, e lançando-se ao pescoço de Paulo, beijavam-no.
38.
Entristecendo-se principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o
seu rosto. E eles o acompanharam até o navio.
[Atos 21]Atos 21
1. E assim aconteceu que,
separando-nos deles, navegamos e, correndo em direitura, chegamos a Cós, e no
dia seguinte a Rodes, e dali a Pátara.
2. Achando um navio que seguia
para a Fenícia, embarcamos e partimos.
3. E quando avistamos Chipre,
deixando-a á esquerda, navegamos para a Síria e chegamos a Tiro, pois o navio
havia de ser descarregado ali.
4. Havendo achado os discípulos,
demoramo-nos ali sete dias; e eles pelo Espírito diziam a Paulo que não subisse
a Jerusalém.
5. Depois de passarmos ali aqueles dias, saímos e
seguimos a nossa viagem, acompanhando-nos todos, com suas mulheres e filhos, até
fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos,
6. e
despedindo-nos uns dos outros, embarcamos, e eles voltaram para
casa.
7. Concluída a nossa viagem de Tiro, chegamos a Ptolemaida; e,
havendo saudado os irmãos, passamos um dia com eles.
8. Partindo no
dia seguinte, fomos a Cesaréia; e entrando em casa de Felipe, o evangelista, que
era um dos sete, ficamos com ele.
9. Tinha este quatro filhas virgens
que profetizavam.
10. Demorando-nos ali por muitos dias, desceu da
Judéia um profeta, de nome Ágabo;
11. e vindo ter conosco, tomou a
cinta de Paulo e, ligando os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o
Espírito Santo: Assim os judeus ligarão em Jerusalém o homem a quem pertence
esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.
12. Quando ouvimos
isto, rogamos-lhe, tanto nós como os daquele lugar, que não subisse a
Jerusalém.
13. Então Paulo respondeu: Que fazeis chorando e
magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a
morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.
14. E, como não se
deixasse persuadir, dissemos: Faça-se a vontade do Senhor; e
calamo-nos.
15. Depois destes dias, havendo feito os preparativos,
fomos subindo a Jerusalém.
16. E foram também conosco alguns
discípulos de Cesaréia, levando consigo um certo Mnáson, cíprio, discípulo
antigo, com quem nos havíamos de hospedar.
17. E chegando nós a
Jerusalém, os irmãos nos receberam alegremente.
18. No dia seguinte
Paulo foi em nossa companhia ter com Tiago, e compareceram todos os
anciãos.
19. E, havendo-os saudado, contou-lhes uma por uma as coisas
que por seu ministério Deus fizera entre os gentios.
20. Ouvindo eles
isto, glorificaram a Deus, e disseram-lhe: Bem vês, irmãos, quantos milhares há
entre os judeus que têm crido, e todos são zelosos da lei.
21. Têm
sido informados a teu respeito que ensinas todos os judeus que estão entre os
gentios a se apartarem de Moisés, dizendo que não circuncidem seus filhos, nem
andem segundo os costumes da lei.
22. Que se há de fazer, pois?
Certamente saberão que és chegado.
23. Faze, pois, o que te vamos
dizer: Temos quatro homens que fizeram voto;
24. toma estes contigo, e
santifica-te com eles, e faze por eles as despesas para que rapem a cabeça; e
saberão todos que é falso aquilo de que têm sido informados a teu respeito, mas
que também tu mesmo andas corretamente, guardando a lei.
25. Todavia,
quanto aos gentios que têm crido já escrevemos, dando o parecer que se abstenham
do que é sacrificado a os ídolos, do sangue, do sufocado e da
prostituição.
26. Então Paulo, no dia seguinte, tomando consigo
aqueles homens, purificou-se com eles e entrou no templo, notificando o
cumprimento dos dias da purificação, quando seria feita a favor de cada um deles
a respectiva oferta.
27. Mas quando os sete dias estavam quase a
terminar, os judeus da Ásia, tendo-o visto no templo, alvoroçaram todo o povo e
agarraram-no,
28. clamando: Varões israelitas, acudi; este é o homem
que por toda parte ensina a todos contra o povo, contra a lei, e contra este
lugar; e ainda, além disso, introduziu gregos no templo, e tem profanado este
santo lugar.
29. Antes tinham visto com ele na cidade a Trófimo de
Éfeso, e pensavam que Paulo o introduzira no templo.
30. Alvoroçou-se
toda a cidade, e houve ajuntamento do povo; e agarrando a Paulo, arrastaram-no
para fora do templo, e logo as portas se fecharam.
31. E, procurando
eles matá-lo, chegou ao comandante da corte o aviso de que Jerusalém estava toda
em confusão;
32. o qual, tomando logo consigo soldados e centuriões,
correu para eles; e quando viram o comandante e os soldados, cessaram de
espancar a Paulo.
33. Então aproximando-se o comandante, prendeu-o e
mandou que fosse acorrentado com duas cadeias, e perguntou quem era e o que
tinha feito.
34. E na multidão uns gritavam de um modo, outros de
outro; mas, não podendo por causa do alvoroço saber a verdade, mandou conduzi-lo
à fortaleza.
35. E sucedeu que, chegando às escadas, foi ele carregado
pelos soldados por causa da violência da turba.
36. Pois a multidão o
seguia, clamando: Mata-o!
37. Quando estava para ser introduzido na
fortaleza, disse Paulo ao comandante: É-me permitido dizer-te alguma coisa?
Respondeu ele: Sabes o grego?
38. Não és porventura o egípcio que há
poucos dias fez uma sedição e levou ao deserto os quatro mil
sicários?
39. Mas Paulo lhe disse: Eu sou judeu, natural de Tarso,
cidade não insignificante da Cilícia; rogo-te que me permitas falar ao
povo.
40. E, havendo-lho permitido o comandante, Paulo, em pé na
escada, fez sinal ao povo com a mão; e, feito grande silêncio, falou em língua
hebraica, dizendo:
[Atos 22]Atos
22
1. Irmãos e pais, ouvi a minha defesa, que agora
faço perante vós.
2. Ora, quando ouviram que lhes falava em língua
hebraica, guardaram ainda maior silêncio. E ele prosseguiu:
3. Eu sou
judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés
de Gamaliel, conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com
Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje.
4. E persegui este
Caminho até a morte, algemando e metendo em prisões tanto a homens como a
mulheres,
5. do que também o sumo sacerdote me é testemunha, e assim
todo o conselho dos anciãos; e, tendo recebido destes cartas para os irmãos,
seguia para Damasco, com o fim de trazer algemados a Jerusalém aqueles que ali
estivessem, para que fossem castigados.
6. Aconteceu, porém, que,
quando caminhava e ia chegando perto de Damasco, pelo meio-dia, de repente, do
céu brilhou-me ao redor uma grande luz.
7. Caí por terra e ouvi uma
voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
8. Eu respondi:
Quem és tu, Senhor? Disse-me: Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu
persegues.
9. E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, mas
não entenderam a voz daquele que falava comigo.
10. Então perguntei:
Senhor que farei? E o Senhor me disse: Levanta-te, e vai a Damasco, onde se te
dirá tudo o que te é ordenado fazer.
11. Como eu nada visse por causa
do esplendor daquela luz, guiado pela mão dos que estavam comigo cheguei a
Damasco.
12. Um certo Ananias, varão piedoso conforme a lei, que tinha
bom testemunho de todos os judeus que ali moravam,
13. vindo ter
comigo, de pé ao meu lado, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela
mesma hora, recobrando a vista, eu o vi.
14. Disse ele: O Deus de
nossos pais de antemão te designou para conhecer a sua vontade, ver o Justo, e
ouvir a voz da sua boca.
15. Porque hás de ser sua testemunha para com
todos os homens do que tens visto e ouvido.
16. Agora por que te
demoras? Levanta-te, batiza-te e lava os teus pecados, invocando o seu
nome.
17. Aconteceu que, tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto
orava no templo, achei-me em êxtase,
18. e vi aquele que me dizia:
Apressa-te e sai logo de Jerusalém; porque não receberão o teu testemunho acerca
de mim.
19. Disse eu: Senhor, eles bem sabem que eu encarcerava e
açoitava pelas sinagogas os que criam em ti.
20. E quando se derramava
o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentindo na
sua morte e guardando as capas dos que o matavam.
21. Disse-me ele:
Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios.
22. Ora,
escutavam-no até esta palavra, mas então levantaram a voz, dizendo: Tira do
mundo tal homem, porque não convém que viva.
23. Gritando eles e
arrojando de si as capas e lançando pó para o ar,
24. o comandante
mandou que levassem Paulo para dentro da fortaleza, ordenando que fosse
interrogado debaixo de açoites, para saber por que causa assim clamavam contra
ele.
25. Quando o haviam atado com as correias, disse Paulo ao
centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um cidadão romano, sem ser ele
condenado?
26. Ouvindo isto, foi o centurião ter com o comandante e o
avisou, dizendo: Vê o que estás para fazer, pois este homem é
romano.
27. Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano?
Respondeu ele: Sim sou.
28. Tornou o comandante: Eu por grande soma de
dinheiro adquiri este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de
nascimento.
29. Imediatamente, pois se apartaram dele aqueles que o
iam interrogar; e até o comandante, tendo sabido que Paulo era romano,
atemorizou-se porque o havia ligado.
30. No dia seguinte, querendo
saber ao certo a causa por que ele era acusado pelos judeus, soltou-o das
prisões, e mandou que se reunissem os principais sacerdotes e todo o sinédrio;
e, trazendo Paulo, apresentou-o diante deles.
[Atos 23]Atos 23
1. Fitando Paulo os olhos no
sinédrio, disse: Varões irmãos, até o dia de hoje tenho andado diante de Deus
com toda a boa consciência.
2. Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou
aos que estavam junto dele que o ferissem na boca.
3. Então Paulo lhe
disse: Deus te ferirá a ti, parede branqueada; tu estás aí sentado para
julgar-me segundo a lei, e contra a lei mandas que eu seja ferido?
4.
Os que estavam ali disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus?
5.
Disse Paulo: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito:
Não dirás mal do príncipe do teu povo.
6. Sabendo Paulo que uma parte
era de saduceus e outra de fariseus, clamou no sinédrio: Varões irmãos, eu sou
fariseu, filho de fariseus; é por causa da esperança da ressurreição dos mortos
que estou sendo julgado.
7. Ora, dizendo ele isto, surgiu dissensão
entre os fariseus e saduceus; e a multidão se dividiu.
8. Porque os
saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus
reconhecem uma e outra coisa.
9. Daí procedeu grande clamor; e
levantando-se alguns da parte dos fariseus, altercavam, dizendo: Não achamos
nenhum mal neste homem. E se algum espírito ou anjo lhe falou, não resistamos a
Deus.
10. E avolumando-se a dissenção, o comandante, temendo que Paulo
fosse por eles despedaçado, mandou que os soldados descessem e o tirassem do
meio deles e o levassem para a fortaleza.
11. Na noite seguinte,
apresentou-se-lhe o Senhor e disse: Tem bom ânimo: porque, como deste testemunho
de mim em Jerusalém, assim importa que o dês também em Roma.
12.
Quando já era dia, coligaram-se os judeus e juraram sob pena de maldição que não
comeriam nem beberiam enquanto não matassem a Paulo.
13. Eram mais de
quarenta os que fizeram esta conjuração;
14. e estes foram ter com os
principais sacerdotes e anciãos, e disseram: Conjuramo-nos sob pena de maldição
a não provarmos coisa alguma até que matemos a Paulo.
15. Agora, pois,
vós, com o sinédrio, rogai ao comandante que o mande descer perante vós como se
houvésseis de examinar com mais precisão a sua causa; e nós estamos prontos para
matá-lo antes que ele chegue.
16. Mas o filho da irmã de Paulo, tendo
sabido da cilada, foi, entrou na fortaleza e avisou a Paulo.
17.
Chamando Paulo um dos centuriões, disse: Leva este moço ao comandante, porque
tem alguma coisa que lhe comunicar.
18. Tomando-o ele, pois, levou-o
ao comandante e disse: O preso Paulo, chamando-me, pediu-me que trouxesse à tua
presença este moço, que tem alguma coisa a dizer-te.
19. O comandante
tomou-o pela mão e, retirando-se à parte, perguntou-lhe em particular: Que é que
tens a contar-me?
20. Disse ele: Os judeus combinaram rogar-te que
amanhã mandes Paulo descer ao sinédrio, como que tendo de inquirir com mais
precisão algo a seu respeito.
21. Tu, pois, não te deixes persuadir
por eles; porque mais de quarenta homens dentre eles armaram ciladas, os quais
juraram sob pena de maldição não comerem nem beberem até que o tenham morto; e
agora estão aprestados, esperando a tua promessa.
22. Então o
comandante despediu o moço, ordenando-lhe que a ninguém dissesse que lhe havia
contado aquilo.
23. Chamando dois centuriões, disse: Aprontai para a
terceira hora da noite duzentos soldados de infantaria, setenta de cavalaria e
duzentos lanceiros para irem até Cesaréia.
24. E mandou que
aparelhassem cavalgaduras para que Paulo montasse, a fim de o levarem salvo ao
governador Félix.
25. E escreveu-lhe uma carta nestes
termos:
26. Cláudio Lísias, ao excelentíssimo governador Félix,
saúde.
27. Este homem foi preso pelos judeus, e estava a ponto de ser
morto por eles quando eu sobrevim com a tropa e o livrei ao saber que era
romano.
28. Querendo saber a causa por que o acusavam, levei-o ao
sinédrio deles;
29. e achei que era acusado de questões da lei deles,
mas que nenhum crime havia nele digno de morte ou prisão.
30. E quando
fui informado que haveria uma cilada contra o homem, logo to enviei, intimando
também aos acusadores que perante ti se manifestem contra ele. Passa
bem.
31. Os soldados, pois, conforme lhes fora mandado, tomando a
Paulo, o levaram de noite a Antipátride.
32. Mas no dia seguinte,
deixando aos de cavalaria irem com ele, voltaram à fortaleza;
33. os
quais, logo que chegaram a Cesaréia e entregaram a carta ao governador,
apresentaram-lhe também Paulo.
34. Tendo lido a carta, o governador
perguntou de que província ele era; e, sabendo que era da Cilícia,
disse:
35. Ouvir-te-ei quando chegarem também os teus acusadores; e
mandou que fosse guardado no pretório de Herodes.
[Atos 24]Atos 24
1. Cinco dias depois o sumo
sacerdote Ananias desceu com alguns anciãos e um certo Tertulo, orador, os quais
fizeram, perante o governador, queixa contra Paulo.
2. Sendo este
chamado, Tertulo começou a acusá-lo, dizendo:
3. Visto que por ti
gozamos de muita paz e por tua providência são continuamente feitas reformas
nesta nação, em tudo e em todo lugar reconhecemo-lo com toda a gratidão, ó
excelentíssimo Félix.
4. Mas, para que não te detenha muito rogo-te
que, conforme a tua eqüidade, nos ouças por um momento.
5. Temos
achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus,
por todo o mundo, e chefe da seita dos nazarenos;
6. o qual tentou
profanar o templo; e nós o prendemos, e conforme a nossa lei o quisemos
julgar.
7. Mas sobrevindo o comandante Lísias no-lo tirou dentre as
mãos com grande violência,
8. mandando aos acusadores que viessem a
ti; e dele tu mesmo, examinando-o, poderás certificar-te de tudo aquilo de que o
acusamos.
9. Os judeus também concordam na acusação, afirmando que
estas coisas eram assim.
10. Paulo, tendo-lhe o governador feito sinal
que falasse, respondeu: Porquanto sei que há muitos anos és juiz sobre esta
nação, com bom ânimo faço a minha defesa,
11. pois bem podes verificar
que não há mais de doze dias subi a Jerusalém para adorar,
12. e que
não me acharam no templo discutindo com alguém nem amotinando o povo, quer nas
sinagogas quer na cidade.
13. Nem te podem provar as coisas de que
agora me acusam.
14. Mas confesso-te isto: que, seguindo o caminho a
que eles chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto
está escrito na lei e nos profetas.
15. Tendo esperança em Deus, como
estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos
como dos injustos.
16. Por isso procuro sempre ter uma consciência sem
ofensas diante de Deus e dos homens.
17. Vários anos depois vim trazer
à minha nação esmolas e ofertas.
18. Ocupado nestas coisas, me acharam
já santificado no templo não em ajuntamento, nem com tumulto, alguns judeus da
Ásia,
19. os quais deviam comparecer diante de ti e acusar-me se
tivessem alguma coisa contra mim;
20. ou estes mesmos digam que
iniquidade acharam, quando compareci perante o sinédrio,
21. a não ser
acerca desta única palavra que, estando no meio deles, bradei: Por causa da
ressurreição dos mortos é que hoje estou sendo julgado por vós.
22.
Félix, porém, que era bem informado a respeito do Caminho, adiou a questão,
dizendo: Quando o comandante Lísias tiver descido, então tomarei inteiro
conhecimento da vossa causa.
23. E ordenou ao centurião que Paulo
ficasse detido, mas fosse tratado com brandura e que a nenhum dos seus proibisse
servi-lo.
24. Alguns dias depois, vindo Félix com sua mulher Drusila,
que era judia, mandou chamar a Paulo, e ouviu-o acerca da fé em Cristo
Jesus.
25. E discorrendo ele sobre a justiça, o domínio próprio e o
juízo vindouro, Félix ficou atemorizado e respondeu: Por ora vai-te, e quando
tiver ocasião favorável, eu te chamarei.
26. Esperava ao mesmo tempo
que Paulo lhe desse dinheiro, pelo que o mandava chamar mais freqüentemente e
conversava com ele.
27. Mas passados dois anos, teve Félix por
sucessor a Pórcio Festo; e querendo Félix agradar aos judeus, deixou a Paulo
preso.
[Atos 25]Atos 25
1.
Tendo, pois, entrado Festo na província, depois de três dias subiu de Cesaréia a
Jerusalém.
2. E os principais sacerdotes e os mais eminentes judeus
fizeram-lhe queixa contra Paulo e, em detrimento deste,
3. lhe rogavam
o favor de o mandar a Jerusalém, armando ciladas para o matarem no
caminho.
4. Mas Festo respondeu que Paulo estava detido em Cesaréia, e
que ele mesmo brevemente partiria para lá.
5. Portanto, disse ele às
autoridades dentre vós desçam comigo e, se há nesse homem algum crime,
acusem-no.
6. Tendo-se demorado entre eles não mais de oito ou dez
dias, desceu a Cesaréia; e no dia seguinte, sentando-se no tribunal, mandou
trazer Paulo.
7. Tendo ele comparecido, rodearam-no os judeus que
haviam descido de Jerusalém, trazendo contra ele muitas e graves acusações, que
não podiam provar.
8. Paulo, porém, respondeu em sua defesa: Nem
contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César, tenho pecado em
coisa alguma.
9. Todavia Festo, querendo agradar aos judeus,
respondendo a Paulo, disse: Queres subir a Jerusalém e ali ser julgado perante
mim acerca destas coisas?
10. Mas Paulo disse: Estou perante o
tribunal de César, onde devo ser julgado; nenhum mal fiz aos judeus, como muito
bem sabes.
11. Se, pois, sou malfeitor e tenho cometido alguma coisa
digna de morte, não recuso morrer; mas se nada há daquilo de que estes me
acusam, ninguém me pode entregar a eles; apelo para César.
12. Então
Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César; para César
irás.
13. Passados alguns dias, o rei Agripa e Berenice vieram a
Cesaréia em visita de saudação a Festo.
14. E, como se demorassem ali
muitos dias, Festo expôs ao rei o caso de Paulo, dizendo: Há aqui certo homem
que foi deixado preso por Félix,
15. a respeito do qual, quando estive
em Jerusalém, os principais sacerdotes e os anciãos dos judeus me fizeram
queixas, pedindo sentença contra ele;
16. aos quais respondi que não é
costume dos romanos condenar homem algum sem que o acusado tenha presentes os
seus acusadores e possa defender-se da acusação.
17. Quando então eles
se haviam reunido aqui, sem me demorar, no dia seguinte sentei-me no tribunal e
mandei trazer o homem;
18. contra o qual os acusadores, levantando-se,
não apresentaram acusação alguma das coisas perversas que eu
suspeitava;
19. tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da
sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar
vivo.
20. E, estando eu perplexo quanto ao modo de investigar estas
coisas, perguntei se não queria ir a Jerusalém e ali ser julgado no tocante às
mesmas.
21. Mas apelando Paulo para que fosse reservado ao julgamento
do imperador, mandei que fosse detido até que o enviasse a César.
22.
Então Agripa disse a Festo: Eu bem quisera ouvir esse homem. Respondeu-lhe ele:
Amanhã o ouvirás.
23. No dia seguinte vindo Agripa e Berenice, com
muito aparato, entraram no auditório com os chefes militares e homens principais
da cidade; então, por ordem de Festo, Paulo foi trazido.
24. Disse
Festo: Rei Agripa e vós todos que estais presentes conosco, vedes este homem por
causa de quem toda a multidão dos judeus, tanto em Jerusalém como aqui, recorreu
a mim, clamando que não convinha que ele vivesse mais.
25. Eu, porém,
achei que ele não havia praticado coisa alguma digna de morte; mas havendo ele
apelado para o imperador, resolvi remeter-lho.
26. Do qual não tenho
coisa certa que escreva a meu senhor, e por isso perante vós o trouxe,
principalmente perante ti, ó rei Agripa, para que, depois de feito o
interrogatório, tenha eu alguma coisa que escrever.
27. Porque não me
parece razoável enviar um preso, e não notificar as acusações que há contra
ele.
[Atos 26]Atos 26
1. Depois
Agripa disse a Paulo: É-te permitido fazer a tua defesa. Então Paulo, estendendo
a mão, começou a sua defesa:
2. Sinto-me feliz, ó rei Agripa, em poder
defender-me hoje perante ti de todas as coisas de que sou acusado pelos
judeus;
3. mormente porque és versado em todos os costumes e questões
que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com
paciência.
4. A minha vida, pois, desde a mocidade, o que tem sido
sempre entre o meu povo e em Jerusalém, sabem-na todos os judeus,
5.
pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que,
conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
6. E
agora estou aqui para ser julgado por causa da esperança da promessa feita por
Deus a nossos pais,
7. a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus
fervorosamente noite e dia, esperam alcançar; é por causa desta esperança, ó
rei, que eu sou acusado pelos judeus.
8. Por que é que se julga entre
vós incrível que Deus ressuscite os mortos?
9. Eu, na verdade, cuidara
que devia praticar muitas coisas contra o nome de Jesus, o
nazareno;
10. o que, com efeito, fiz em Jerusalém. Pois havendo
recebido autoridade dos principais dos sacerdotes, não somente encerrei muitos
dos santos em prisões, como também dei o meu voto contra eles quando os
matavam.
11. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas,
obrigava-os a blasfemar; e enfurecido cada vez mais contra eles, perseguia-os
até nas cidades estrangeiras.
12. Indo com este encargo a Damasco,
munido de poder e comissão dos principais sacerdotes,
13. ao meio-dia,
ó rei vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol,
resplandecendo em torno de mim e dos que iam comigo.
14. E, caindo nós
todos por terra, ouvi uma voz que me dizia em língua hebráica: Saulo, Saulo, por
que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.
15.
Disse eu: Quem és, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu
persegues;
16. mas levanta-te e põe-te em pé; pois para isto te
apareci, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas em que me tens
visto como daquelas em que te hei de aparecer;
17. livrando-te deste
povo e dos gentios, aos quais te envio,
18. para lhes abrir os olhos a
fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que
recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé
em mim.
19. Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão
celestial,
20. antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco,
e depois em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia e também aos gentios, que se
arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de
arrependimento.
21. Por causa disto os judeus me prenderam no templo e
procuravam matar-me.
22. Tendo, pois, alcançado socorro da parte de
Deus, ainda até o dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como
a grandes, não dizendo nada senão o que os profetas e Moisés disseram que devia
acontecer;
23. isto é, como o Cristo devia padecer, e como seria ele o
primeiro que, pela ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e
também aos gentios.
24. Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse
Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem
delirar.
25. Mas Paulo disse: Não deliro, ó excelentíssimo Festo,
antes digo palavras de verdade e de perfeito juízo.
26. Porque o rei,
diante de quem falo com liberdade, sabe destas coisas, pois não creio que nada
disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto.
27. Crês
tu nos profetas, ó rei Agripa? Sei que crês.
28. Disse Agripa a Paulo:
Por pouco me persuades a fazer-me cristão.
29. Respondeu Paulo:
Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos
quantos hoje me ouvem, se tornassem tais qual eu sou, menos estas
cadeias.
30. E levantou-se o rei, e o governador, e Berenice, e os que
com eles estavam sentados,
31. e retirando-se falavam uns com os
outros, dizendo: Este homem não fez nada digno de morte ou prisão.
32.
Então Agripa disse a Festo: Este homem bem podia ser solto, se não tivesse
apelado para César.
[Atos 27]Atos
27
1. E, como se determinou que navegássemos para a
Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião por nome Júlio,
da corte augusta.
2. E, embarcando em um navio de Adramítio, que
estava prestes a navegar em demanda dos portos pela costa da Ásia, fizemo-nos ao
mar, estando conosco Aristarco, macedônio de Tessalônica.
3. No dia
seguinte chegamos a Sidom, e Júlio, tratando Paulo com bondade, permitiu-lhe ir
ver os amigos e receber deles os cuidados necessários.
4. Partindo
dali, fomos navegando a sotavento de Chipre, porque os ventos eram
contrários.
5. Tendo atravessado o mar ao longo da Cilícia e Panfília,
chegamos a Mirra, na Lícia.
6. Ali o centurião achou um navio de
Alexandria que navegava para a Itália, e nos fez embarcar nele.
7.
Navegando vagarosamente por muitos dias, e havendo chegado com dificuldade
defronte de Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos a
sotavento de Creta, à altura de Salmone;
8. e, costeando-a com
dificuldade, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a
cidade de Laséia.
9. Havendo decorrido muito tempo e tendo-se tornado
perigosa a navegação, porque já havia passado o jejum, Paulo os
advertia,
10. dizendo-lhes: Senhores, vejo que a viagem vai ser com
avaria e muita perda não só para a carga e o navio, mas também para as nossas
vidas.
11. Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao dono do
navio do que às coisas que Paulo dizia.
12. E não sendo o porto muito
próprio para invernar, os mais deles foram de parecer que daí se fizessem ao mar
para ver se de algum modo podiam chegar a Fênice, um porto de Creta que olha
para o nordeste e para o sueste, para ali invernar.
13. Soprando
brandamente o vento sul, e supondo eles terem alcançado o que desejavam,
levantaram ferro e iam costeando Creta bem de perto.
14. Mas não muito
depois desencadeou-se do lado da ilha um tufão de vento chamado
euro-aquilão;
15. e, sendo arrebatado o navio e não podendo navegar
contra o vento, cedemos à sua força e nos deixávamos levar.
16.
Correndo a sota-vento de uma pequena ilha chamada Clauda, somente a custo
pudemos segurar o batel,
17. o qual recolheram, usando então os meios
disponíveis para cingir o navio; e, temendo que fossem lançados na Sirte,
arriaram os aparelhos e se deixavam levar.
18. Como fôssemos
violentamente açoitados pela tempestade, no dia seguinte começaram a alijar a
carga ao mar.
19. E ao terceiro dia, com as próprias mãos lançaram os
aparelhos do navio.
20. Não aparecendo por muitos dia nem sol nem
estrelas, e sendo nós ainda batidos por grande tempestade, fugiu-nos afinal toda
a esperança de sermos salvos.
21. Havendo eles estado muito tempo sem
comer, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Senhores, devíeis ter-me
ouvido e não ter partido de Creta, para evitar esta avaria e
perda.
22. E agora vos exorto a que tenhais bom ânimo, pois não se
perderá vida alguma entre vós, mas somente o navio.
23. Porque esta
noite me apareceu um anjo do Deus de quem eu sou e a quem sirvo,
24.
dizendo: Não temas, Paulo, importa que compareças perante César, e eis que Deus
te deu todos os que navegam contigo.
25. Portanto, senhores, tende bom
ânimo; pois creio em Deus que há de suceder assim como me foi
dito.
26. Contudo é necessário irmos dar em alguma ilha.
27.
Quando chegou a décima quarta noite, sendo nós ainda impelidos pela tempestade
no mar de Ádria, pela meia-noite, suspeitaram os marinheiros a proximidade de
terra;
28. e lançando a sonda, acharam vinte braças; passando um pouco
mais adiante, e tornando a lançar a sonda, acharam quinze braças.
29.
Ora, temendo irmos dar em rochedos, lançaram da popa quatro âncoras, e esperaram
ansiosos que amanhecesse.
30. Procurando, entrementes, os marinheiros
fugir do navio, e tendo arriado o batel ao mar sob pretexto de irem lançar
âncoras pela proa,
31. disse Paulo ao centurião e aos soldados: Se
estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos.
32. Então os
soldados cortaram os cabos do batel e o deixaram cair.
33. Enquanto
amanhecia, Paulo rogava a todos que comessem alguma coisa, dizendo: É já hoje o
décimo quarto dia que esperais e permaneceis em jejum, não havendo provado coisa
alguma.
34. Rogo-vos, portanto, que comais alguma coisa, porque disso
depende a vossa segurança; porque nem um cabelo cairá da cabeça de qualquer de
vós.
35. E, havendo dito isto, tomou o pão, deu graças a Deus na
presença de todos e, partindo-o começou a comer.
36. Então todos
cobraram ânimo e se puseram também a comer.
37. Éramos ao todo no
navio duzentas e setenta e seis almas.
38. Depois de saciados com a
comida, começaram a aliviar o navio, alijando o trigo no mar.
39.
Quando amanheceu, não reconheciam a terra; divisavam, porém, uma enseada com uma
praia, e consultavam se poderiam nela encalhar o navio.
40. Soltando
as âncoras, deixaram-nas no mar, largando ao mesmo tempo as amarras do leme; e,
içando ao vento a vela da proa, dirigiram-se para a praia.
41. Dando,
porém, num lugar onde duas correntes se encontravam, encalharam o navio; e a
proa, encravando-se, ficou imóvel, mas a popa se desfazia com a força das
ondas.
42. Então o parecer dos soldados era que matassem os presos
para que nenhum deles fugisse, escapando a nado.
43. Mas o centurião,
querendo salvar a Paulo, estorvou-lhes este intento; e mandou que os que
pudessem nadar fossem os primeiros a lançar-se ao mar e alcançar a
terra;
44. e que os demais se salvassem, uns em tábuas e outros em
quaisquer destroços do navio. Assim chegaram todos à terra salvos.
[Atos
28]Atos 28
1. Estando já salvos,
soubemos então que a ilha se chamava Malta.
2. Os indígenas usaram
conosco de não pouca humanidade; pois acenderam uma fogueira e nos recolheram a
todos por causa da chuva que caía, e por causa do frio.
3. Ora havendo
Paulo ajuntado e posto sobre o fogo um feixe de gravetos, uma víbora, fugindo do
calor, apegou-se-lhe à mão.
4. Quando os indígenas viram o réptil
pendente da mão dele, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida,
pois, embora salvo do mar, a Justiça não o deixa viver.
5. Mas ele,
sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal nenhum.
6. Eles, porém,
esperavam que Paulo viesse a inchar ou a cair morto de repente; mas tendo
esperado muito tempo e vendo que nada de anormal lhe sucedia, mudaram de parecer
e diziam que era um deus.
7. Ora, nos arredores daquele lugar havia
umas terras que pertenciam ao homem principal da ilha, por nome Públio, o qual
nos recebeu e hospedou bondosamente por três dias.
8. Aconteceu estar
de cama, enfermo de febre e disenteria, o pai de Públio; Paulo foi visitá-lo, e
havendo orado, impôs-lhe as mãos, e o curou.
9. Feito isto, vinham
também os demais enfermos da ilha, e eram curados;
10. e estes nos
distinguiram com muitas honras; e, ao embarcarmos, puseram a bordo as coisas que
nos eram necessárias.
11. Passados três meses, partimos em um navio de
Alexandria que invernara na ilha, o qual tinha por insígnia Castor e
Pólux.
12. E chegando a Siracusa, ficamos ali três dias;
13.
donde, costeando, viemos a Régio; e, soprando no dia seguinte o vento sul,
chegamos em dois dias a Putéoli,
14. onde, achando alguns irmãos,
fomos convidados a ficar com eles sete dias; e depois nos dirigimos a
Roma.
15. Ora, os irmãos da lá, havendo recebido notícias nossas,
vieram ao nosso encontro até a praça de Ápio e às Três Vendas, e Paulo, quando
os viu, deu graças a Deus e cobrou ânimo.
16. Quando chegamos a Roma,
o centurião entregou os presos ao general do exército, mas, a Paulo se lhe
permitiu morar à parte, com o soldado que o guardava.
17. Passados
três dias, ele convocou os principais dentre os judeus; e reunidos eles,
disse-lhes: Varões irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os
ritos paternos, vim contudo preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos
romanos;
18. os quais, havendo-me interrogado, queriam soltar-me, por
não haver em mim crime algum que merecesse a morte.
19. Mas opondo-se
a isso os judeus, vi-me obrigado a apelar para César, não tendo, contudo, nada
de que acusar a minha nação.
20. Por esta causa, pois, vos convidei,
para vos ver e falar; porque pela esperança de Israel estou preso com esta
cadeia.
21. Mas eles lhe disseram: Nem recebemos da Judéia cartas a
teu respeito, nem veio aqui irmão algum que contasse ou dissesse mal de
ti.
22. No entanto bem quiséramos ouvir de ti o que pensas; porque,
quanto a esta seita, notório nos é que em toda parte é impugnada.
23.
Havendo-lhe eles marcado um dia, muitos foram ter com ele à sua morada, aos
quais desde a manhã até a noite explicava com bom testemunho o reino de Deus e
procurava persuadí-los acerca de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos
profetas.
24. Uns criam nas suas palavras, mas outros as
rejeitavam.
25. E estando discordes entre si, retiraram-se, havendo
Paulo dito esta palavra: Bem falou o Espírito Santo aos vossos pais pelo profeta
Isaías,
26. dizendo: Vai a este povo e dize: Ouvindo, ouvireis, e de
maneira nenhuma entendereis; e vendo, vereis, e de maneira nenhuma
percebereis.
27. Porque o coração deste povo se endureceu, e com os
ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos; para que não vejam com os
olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração nem se convertam e
eu os cure.
28. Seja-vos pois notório que esta salvação de Deus é
enviada aos gentios, e eles ouvirão.
29. E, havendo ele dito isto,
partiram os judeus, tendo entre si grande contenda.
30. E morou dois
anos inteiros na casa que alugara, e recebia a todos os que o
visitavam,
31. pregando o reino de Deus e ensinando as coisas
concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento
algum.
[Romanos 1]Romanos 1
1.
Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o
evangelho de Deus,
2. que ele antes havia prometido pelos seus
profetas nas santas Escrituras,
3. acerca de seu Filho, que nasceu da
descendência de Davi segundo a carne,
4. e que com poder foi declarado
Filho de Deus segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dentre os
mortos-Jesus Cristo nosso Senhor,
5. pelo qual recebemos a graça e o
apostolado, por amor do seu nome, para a obediência da fé entre todos os
gentios,
6. entre os quais sois também vós chamados para serdes de
Jesus Cristo;
7. a todos os que estais em Roma, amados de Deus,
chamados para serdes santos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do
Senhor Jesus Cristo.
8. Primeiramente dou graças ao meu Deus, mediante
Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo é anunciada a vossa
fé.
9. Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu
Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós,
10.
pedindo sempre em minhas orações que, afinal, pela vontade de Deus, se me
ofereça boa ocasião para ir ter convosco.
11. Porque desejo muito
ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais
fortalecidos;
12. isto é, para que juntamente convosco eu seja
consolado em vós pela fé mútua, vossa e minha.
13. E não quero que
ignoreis, irmãos, que muitas vezes propus visitar-vos (mas até agora tenho sido
impedido), para conseguir algum fruto entre vós, como também entre os demais
gentios.
14. Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a
sábios como a ignorantes.
15. De modo que, quanto está em mim, estou
pronto para anunciar o evangelho também a vós que estais em Roma.
16.
Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de
todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
17. Porque
no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas
o justo viverá da fé.
18. Pois do céu é revelada a ira de Deus contra
toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em
injustiça.
19. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se
manifesta, porque Deus lho manifestou.
20. Pois os seus atributos
invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a
criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles
são inescusáveis;
21. porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se
desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
22. Dizendo-se
sábios, tornaram-se estultos,
23. e mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de
quadrúpedes, e de répteis.
24. Por isso Deus os entregou, nas
concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos
desonrados entre si;
25. pois trocaram a verdade de Deus pela mentira,
e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito
eternamente. Amém.
26. Pelo que Deus os entregou a paixões infames.
Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à
natureza;
27. semelhantemente, também os varões, deixando o uso
natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros,
varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa
do seu erro.
28. E assim como eles rejeitaram o conhecimento de Deus,
Deus, por sua vez, os entregou a um sentimento depravado, para fazerem coisas
que não convêm;
29. estando cheios de toda a injustiça, malícia,
cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, dolo,
malignidade;
30. sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de
Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao
pais;
31. néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem
misericórdia;
32. os quais, conhecendo bem o decreto de Deus, que
declara dignos de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas
também aprovam os que as praticam.
[Romanos 2]Romanos
2
1. Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que
sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a
outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo.
2. E bem sabemos que o
juízo de Deus é segundo a verdade, contra os que tais coisas
praticam.
3. E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas,
cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?
4. Ou desprezas
tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a
benignidade de Deus te conduz ao arrependimento?
5. Mas, segundo a tua
dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da
revelação do justo juízo de Deus,
6. que retribuirá a cada um segundo
as suas obras;
7. a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em
favor o bem, procuram glória, e honra e incorrupção;
8. mas ira e
indignação aos que são contenciosos, e desobedientes à iniqüidade;
9.
tribulação e angústia sobre a alma de todo homem que pratica o mal,
primeiramente do judeu, e também do grego;
10. glória, porém, e honra
e paz a todo aquele que pratica o bem, primeiramente ao judeu, e também ao
grego;
11. pois para com Deus não há acepção de pessoas.
12.
Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que
sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.
13. Pois não são justos
diante de Deus os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a
lei
14. (porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem por
natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são
lei.
15. pois mostram a obra da lei escrita em seus corações,
testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer
acusando-os, quer defendendo-os),
16. no dia em que Deus há de julgar
os segredos dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho.
17.
Mas se tu és chamado judeu, e repousas na lei, e te glorias em
Deus;
18. e conheces a sua vontade e aprovas as coisas excelentes,
sendo instruído na lei;
19. e confias que és guia dos cegos, luz dos
que estão em trevas,
20. instruidor dos néscios, mestre de crianças,
que tens na lei a forma da ciência e da verdade;
21. tu, pois, que
ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve
furtar, furtas?
22. Tu, que dizes que não se deve cometer adultério,
adulteras? Tu, que abominas os ídolos, roubas os templos?
23. Tu, que
te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?
24. Assim
pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está
escrito.
25. Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se
guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se
tornado em incircuncisão.
26. Se, pois, a incircuncisão guardar os
preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como
circuncisão?
27. E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a
lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da
lei.
28. Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão
a que o é exteriormente na carne.
29. Mas é judeu aquele que o é
interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na letra; cujo
louvor não provém dos homens, mas de Deus.
[Romanos 3]Romanos 3
1. Que vantagem, pois, tem o
judeu? ou qual a utilidade da circuncisão?
2. Muita, em todo sentido;
primeiramente, porque lhe foram conf